Todos os anos, é publicado o índice internacional sobre a “perceção” da corrupção no mundo, por país.
Não se trata de um índice da corrupção efetiva detetada, de casos julgados, de condenações. É apenas uma escala feita à luz “do que parece”, sob certos critérios, com toda a subjetividade que um artigo escrito há dias por uma figura da justiça, que aqui se reproduz, bem esclarece. (Não tenho por hábito, por isso não ser correto, reproduzir textos de jornais, mas, por uma vez, peço a indulgência do “Público”.)
Segundo o quadro, num universo de 180 países, há 32 em que “parece” que a corrupção é menor do que em Portugal - pelo que, a contrario, há 147 países do mundo onde a corrupção “parece” ser maior do que entre nós. No âmbito da União Europeia, Portugal situa-se, pela positiva, acima da média.
Estamos mal? Estamos bem? Cada um deduza o que quiser.
2 comentários:
à luz “do que parece”, sob certos critérios
Eu gostaria de saber a quem parece, e com que critérios.
Por exemplo, no mapa vê-se que a Coreia do Norte parece ser muito corrupta. Mas será que inquiriram os habitantes da Coreia do Norte sobre se lhes parece que o país deles é corrupto? Presumo que não... Então, a quem é que parece que a Coreia do Norte é corrupta? Provavelmente a alguns estrangeiros... Quais? Com que critérios foram esses estrangeiros afirmar que a Coreia do Norte - um país no qual dificilmente estrangeiros põem os pés - é corrupta?
Enfim, este mapa vale provavelmente muito pouco, por não ser baseado em quaisquer dados objetivos.
Este flagelo tem muitos nomes segundo os países: Luvas, cadeau, presente, jeitinho, dessous de table, pot de vin, racket, magouilles, pourboire, gratuité, segundo o nível do conivente, do corruptor e do corrupto.
Tenho uma predilecção por um nome árabe que soa sempre como uma música do Oriente: o “backchich”.
Onde também pode significar um dom verdadeiro, uma obra filantrópica…
Quantos que, em cafés e conciliábulos, emitiram moções incendiárias e que, nos corredores da Instituição, depois, compuseram com os seus piores adversários, às vezes pela isca de um backchich, às vezes por snobismo, fora da necessidade de se aproximar dos "óleos"...
Eu era capaz de passar pela alfândega com um backchich de dez rupias para o funcionário da alfândega. Ele examina o documento da embaixada durante um momento... e então dá-me o famoso selo oficial pela soma de cinco rupias. E pude visitar o monumento em questão…
Porque se fala muito neste momento deste pais,como gostaria de saber qual é o termo apropriado para qualificar os 400 milhões de dólares que Trump ofereceu ao primeiro-ministro da Ucrânia, para que este aceite de “molhar” na justiça o filho do candidato democrata concorrente às próximas eleições ….
Se em Portugal, houve submarinos , na Espanha "metros" e na Holanda F-16's, é muito complicado chegar a um valor preciso de quanto dinheiro é desviado pelo Brasil anualmente, mas diferentes fontes apontam para estimativas de centenas de bilhões de reais, variando entre 2% e 10% do PIB brasileiro. Isto é obra, diabo!
O que é interessante de notar, é que, os estudos sobre a corrupção no mundo, deixam clara a relação entre corrupção e desigualdade social.
A primeira vez que me encontrei perante um artista da transformação da "gorjeta" em “extorsão de fundos” foi no Egipto, durante um passeio em camelo no deserto. Tendo pago o preço antes da partida, tive de pagar um soma não convencionada para recuperar a minha Esposa, que, no alto do seu camelo não conseguia descer sem a ajuda do patrão do camelo, que com uma palavra de comando, como os cornacas que controlam os elefantes, fazia ajoelhar o camelo para que a minha cara-metade pudesse descer sã e salva até ao solo.
O "backchich" foi o sésamo…
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