Dizer que esta casa teve melhores dias é uma obviedade. No pequeno andar cimeiro funcionava, na minha infância, um ateliê onde um pequeno batalhão de empregadas fazia aquelas que eram então consideradas as melhores malhas de Vila Real. Muitas camisolas vesti que foram lá feitas. A proprietária do negócio era uma senhora chamada Maria Melo, de cuja imagem me recordo bem e cujo nome me ficou gravado para sempre.
Há já muitos anos, em Itália, num determinado contexto, deparei com uma série de criadores de moda italianos, com nomes sonantes, e pensei cá para mim: “Maria Mello” seria uma designação magnífica para uma dessas casas. Estaria ali tudo: a leveza ondulada e bem sonante do conjunto dos dois nomes, a falsa simplicidade do Maria, o inescapável toque latino, o duplo L de quantos cuidam em atrasar a atualização da grafia para ganhar patine no nome.
Anos mais tarde, finalmente, verifiquei que alguém seguiu essa minha íntima ideia, como se pode ver. O nome “Maria Mello” estava consagrado.
Reconheço que a fotografia atual não rima mimimamente com a pretendida sofisticação do nome. Mas ela aí fica, porque Portugal, gostemos ou não, também é isto.
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