Pode ver aqui, entre os minutos 32 e 44, uma análise às tensões que envolvem a Ucrânia, com notas sobre as atitudes de Moscovo, dos EUA e da União Europeia.
6 comentários:
Ferreira da Silva
disse...
Senhor Embaixador, Lembro-me de uma sua crónica em que relatava o seu primeiro encontro na ONU com Sergey Lavrov, então Embaixador da URSS e do respeito e consideração com que me pareceu ter ficado desse então seu par. Com algum atrevimento, resumiria esta sua intervenção na CNN Portugal com o seguinte: nós, os ocidentais, e a NATO, andamos, há muito tempo, a provocar os Russos.
Como o Secretário de Estado Antony J. Blinken disse no mês passado: "Um país não tem o direito de ditar as políticas de outro ou de dizer a esse país com quem ele pode se associar; um país não tem o direito de exercer uma esfera de influência. Essa noção deve ser relegada à lixeira da história.”
É um princípio nobre, mas não um que os Estados Unidos respeitam. Os Estados Unidos exerceram uma esfera de influência no seu próprio hemisfério por quase 200 anos, desde que o presidente James Monroe, na sua séptima mensagem anual ao Congresso, declarou que “os Estados Unidos "devem considerar qualquer tentativa" de potências estrangeiras "estender seu sistema a qualquer parte deste hemisfério como perigosa para nossa paz e segurança".
O México, com a sua longa fronteira com os Estados Unidos oferece um paralelo com a proximidade da Ucrânia com a Rússia. Pode discordar publicamente da política externa dos EUA, mas não poderia juntar-se a uma aliança militar com adversários dos EUA. É impossível imaginar um governo mexicano convidando tropas russas ou chinesas para o lado do Rio Grande.
É claro que a Ucrânia tem o direito de forjar uma política externa independente. Mas a política externa não é um exercício de moralidade abstracta; envolve questões de poder. E os Estados Unidos e seus aliados europeus não têm o poder de negar à Rússia uma opinião sobre o futuro da Ucrânia porque eles não estão dispostos a enviar seus filhos e filhas para lutar lá.
nós, os ocidentais, e a NATO, andamos, há muito tempo, a provocar os Russos
A NATO atualmente tem somente duas funções e objetivos: (1) Provocar os russos. (2) Incentivar e promover a compra de material militar produzido pelos EUA (em, em menor medida, por alguns outros países) pelos restantes países da Aliança.
A Rússia está a utilizar na presente crise uma estratégia de brinkmanship que se arrisca a dar mau resultado.
Os russos têm razão quando consideram que a NATO não se deveria ter expandido até às suas portas, mas ao esticarem a corda como o estão a fazer, sabendo que as suas exigências não poderão ser satisfeitas (em particular a de retirada de tropas da NATO dos Países de Leste, algo que estes nunca aceitariam se os EUA o fizessem de forma unilateral), a pergunta que fica é, o que pretende a Rússia?
Putin não poderá seguramente recuar, ele que é um muzhik, logo, na ausência de cedências significativas, terá que invadir a Ucrânia...
Claro, isto é irracional, mas em questões que envolvem o nacionalismo, a racionalidade está sobrevalorizada...
O meu comentário « partiu » rápido deixando o resto no computador…
A provocação da OTAN e dos americanos, o que é a mesma coisa, é fácil de ver quando lemos as declarações recentes do presidente ucraniano/
Apesar do acúmulo - e mesmo com os Estados Unidos avisando que um ataque poderia vir iminentemente e as forças da OTAN em alerta - a liderança da Ucrânia está minimizando a ameaça russa. Esta postura deixou os analistas adivinhando sobre a motivação da liderança, com alguns dizendo que é para manter os mercados ucranianos estáveis, evitar o pânico e evitar provocar Moscovo, enquanto outros atribuem à aceitação inquieta do país de que o conflito com a Rússia faz parte da existência diária da Ucrânia. Já nesta semana, o ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que não houve mudança nas forças russas em comparação com um acúmulo na primavera; o chefe do Conselho de Segurança Nacional acusou alguns países ocidentais e meios de comunicação de exagerar o perigo para fins geopolíticos; e um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores deu um golpe nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha por retirar as famílias de diplomatas dase suas embaixadas em Kiev, dizendo que eles haviam agido prematuramente.
disse na semana passada o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que perguntou: "O que há de novo? Não é essa a realidade há oito anos?" Zelensky ponderou sobre as retiradas da embaixada, insistindo em um post no Facebook que isso "não significava que a escalada é inevitável.
Numa entrevista na segunda-feira à emissora de televisão ucraniana ICTV, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, parecia se perguntar do que se tratava toda essa confusão. "Hoje, neste exacto momento, não foi estabelecido um único grupo de ataque das forças armadas russas, o que atesta o facto de que amanhã eles não vão invadir", disse Reznikov. "É por isso que eu peço-lhe para não espalhar pânico."
Há diferentes razões para a desconexão nas mensagens entre funcionários ucranianos e seus homólogos americanos, dizem analistas. Zelensky deve ser hábil em elaborar uma mensagem que mantenha a ajuda ocidental fluindo, não provoque a Rússia e tranquilize o povo ucraniano.
Os Estados Unidos têm as suas próprias razões para a forma como chamou o Kremlin ultimamente. Washington tem que enviar uma mensagem forte tanto para Moscovo quanto para aliados na Europa, como a Alemanha, que pode estar mais hesitante em tomar uma posição robusta contra a Rússia, disse Maria Zolkina, analista política da Democratic Initiatives Foundation, um think tank baseado em Kiev.
Mas há o risco de que as mensagens de Washington, que incluem colocar 8.500 soldados em "alerta máximo" para uma possível implantação na fronteira leste da OTAN, possam provocar ainda mais o Kremlin, ou pelo menos ser usado para justificar uma postura mais agressiva. Na terça-feira, Dmitri S. Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que Moscou estava observando os movimentos das tropas da OTAN "com profunda preocupação". A OTAN na sua estratégia de provocação….
6 comentários:
Senhor Embaixador,
Lembro-me de uma sua crónica em que relatava o seu primeiro encontro na ONU com Sergey Lavrov, então Embaixador da URSS e do respeito e consideração com que me pareceu ter ficado desse então seu par.
Com algum atrevimento, resumiria esta sua intervenção na CNN Portugal com o seguinte: nós, os ocidentais, e a NATO, andamos, há muito tempo, a provocar os Russos.
Como o Secretário de Estado Antony J. Blinken disse no mês passado: "Um país não tem o direito de ditar as políticas de outro ou de dizer a esse país com quem ele pode se associar; um país não tem o direito de exercer uma esfera de influência. Essa noção deve ser relegada à lixeira da história.”
É um princípio nobre, mas não um que os Estados Unidos respeitam.
Os Estados Unidos exerceram uma esfera de influência no seu próprio hemisfério por quase 200 anos, desde que o presidente James Monroe, na sua séptima mensagem anual ao Congresso, declarou que “os Estados Unidos "devem considerar qualquer tentativa" de potências estrangeiras "estender seu sistema a qualquer parte deste hemisfério como perigosa para nossa paz e segurança".
O México, com a sua longa fronteira com os Estados Unidos oferece um paralelo com a proximidade da Ucrânia com a Rússia.
Pode discordar publicamente da política externa dos EUA, mas não poderia juntar-se a uma aliança militar com adversários dos EUA.
É impossível imaginar um governo mexicano convidando tropas russas ou chinesas para o lado do Rio Grande.
É claro que a Ucrânia tem o direito de forjar uma política externa independente. Mas a política externa não é um exercício de moralidade abstracta; envolve questões de poder.
E os Estados Unidos e seus aliados europeus não têm o poder de negar à Rússia uma opinião sobre o futuro da Ucrânia porque eles não estão dispostos a enviar seus filhos e filhas para lutar lá.
Ferreira da Silva
nós, os ocidentais, e a NATO, andamos, há muito tempo, a provocar os Russos
A NATO atualmente tem somente duas funções e objetivos:
(1) Provocar os russos.
(2) Incentivar e promover a compra de material militar produzido pelos EUA (em, em menor medida, por alguns outros países) pelos restantes países da Aliança.
A Rússia está a utilizar na presente crise uma estratégia de brinkmanship que se arrisca a dar mau resultado.
Os russos têm razão quando consideram que a NATO não se deveria ter expandido até às suas portas, mas ao esticarem a corda como o estão a fazer, sabendo que as suas exigências não poderão ser satisfeitas (em particular a de retirada de tropas da NATO dos Países de Leste, algo que estes nunca aceitariam se os EUA o fizessem de forma unilateral), a pergunta que fica é, o que pretende a Rússia?
Putin não poderá seguramente recuar, ele que é um muzhik, logo, na ausência de cedências significativas, terá que invadir a Ucrânia...
Claro, isto é irracional, mas em questões que envolvem o nacionalismo, a racionalidade está sobrevalorizada...
Luis Lavoura: Exacto.
Senhor Lavoura:
O meu comentário « partiu » rápido deixando o resto no computador…
A provocação da OTAN e dos americanos, o que é a mesma coisa, é fácil de ver quando lemos as declarações recentes do presidente ucraniano/
Apesar do acúmulo - e mesmo com os Estados Unidos avisando que um ataque poderia vir iminentemente e as forças da OTAN em alerta - a liderança da Ucrânia está minimizando a ameaça russa.
Esta postura deixou os analistas adivinhando sobre a motivação da liderança, com alguns dizendo que é para manter os mercados ucranianos estáveis, evitar o pânico e evitar provocar Moscovo, enquanto outros atribuem à aceitação inquieta do país de que o conflito com a Rússia faz parte da existência diária da Ucrânia.
Já nesta semana, o ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que não houve mudança nas forças russas em comparação com um acúmulo na primavera; o chefe do Conselho de Segurança Nacional acusou alguns países ocidentais e meios de comunicação de exagerar o perigo para fins geopolíticos; e um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores deu um golpe nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha por retirar as famílias de diplomatas dase suas embaixadas em Kiev, dizendo que eles haviam agido prematuramente.
disse na semana passada o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que perguntou: "O que há de novo? Não é essa a realidade há oito anos?" Zelensky ponderou sobre as retiradas da embaixada, insistindo em um post no Facebook que isso "não significava que a escalada é inevitável.
Numa entrevista na segunda-feira à emissora de televisão ucraniana ICTV, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, parecia se perguntar do que se tratava toda essa confusão.
"Hoje, neste exacto momento, não foi estabelecido um único grupo de ataque das forças armadas russas, o que atesta o facto de que amanhã eles não vão invadir", disse Reznikov. "É por isso que eu peço-lhe para não espalhar pânico."
Há diferentes razões para a desconexão nas mensagens entre funcionários ucranianos e seus homólogos americanos, dizem analistas. Zelensky deve ser hábil em elaborar uma mensagem que mantenha a ajuda ocidental fluindo, não provoque a Rússia e tranquilize o povo ucraniano.
Os Estados Unidos têm as suas próprias razões para a forma como chamou o Kremlin ultimamente. Washington tem que enviar uma mensagem forte tanto para Moscovo quanto para aliados na Europa, como a Alemanha, que pode estar mais hesitante em tomar uma posição robusta contra a Rússia, disse Maria Zolkina, analista política da Democratic Initiatives Foundation, um think tank baseado em Kiev.
Mas há o risco de que as mensagens de Washington, que incluem colocar 8.500 soldados em "alerta máximo" para uma possível implantação na fronteira leste da OTAN, possam provocar ainda mais o Kremlin, ou pelo menos ser usado para justificar uma postura mais agressiva. Na terça-feira, Dmitri S. Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que Moscou estava observando os movimentos das tropas da OTAN "com profunda preocupação".
A OTAN na sua estratégia de provocação….
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