Sérgio Godinho faz hoje 75 anos. Sem qualquer nostalgia pateta mas com um sincero reconhecimento pessoal, noto que a sua música me fez companhia serena por bem mais de quatro décadas. Alguns dos seus temas fazem parte da minha "playlist" íntima, interpretaram, às vezes na perfeição, sentimentos que fui tendo ao longo do tempo, das raivas às ternuras, das esperanças aos desencantos, confirmando-me que a sintonia geracional é uma realidade sem discussão. Godinho, porém, está mesmo um pouco para além disso, porque não ficou colado, como acontece com outros, a uma espécie de gueto etário. E não deu ares de ter feito um esforço especial para isso. A inteligência com que conseguiu fazer evoluir as suas palavras e melodias, dotando-as de uma contínua modernidade, nem artificial nem obsessiva, transformou-o num dos raros autores que mantêm hoje entre nós uma singular transversalidade de públicos. Sérgio Godinho tem 75 anos. Quem nos dera a todos envelhecer, e ver envelhecer aquilo que dizemos e fazemos, dessa mesma e alegre forma. Não conheço Sérgio Godinho. Se o conhecesse, dava-lhe hoje um abraço. Como se dá a um amigo.
segunda-feira, agosto 31, 2020
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho faz hoje 75 anos. Sem qualquer nostalgia pateta mas com um sincero reconhecimento pessoal, noto que a sua música me fez companhia serena por bem mais de quatro décadas. Alguns dos seus temas fazem parte da minha "playlist" íntima, interpretaram, às vezes na perfeição, sentimentos que fui tendo ao longo do tempo, das raivas às ternuras, das esperanças aos desencantos, confirmando-me que a sintonia geracional é uma realidade sem discussão. Godinho, porém, está mesmo um pouco para além disso, porque não ficou colado, como acontece com outros, a uma espécie de gueto etário. E não deu ares de ter feito um esforço especial para isso. A inteligência com que conseguiu fazer evoluir as suas palavras e melodias, dotando-as de uma contínua modernidade, nem artificial nem obsessiva, transformou-o num dos raros autores que mantêm hoje entre nós uma singular transversalidade de públicos. Sérgio Godinho tem 75 anos. Quem nos dera a todos envelhecer, e ver envelhecer aquilo que dizemos e fazemos, dessa mesma e alegre forma. Não conheço Sérgio Godinho. Se o conhecesse, dava-lhe hoje um abraço. Como se dá a um amigo.
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Segunda feira
Em face da instrumentalização que a direita e a extrema-direita pretendem fazer na próxima segunda-feira na Assembleia da República, que dis...
3 comentários:
É capaz de ser uma injustiça mas associo a sua música aos tempos pesados da dominação ideológica esquerdista, do arco político da geringonça. Passada até à náusea nos meios de comunicação, criou-me, naturalmente anticorpos. Trata-se de um tipo de música militante, proclamatória, que teve o seu tempo, que suscita saudade desses tempos, bons para os que deles beneficiaram. Mas não deixo de simpatizar com a figura, que não teve a agressividade de outras, mais radicais.
Como canta Godinho no 'Elixir da Eterna Juventude', o tal que estava marado e falsificado, envelhecer é uma arte. E é uma arte que ele domina bem, como se vê.
Somos de uma geração diferente, mas os sons de Godinho também me têm acompanhado, talvez agora menos, não tenho seguido a sua obra nos últimos anos, mas isso por culpa e preguiça minhas...
Também eu digo, parabéns, Sérgio Godinho, que continue por muito anos a tornar a nossa vida mais rica com a sua música. Bem haja!
A excessiva colagem de SG à política ou desta à música do artista fez-me conhecê-lo só em "avançada" idade adulta, precisamente porque julgava que ouvi-lo era, de alguma forma, aderir à Esquerda.
É um artista muito estimável, certamente uma pessoa que sabe lidar brilhantemente com as palavras ("Espalhem a notícia" é uma delícia), mas não caiamos em endeusamentos. Se os Xutos ou o Palma têm arcabouço para poderem - se quiserem -, dar concertos de 3h só com grandes temas, já o mesmo não se pode dizer do Godinho. Há ali meia dúzia de temas que são brilhantes mas a média está bastante abaixo.
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