sábado, janeiro 08, 2022

Ao sábado, claro!


Só hoje li o “Expresso” de ontem. Ainda estou a adaptar-me à ideia de que o jornal vai passar a sair às sextas-feiras. O “Expresso”, para mim, rima com o sábado. Esta semana, o “Expresso” fez 49 anos e também faz 49 anos que, sem uma falha, eu compro o “Expresso”, isto é, os 2567 números que saíram até agora. Foi precisamente esta semana que os “hackers” fizeram um assalto informático à Impresa, proprietária do jornal e da SIC, roubando dados, tentando paralizar a sua estrutura de produção. Fazendo das fraquezas forças, o “Expresso”, tal como a SIC, conseguiu manter-se em atividade, provando uma saudável vitalidade, ou, como agora alguns dizem, a sua resiliência. Foi muito bom que assim fosse, a bem da pluralidade da informação. Nem sempre gosto do “Expresso” que semanalmente me chega, acho que o jornal vive ideologicamente muito enviezado, parece ter abandonado, sem o assumir, alguma neutralidade que lhe deu prestígio, e, tal como alguns restaurantes que conhecemos, “já não é o que era”. Valha a verdade, toda a informação está hoje muito diferente do que já foi. Para o bem e para o mal. E a nossa exigência mudou. É que, embora teimemos em dar a ideia de que continuamos a ser os mesmos, também não somos. Para o bem e para o mal, também! É a vida, que eu desejo longa ao “Expresso”.

5 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Ainda sou do tempo em que andar com a "Revista" do Expresso debaixo do braço conferia ao portador uma patine invejável. Passei também pelo tempo em que o Expresso era transformado lá em casa em o "Expesso", com leituras para todos, do pai à mãe e aos filhos. Hoje em dia, ao preço que custa a edição de papel e estando o Expresso transformado num divulgador de conteúdos ideológicos nos quais não me revejo minimamente, nem um cêntimo lhes dou (não é que precisem, bem sabemos que quem sustenta estes "projetos" editoriais não são nem os assinantes on-line, nem os que compram a versão impressa). Da última vez que comprei a dita foi numas férias, em 2015, para ajudar a ocupar o tempo junto à piscina do hotel (coisita simpática, ali na margem da barragem de Montargil, mas sem nada para fazer). Foi dinheiro deitado fora, o viés idiológico era já tão marcado que, ao fim de 15 minutos, foi tudo para a papeleira mais próxima. Poder-se-á argumentar que há produtos bem piores (sim, porque é de um produto e não de um jornal que falo), basta ver o Sol, ou esse pasquim modernaço chamado Observador, mesmo assim, não pago pelo pouco que me pudesse interessar ler no Expresso e que, de qualquer forma, encontro grátis, por exemplo no blogue estátua de sal. Bom domingo, senhor embaixador.

Flor disse...

Também gosto da saída do Expresso ao sábado. O problema da saída ao sábado é que a maior parte das papelarias de rua e até quiosques fecham á tarde. Somos forçados a sair na manhã de sábado para o comprar. Ou comprá-lo á sexta e ler no dia a seguir enquanto tomamos o petit déjeuner tardío. :)

Jaime Santos disse...

Ainda se compra cá por casa, mas tirando sobretudo alguns artigos ou colunas da Revista, deixei de ler há muito e se fosse por mim, não o compraria.

O primeiro caderno transformou-se, tirando as colunas do Daniel Oliveira e do Pedro Adão e Silva (ainda leio o primeiro no mesmo sítio em que o Lúcio Ferro o lê e o segundo de quando em vez em papel), num megafone da Direita mais ou menos passista...

Não tenho, Sr. Embaixador, a pachorra para ler 'sobretudo aquilo com que não concordo'. Quer dizer, gosto muito de ler pessoas com que não concordo como o Pedro Marques Lopes no DN, ou o próprio Daniel Oliveira, mas porque escrevem bem e tentam ser minimamente justos no que escrevem ou dizem...

Se quiser ler textos doutrinários, encontra-se bastante melhor prosa noutros sítios, inclusive no Observador... E nada ultrapassa como sátira os dislates do Padre Portocarrero... Deve pensar que herdou pelos genes a graça do primo, mas engana-se, tem tanto humor como o Francisco Louçã, ou seja, menos do que um tijolo :) ...

rsc disse...

"«Não tenho, Sr. Embaixador, a pachorra para ler 'sobretudo aquilo com que não concordo"sic.É assim que morrem as democracias e ganham os radicalismos.

Jaime Santos disse...

Rsc, o que eu quero dizer é que para ler propaganda, eu prefiro ler a propaganda de Esquerda... Suspeito que consigo é o contrário, prefere a de Direita...

Há imensa gente de Direita que escreve bem e alguns até conseguem ser justos... Só que não os encontra no Expresso, ok?

Vargas Llosa

Era um escritor genial. Politicamente, era um reacionário. Às vezes, acontece. Na minha hierarquia íntima de admiração, alguns desses criado...