Pois eu não. Estou completamente de acordo que se exija prova de vacinação (ou teste) para entrar em restaurantes, cafés, cinemas e todos os outros locais em que isso é exigido em França, mas penso que um presidente da república não deve dizer nunca que lhe apetece muito chatear uma parte - por mais cretinos que eles sejam, e esses são mesmo - dos cidadãos que representa. E diria mesmo mais: noblesse oblige!
Macron excedeu-se. Mas só na linguagem. Afinal, é o que nós fazemos por cá, eu para entrar na piscina pública que frequento tenho que apresentar certificado de vacinação.
O usufruto de certos bens públicos implica que tudo façamos para proteger a saúde dos outros e manter a higiene dos locais que frequentamos. Quem não quiser vacinar-se, ao menos sofre a sanção de que não pode ter a mesma vida social dos outros.
Fá-lo naturalmente por convicção, mas se assim é, outros no passado sacrificaram bastante mais do que o seu conforto por elas...
Finalmente, suspeito que Macron disse aquilo que a maioria pensa, e ele sabia-o. Mas ainda assim, trata-se de linguagem grosseira que fica muito mal a um democrata...
A questão que se põe é porque é que Macron tem uma especial vontade de chatear aqueles que não se vacinam contra a covid-19 e não tem a mesma atitude com os que não se vacinam contra outras doenças. Doenças contra as quais há vacinas mais testadas pelo tempo e pela experiência e portanto, em princípio, mais seguras do que as contra a covid-19.
você tem razão. Os franceses falam na sua vida do dia-a-dia uma língua peculiar, cheia de palavras que não se ensina na escola ("boulot" = trabalho ou "bagnolle" = automóvel, por exemplo). O verbo "emmerder" é perfeitamente corriqueiro nesse francês alternativo.
Luis Lavoura eu tive um director francês que quando as coisas não estavam como ele queria eu ouvia ele a dar murros no tampo de vidro da secretária e a gritar "Quel bordel de merde" e muitas outras mesmo quando estava mais calmo :)
Luís Lavoura, o seu sentido de sarcasmo surpreende-nos sempre :) ...
Mas, fazendo-me de desentendido, diria que talvez o facto de os hospitais estarem cheiros de pacientes covid que não só correm grave risco de vida como também impedem que outros sejam tratados a outras doenças (existe uma responsabilidade social que temos de nos proteger e também aos outros), explique a especial vontade de Macron 'de les emmerder'...
Além da grosseria da língua macroniana, que supera em vulgaridade o "Casse-toi, pobre idiota!" de Sarkozy e que recorda ainda pior as provocativas declarações de 2017 sobre os "gauleses refractários" e os "povos que não são nada", o "Presidente da República" que deveria unir a nação provoca, atormenta e conscientemente desespera uma parte da população (não esquecer que legalmente a vacinação continua sendo uma escolha pessoal e que, constitucionalmente, todos os franceses são iguais aos demais!). Na verdade, Macron cinicamente busca dividir o povo francês correndo o risco de alimentar a violência e a intolerância no país.
Essa irresponsabilidade salta aos olhos na incrível proposta recente de um desprezível deputado do partido da direita, LR, que se propõe a cobrar todos os seus cuidados aos não vacinados colocados em terapia intensiva - ou seja, em linguagem simples, para deixar morrer em casa ou na rua, os franceses pobres, como é a regra entre os bárbaros americanos de Trump-Biden, os ricos , vacinados ou não, tendo sendo os meios de pagar as suas despesas médicas qualquer que seja a sua escolha.
Tudo isso em desrespeito à Segurança Social instituída por Ambroise Croizat, o Ministro Comunista de 1945: de facto, o princípio humanista da Segurança Social originária era, segundo uma fórmula cara a Karl Marx, "de cada um segundo as suas capacidades, a cada um de acordo com as suas necessidades ".
A manobra ideológica de Macron é evidente. Porque a oligarquia dirigente nunca soube o que fazer do contundente Não francês à constituição europeia, porque teme o retorno insurreccional dos coletes amarelos e a sua junção com um ressurgente sindicalismo de classe, essa casta anti-social e anti-nacional busca maquiavelicamente dividir o país entre vacinados e não vacinados, para incitar a todos ao ódio contra o seu irmão de classe e para lutar pela violência, até mesmo a guerra civil, mesmo dentro do povo francês e do movimento popular, fartos desta UE que massacrou o hospital público em nome do euro sacrossanto e os critérios odiosos de Maastricht ao apelar à França 42 vezes desde 2011 a "reduzir os seus gastos com saúde"
PS) Escrevo o que precede, no dia em que fui obrigado a chamar às duas horas da manhã; o INEM francês ( SAMU) , afim de levar a minha Esposa às Urgências , onde, depois de receber os primeiros socorros , foram obrigados, no fim do dia , a transferi-la para uma clínica privada, o hospital estando saturado de doentes do Covid 19, vacinados e não vacinados.
12 comentários:
Pois eu não.
Estou completamente de acordo que se exija prova de vacinação (ou teste) para entrar em restaurantes, cafés, cinemas e todos os outros locais em que isso é exigido em França, mas penso que um presidente da república não deve dizer nunca que lhe apetece muito chatear uma parte - por mais cretinos que eles sejam, e esses são mesmo - dos cidadãos que representa. E diria mesmo mais: noblesse oblige!
Macron excedeu-se. Mas só na linguagem. Afinal, é o que nós fazemos por cá, eu para entrar na piscina pública que frequento tenho que apresentar certificado de vacinação.
O usufruto de certos bens públicos implica que tudo façamos para proteger a saúde dos outros e manter a higiene dos locais que frequentamos. Quem não quiser vacinar-se, ao menos sofre a sanção de que não pode ter a mesma vida social dos outros.
Fá-lo naturalmente por convicção, mas se assim é, outros no passado sacrificaram bastante mais do que o seu conforto por elas...
Finalmente, suspeito que Macron disse aquilo que a maioria pensa, e ele sabia-o. Mas ainda assim, trata-se de linguagem grosseira que fica muito mal a um democrata...
Talvez que em França o verbo emmerder não seja tão pejorativo como nós pensamos. "Isto já não vai lá com paninhos quentes".
A questão que se põe é porque é que Macron tem uma especial vontade de chatear aqueles que não se vacinam contra a covid-19 e não tem a mesma atitude com os que não se vacinam contra outras doenças. Doenças contra as quais há vacinas mais testadas pelo tempo e pela experiência e portanto, em princípio, mais seguras do que as contra a covid-19.
Flor,
você tem razão. Os franceses falam na sua vida do dia-a-dia uma língua peculiar, cheia de palavras que não se ensina na escola ("boulot" = trabalho ou "bagnolle" = automóvel, por exemplo). O verbo "emmerder" é perfeitamente corriqueiro nesse francês alternativo.
Luis Lavoura eu tive um director francês que quando as coisas não estavam como ele queria eu ouvia ele a dar murros no tampo de vidro da secretária e a gritar "Quel bordel de merde" e muitas outras mesmo quando estava mais calmo :)
Luís Lavoura, o seu sentido de sarcasmo surpreende-nos sempre :) ...
Mas, fazendo-me de desentendido, diria que talvez o facto de os hospitais estarem cheiros de pacientes covid que não só correm grave risco de vida como também impedem que outros sejam tratados a outras doenças (existe uma responsabilidade social que temos de nos proteger e também aos outros), explique a especial vontade de Macron 'de les emmerder'...
Além da grosseria da língua macroniana, que supera em vulgaridade o "Casse-toi, pobre idiota!" de Sarkozy e que recorda ainda pior as provocativas declarações de 2017 sobre os "gauleses refractários" e os "povos que não são nada", o "Presidente da República" que deveria unir a nação provoca, atormenta e conscientemente desespera uma parte da população (não esquecer que legalmente a vacinação continua sendo uma escolha pessoal e que, constitucionalmente, todos os franceses são iguais aos demais!). Na verdade, Macron cinicamente busca dividir o povo francês correndo o risco de alimentar a violência e a intolerância no país.
Essa irresponsabilidade salta aos olhos na incrível proposta recente de um desprezível deputado do partido da direita, LR, que se propõe a cobrar todos os seus cuidados aos não vacinados colocados em terapia intensiva - ou seja, em linguagem simples, para deixar morrer em casa ou na rua, os franceses pobres, como é a regra entre os bárbaros americanos de Trump-Biden, os ricos , vacinados ou não, tendo sendo os meios de pagar as suas despesas médicas qualquer que seja a sua escolha.
Tudo isso em desrespeito à Segurança Social instituída por Ambroise Croizat, o Ministro Comunista de 1945: de facto, o princípio humanista da Segurança Social originária era, segundo uma fórmula cara a Karl Marx, "de cada um segundo as suas capacidades, a cada um de acordo com as suas necessidades ".
A manobra ideológica de Macron é evidente. Porque a oligarquia dirigente nunca soube o que fazer do contundente Não francês à constituição europeia, porque teme o retorno insurreccional dos coletes amarelos e a sua junção com um ressurgente sindicalismo de classe, essa casta anti-social e anti-nacional busca maquiavelicamente dividir o país entre vacinados e não vacinados, para incitar a todos ao ódio contra o seu irmão de classe e para lutar pela violência, até mesmo a guerra civil, mesmo dentro do povo francês e do movimento popular, fartos desta UE que massacrou o hospital público em nome do euro sacrossanto e os critérios odiosos de Maastricht ao apelar à França 42 vezes desde 2011 a "reduzir os seus gastos com saúde"
PS)
Escrevo o que precede, no dia em que fui obrigado a chamar às duas horas da manhã; o INEM francês ( SAMU) , afim de levar a minha Esposa às Urgências , onde, depois de receber os primeiros socorros , foram obrigados, no fim do dia , a transferi-la para uma clínica privada, o hospital estando saturado de doentes do Covid 19, vacinados e não vacinados.
Joaquim de Freitas desejo as melhoras da esposa.
Obrigado Flor, pelo cuidado. Cumprimentos.
Enviar um comentário