quinta-feira, outubro 21, 2021

Dona inflação

Está aí a chegar. Devagar, como quem não se quer fazer sentir de forma súbita. É uma senhora que todos nós conhecemos, de quem muitas vezes nos queixamos, mas que, por muito surpreendente que possa parecer, faz falta aos ciclos da nossa vida. Chama-se dona Inflação.

6 comentários:

Luís Lavoura disse...

A inflação faz falta?! A mim não faz falta absolutamente nenhuma. É mesmo extremamente desconfortável.

Carlos Antunes disse...

Senhor Embaixador
O problema é que a inflação corrói salários e pensões, cujo impacto mais visível e significativo é, sem dúvida, o aprofundamento da pobreza e da vulnerabilidade das famílias e dos trabalhadores que vivem apenas de pensões e salários.
Não é certamente por acaso que o vice-presidente do BCE Luís de Gindos, apenas preocupado com as políticas monetária e orçamentais, e partindo do pressuposto de que a subida de inflação é transitória, aconselhou os governos e as empresas a não cederem à tentação de subir pensões e salários de forma automática, perante uma inflação mais alta na Zona Euro.
É aqui que “a porca torce o rabo”, porque o aumento dos preços não é transitório e o não reajustamento de salários e pensões de acordo com as taxas de inflação verificadas ou esperadas (na Zona Euro de 3% e, em Portugal de 1%, em 2021) corrói sobretudo o poder de compra das pessoas que já vivem, no nosso país, no limite das condições básicas de sobrevivência e que além do mais potenciam o aumento das desigualdades e da coesão social.

Flor disse...

Aumentos de combustível= Inflação à vista

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador : A inflação faz falta? A regra mais básica da economia e das finanças é que o dinheiro forte beneficia aqueles que têm dinheiro. Pouco dinheiro para aqueles que não o tem. Mesmo limitada, mesmo controlada, a inflação é susceptível de perturbar a estrutura social e a distribuição dos rendimentos em benefício de certos grupos sociais.

Em França, que conheço melhor, desde Barre e Bérégovoy, a classe política francesa tem feito da luta contra a inflação o objectivo monetário predominante em todos os outros aspectos da gestão da economia. Desde há trinta e cinco anos, o objectivo é o capitalismo de renda e stagflação, com grandes bancos cheios de liquidez que não podem investir nas suas economias em recessão.

O objectivo dos que vivem das rendas sendo uma moeda estável, a inflação perto de zero, todo o quadro conceptual para a gestão da vida económica foi reconstruído em torno deste princípio. Qualquer outra questão - vendas, emprego, relações laborais, deveres governamentais - foi considerada secundária.

O capitalismo financeiro é um mundo sem fé nem lei, sem perspetivas (excepto lucros a curto prazo), sem abordagem programática.

A ausência de contra-poder político à sua marcha louca gera regularmente catástrofes: falência de bancos de poupança nos Estados Unidos, sistema de pensões chileno, falência da WorldCom, Enron, cujas contas tinham sido certificadas de forma fraudulenta por Arthur Andersen,trabalho que consiste a ajudar as empresas a não pagar impostos, através de fraudes ou não.

A.B. disse...

O problema é que, se alguma inflação até pode ser saudável, é impossível prever até onde pode ir. 10 a 15% já provocam danos sociais graves. Acresce que a política monetária forçosamente centralista da UE não poderá responder eficazmente em países tão economicamente díspares.

JHenriques disse...

"Senhor Embaixador : A inflação faz falta? A regra mais básica da economia e das finanças é que o dinheiro forte beneficia aqueles que têm dinheiro."

Não necessariamente. A inflação é boa para quem tem dívidas...

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...