domingo, novembro 26, 2017

Touché!

“Tu estás mas é doido?!”. Foi assim que reagi, um dia, a um convite do João Laranjeira de Abreu para entrar, como colaborador, para a Federação Portuguesa de Esgrima. O João havia sido atleta olímpico da modalidade e, se bem me recordo, defrontava-se, à época (seria 1969 ou 1970), com dificuldades de natureza administrativa na respetiva federação. 

Aparentemente, alguma ilusão piedosa sobre a minha capacidade de organização (quem me conhece sabe que sou um imenso e incurável desorganizado) tê-lo-á persuadido de que eu poderia ser útil à tarefa. Com algum esforço, consegui “safar-me” do encargo, mas confesso que sempre que vejo na televisão uma partida de esgrima me recordo da minha “afinidade” não concretizada com a modalidade.

O João era então meu colega de estudos nos “ultramarotos” da Junqueira, que Adriano Moreira quis transformar de antiga escola de quadros para a administração colonial numa verdadeira faculdade de ciências sociais, até Marcelo Caetano o “pôr com dono”. 

Com o correr dos tempos, viemos a ingressar ambos na diplomacia. O destino afastou-nos sempre geograficamente, nunca coincidimos a trabalhar juntos, mas fomos mantendo contactos esparsos, ligados por uma forte amizade.

Há dias, nesse espaço estranho que é o facebook, surgiu-me o seu nome. Inquiri se era mesmo ele, tendo de volta recebido a confirmação de que sim. Da troca posterior de mensagens, vim a verificar que anda pelo sul das Américas e que, infelizmente, a saúde não o tem ajudado, “to say the least”. 

Porque sei que me lê, tendo-me revelado que o que vou escrevendo por aqui é uma das suas mais regulares ligações ao que se passa no nosso país (acontecem-me, às vezes, dias felizes assim), quero deixar-lhe um forte abraço de amizade, com votos de que tudo lhe possa ir correndo o melhor possível. 

Quero aproveitar para garantir ao meu amigo João Laranjeira de Abreu que a esgrima não perdeu nada com a minha não colaboração, mas que recordo ter ficado então muito “touché” pelo convite.

7 comentários:

A Nossa Travessa disse...

Caro Chico

Nunca entrei em duelo; não gosto das espadas. Mas lembro-me de ter lido que os duelistas usavam o Bois de Boulogne em Paris e outros locais. Também li coisas sobre os floretes. Na televisão no cinema Infelizmente os duelos passaram longe mim. E é tudo

Abç do Henrique

Francisco Seixas da Costa disse...

Hoje, Henrique, no Bois de Boulogne, em especial à noite, as espadas desembainhadas são outras, como sabes...

Anónimo disse...

Vexa pode ser muito desorganizado ( a forma correcta seria desorganizada, mas soa mal...) no entanto tem método suficiente para todos os dias deixar aqui uma palavrinha para os de nós que o vão lendo!...

obrigado

Francisco Seixas da Costa disse...

Isso não é organização, é teimosia, que é outro dos meus defeitos...

carlos cardoso disse...

O facto de ter encontrado no sábado passado "umas páginas de papel policopiado" de 1970 parece contradizer a sua reivindicação de desorganização...

Anónimo disse...

Caro Carlos Cardoso

Nunca se sabe, podia já estar a procurá-las há uns meses!...

Anónimo disse...

Teimosia é uma virtude...

Não conheço um desorganizado, que, se reconheça como tal.

E conheço muitos!!!


A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...