Não vou deixar de ler Miguel Esteves Cardoso depois da parvoíce deste texto, embora faça parte daquela que ele considera ser a “gente rancorosa, obstinada e estúpida” que prefere manter Portugal independente da Espanha.
Mas, claro, passei a ter bastante menos consideração por alguém que, sendo um frustrado súbdito de Espanha, consegue a proeza de escrever num ótimo português e que, às vezes, tem imensa piada. Como agora, neste texto, que me fez rir muito (dele) e que, com toda a diplomacia, me motiva a mandá-lo comprar caramelos a Badajoz ou a qualquer outra parte.
(Em tempo: Francisco Bélard nota, e bem, que MEC escreveu na véspera um texto em que afirma praticamente o contrário. Descontada a esquizofrenia, querendo ou não o autor ser irónico, este é o texto que os leitores têm para ler e que não traz qualquer ”disclaimer”)
12 comentários:
Se o MEC é português eu quero ser espanhol!
Já lhe ocorreu tratar-se de um exercício de ironia?
Pertencer a uma federação ibérica sempre é melhor que pertencer a uma federação Europeia, em termos culturais.
Quem quer ser federalista europeu e não quer ser ibérico é só estúpido!
Mas, rancorosos, obstinados e estúpidos nunca deixaremos de ser…
Ironia mesmo:
"Pela Catalunha livre
A Catalunha está dividida, diz-se que ao meio. Venham as eleições e veremos como — e quanto — se divide".
Crónica de MEC, no dia seguinte: 3 de Novembro de 2017, 6:03, em:
https://www.publico.pt/2017/11/03/mundo/cronica/pela-catalunha-livre-1791161
de que transcrevo o seguinte:
"Sem ironia nenhuma: sou completamente a favor da independência da Catalunha e acredito que é uma questão de tempo — cada vez menos — antes dela acontecer. A maioria dos portugueses parece ser a favor da independência, ao contrário do que acontece com os espanhóis.
Mas os anti-independentistas portugueses, publicamente mais ruidosos, têm uma simpatia profunda pelo povo catalão e pela Catalunha, seguindo os anti-independentistas catalães.
[...]
Sou monárquico mas repugnou-me o discurso impante e prepotente do rei de Espanha, a meter o imperioso nariz onde não era chamado, de beicinho a tremer com a ideia de lhe roubarem um naco tão importante e bonito do território que pensa ser o dele.
Quanto mais os espanhóis se zangam, mais perto estão os catalães: Portugal que o diga. E com orgulho."
Simpático, divertido, mas nunca percebi as acusações de genialidade.
Tive a mesma reação. É uma estupidez um texto assim. As ironias, como tudo, podem ter êxito ou serem falhadas. No caso, é o espalhanço total. Mas, contrariamente a muitos, eu nunca conseguir ver qualquer interesse na escrita deste autor.
Este rapaz é meio inglês meio português, não raciocina como os portugas genuinos.
Quem não é ou se julga menos português, nunca tem em grande consideração a inteligência dos portugueses que já não têm memória qual a sua origem.
Temos mais exemplos, além do simpático MEC.
Ironia e sarcasmo, sem dúvida.
Um texto que li noutro sítio tinha por título algo do género: "Para que é que a Catalunha quer ser independente?", pressupondo que não tinha razões para sê-lo. Com muito a propósito, alguém comentou: "Para que é que Portugal quer ser independente?"
O texto contrário foi no dia seguinte como se diz acima
Fernando Neves
Como se escreve acima...Este rapaz é meio inglês meio português, não raciocina como os portugas genuinos.
Quem não é ou se julga menos português, nunca tem em grande consideração a inteligência dos portugueses...
tenho visto filhos de estrangeiros que cá vivem, com total falta de orientação na sua vida, e por assimilar o negativismo que os pais lhes transmitem (no país deles é que é bom), infelizmente eles é que acabam por ficar “rancorosos, obstinados e estúpidos” :(((
o que é uma pena
Ricardo Araújo Pereira e Miguel Esteves Cardoso são ambos autores que usam, e abusam, -como ponto de partida no seu discursar criativo- o argumento lógico em formato "redução ao absurdo" e por vezes mesmo a falácia.
O primeiro -felizmente- para o criar humor. Por vezes bem acompanhado por adequada teatralidade.
O segundo -habilidosamente- para destruir um qualquer consenso comun, um politicamente correcto que lhe desagrade. No caso vertente MEC levou a sua habilidade ao ponto instilar verossimilidade nesta redução ao absurdo.
O curioso é que por vezes o humorista histiôna dramátismo.
E o acérrimo crítico trilha nas entrelinhas a ladaínha do humor.
Ou rir ou apresentar-se muito compungido ... tudo à vontade do freguês. JS
Se Portugal tivesse continuado sob o domínio espanhol hoje, não seríamos um país periférico com acesso direto à Bruxelas e outras capitais do mundo para sermos uma região periférica de um país periférico sem acesso direto à estas mesmas capitais.
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