sábado, dezembro 08, 2018

Uma palavra


Quero deixar aqui uma palavra que acho que devo ao deputado do PSD, Luís Campos Ferreira, que acaba de anunciar que deixa a vida parlamentar. 

Há uns anos, quando ele assumiu funções num cargo governativo no Ministério dos Negócios Estrangeiros, lancei por aqui algumas ironias quanto à adequação do seu perfil àquela nomeação. Dias depois, fui surpreendido por um seu contacto para almoçarmos. Não desconheço que, às vezes, esse é um método para diluir as “garras” de um adversário (e nós não navegamos nas mesmas águas políticas, como é público e notório). Sei, aliás, do que falo: quando andei pelas “guerras” governativas, também usei táticas idênticas.

O almoço foi muito simpático. Para minha surpresa, o nóvel governante deu razão imediata a alguns dos meus argumentos (provando, no entanto, eu estar equivocado noutros), tendo-se constituído, a partir daí, uma relação muito agradável entre nós, que dura até hoje, mesmo depois dele ter abandonado funções de governo. 

Luís Campos Ferreira nunca precisou de mim para nada. Eu nunca tive o menor interesse nos seus domínios diretos de atividade, governativa ou parlamentar. As nossas conversas, sempre sem qualquer agenda, iam (e vão) da política internacional em geral à política doméstica, com muito humor pelo meio. 

Mas o “fair play” que esteve subjacente ao primeiro dos vários agradáveis contactos que depois tivemos nunca o esqueci. Como também creio que o Palácio das Necessidades não esqueceu as palavras positivas que ele sempre teve para com a carreira diplomática, coisa que nem sempre acontece a quem por lá passa.

Aqui lhe deixo esta palavra que lhe é devida e os votos de maior sucesso na sua futura atividade, seja ela qual for. Há, de facto, mais vida para além da política, meu caro Luis Campos Ferreira!

4 comentários:

Anónimo disse...

Attitude is a little thing that makes a big difference.

Sorrir de novo disse...

Formas generosas de estar na vida, que nos contagiam ao ler.
Obrigado pelo contágio.

Anónimo disse...

ele também deixou que lhe carregassem o botão?

Alfredo Rangel disse...

Um depoimento que demonstra que nem tudo está perdido neste mundo de combates entre "adversários" políticos. Notadamente quando se fala na política brasileira, minha pátria. Parabéns ao Senhor por esta chama de esperança que distribui em sua postagem, Grande abraço.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...