Esteve mal António Costa ao colar-se ao mantra europês sobre o processo de adesão dos países dos Balcãs à União Europeia. E esteve ainda pior ao fazer a avaliação que fez sobre o último grande alargamento, repetindo o discurso simplista de que a União deveria ter sido aprofundada antes de ter procedido ao aumento dos Estados que fazem parte da atual União a 27. Isto é tanto mais surpreendente quanto António Costa não desconhece qual foi o sentido geopolítico que esteve subjacente àquele alargamento.
Um comentador pode dizer o que António Costa disse. Um primeiro-ministro, que se cruza na mesa do Conselho Europeu com os seus colegas que chefiam países que são hoje membros da União graças ao “timing” dos últimos alargamentos, não deve dizer que eles estão por ali por virtude de um erro temporal estratégico. E, no tocante aos Balcãs e ao eventual futuro alargamento da União a essa área europeia, António Costa deveria ter tido o cuidado de guardar os seus comentários para o recato do Conselho Europeu, não para os jornalistas.
Há, no entanto, uma boa notícia, na decorrência do que António Costa disse: é que, se porventura, ele tinha alguma ambição no sentido de vir a ser futuramente presidente do Conselho Europeu, essa hipótese ficou enterrada com a sua declaração de ontem. E isso permite aumentar a possibilidade de ele se manter como primeiro-ministro a partir de 2023 - e isso é uma excelente notícia para o país.
Dito isto, regresso ao que comecei por dizer: com a sua declaração de ontem, António Costa não fez um favor à política externa portuguesa, “to say the least”.
4 comentários:
Pode ter sido politicamente incorreto mas disse a verdade, como a situação política na Polónia ou a da Hungria demonstram.
E quanto a futuros lugares na Europa, sempre considerei que Costa nunca quis fazer de Durão Barroso II...
Costa quer levar o PS às eleições de 2023 e ainda bem porque isso quer dizer que Pedro Nuno Santos vai ter que ter paciência e esperar pela sua chance de ser SG...
Enquanto espera, pode ser que aprenda a ser mais bem educado...
O Senhor Embaixador é que sabe dessas coisas, mas com a minha modesta opinião não o acompanho.
Suponho, também, que António Costa terá assessoria diplomática quanto baste.
José Figueiredo
E no entanto ele tem razão e está na altura de haver alguma coragem e enfrentar a vergonha que são certos regimes na União Europeia.
Em total acordo com o Jaime Santos.
Toda a gente reconhece a António Costa o seu profissionalismo. Custa-me a crer que estas declarações tenham sido um faux pas. Foram provavelmente combinadas com quem o assessoria nestas matérias. Fica portanto a questão: Porquê? Estas declarações foram feitas com que fim?
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