sexta-feira, novembro 03, 2017

Lena d’Água


Pertence a uma geração que me diz pouco, não só porque não andei muito por cá nesse tempo, mas também porque cada um tem a sua idade e as afetividades de estimação que a ela são próprias. Mas posso dizer, com segurança, que conheço muito bem a música que Lena d’Água espalhou por esses anos 90. Ouvi-a uma única vez ao vivo, se bem me lembro, não há muitos anos, no Maxim’s.

Tinha uma bela beleza, se me permitem usar o pleonasmo para designar uma frescura interessante, bem ao jeito da época. E uma voz muito curiosa, de que ficaram alguns temas para sempre.

Nunca a desliguei do nome do pai, José Águas, essa elegante figura no centro de uma linha de ataque (na altura, dizia-se assim) que deu muitas alegrias ao futebol luso. E do irmão, também um jogador de mérito, com um fácies eternamente ensonado - e que esperemos que acorde para o drama da irmã.

Agora, num processo de declínio que a sua participação no festival da canção já indiciava, anuncia-se que Lena d’Água está financeiramente “nas lonas”, vendendo ao desbarato o que lhe resta. É uma situação triste, reveladora de que o êxito, e o estilo de vida que o acompanha, é um bem muito precário.

Nem sempre a decadência é um valor nostalgicamente valioso. Melhor: quase sempre não é.

Lembremos aqui a Lena d‘Água de outros tempos

5 comentários:

Cléo disse...

Eu acho que a decadência é sempre um sinal muito triste dos tempos... e oxalá tenha mais sorte daqui para a frente, a nossa Lena.

Anónimo disse...

É mais anos 80, a pequena. Nos 90, já não.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Francisco: é sempre a história da cigarra e da formiga. Quando se tem gasta-se para além do que a cautela apontaria. Quando se não tem, infelizmente, já é tarde demais...
Mas a formiga tem muito menos graça do que a cigarra que gera sempre imensa simpatia...sobretudo da parte daqueles que dela se aproveitam!
Parece uma boutade algo moralista. Não é. Trata-se de bom senso. Mas este, hoje em dia, é muito mal visto.
À bon entendeur, salut!

Anónimo disse...

Há uns tempos deu um concerto no teatro da Damaia. Estavam lá algumas vinte pessoas e - arrisco -, a maioria era gente conhecida.


Há uns anos deu um concerto no Nimas e aquilo estava cheio!


A voz, está igualzinha. As canções, são tão boas quanto antes, portanto... falta-lhe um empresário.

Anónimo disse...

"Parece uma boutade algo moralista." Bom, D. Helena, parece e é. Falando de "bom senso", eu diria que o bom senso, melhor, a dignidade, aconselha duas coisas nestas circunstâncias, a primeira delas fácil e gratuita, a segunda onerosa, mas opcional: Nunca em circunstância alguma fazer publicamente juízos morais sobre a vida de pessoas caídas em desgraça e ajudar.

A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...