sábado, outubro 09, 2021

Todos tão amigos!

Há qualquer coisa de bizarro (mas parece que já ninguém estranha!) na reiterada prática lusitana de se produzirem tempos televisivos, visíveis em todas as estações, em que uns artistas entrevistam outros colegas de profissão, quase sempre para a promoção dos seus espetáculos futuros, todos sempre mostrando-se muito amigos entre si e bastamente elogiosos uns dos outros. Aquilo mais parece um “Time Out” entre amigalhaços, ficando, no entanto, por esclarecer qual será o papel desempenhado nessas aparições (que vão da pimbalhada a coisas mais sérias) pelas agências que gerem a carreira de atores, cantores e “tutti quanti” - e que, como é sabido, não trabalham ”a feijões”…

5 comentários:

José disse...

Esses não me incomodam.

A mim preocupa-me é a prática de fazer debates com intervenientes que estão todos de acordo. É um mal que não para de se espalhar e que até conta com a colaboração dos moderadores, que não se coibem de dar bitaites e manifestar concordância com o que os debatentes dizem.

Na RTP3 (uma espécie de versão woke-light da RTP paga por todos nós), acontece muito isso. "Miguel Vale de Almeida x Pedro Norton"? "Marçal Grilo x Luís Nobre Guedes"? É um descubra as diferenças se puder.

Para quê, pergunta-se?

É por isso que ver os poucos representantes do PCP na TV acaba por ser uma lufada de ar fresco (o que não deixa de ser irónico tendo em conta o cheiro a naftalina das suas ideias).

Nos debates, quer-se pluralidade, discordância, conflito.

Jaime Santos disse...

E a promoção de livros, de duvidosa qualidade, de figuras que são pivots televisivos em diversos canais, incluindo no principal canal público? E isso juntamente com as opiniões verdadeiramente chanfradas dessas personagens, que se intitulam historiadores e até astrofísicos :) , sem que tenham quaisquer qualificações para falar de tais matérias?

Isso parece-me muito mais grave. Não se trata apenas da promoção da vaidade alheia, ou de dar o jeito ao colega. Trata-se mesmo da promoção de fake news...

Dulce Oliveira disse...

A mim o que me irrita mesmo é chamarem cantores a todos os que cantam por essas tvs fora.

soudocontra disse...

Concordo, caro Embaixador Seixas da Costa, com este seu post!
E desta vez, também concordo com todos os comentário feitos até agora, sobre o mesmo post!
É pena, de facto, como escreve o Jaime Santos, que a grande maioria do ser humano (homo sapiens) se vá convencendo dos "bons efeitos" das fake news para a concretização dos seus objetivos de vida!
Mas é (foi) assim sempre, infelizmente, e sempre será?


josé ricardo disse...

E verdade. Mas existe uma entidade reguladora das televisões e afins, a qual, sinceramente, não sei para que serve. Se servisse para alguma coisa, não haveria telejornais de 90 minutos, nem grelhas preenchidíssimas, em canais temáticos de notícias, a passar os interessantíssimos comentadores a comentar a vida de três clubes.
Somos um país adormecido, não sei se eternamente adormecido.
À parte, mas que tem a ver com esses amiguismos e seguidismos e outros ismos como ronaldismo: parece que a nossa seleção de futebol jogou com o Qatar e ganhou com golos do Ronaldo. Não serão estes jogos com estas equipas agendados para engordar os recordes da nossa estrela maior? Eu admiro o Ronaldo, a sério que admiro, mas só por uma razão, para além de ser, incontestavelmente, um grande atleta: pela primeira vez na história do futebol, um brilhantíssimo goleador discutiu títulos de "melhor do mundo" com jogadores como, por exemplo, o Messi. É obra! E aqui não existem grandes subjetivismos: Maradona foi o que foi e marcou cento e tal golos na sua carreira!

Os EUA, a ONU e Gaza

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