Há dias, contei por aqui um episódio passado no Teatro Sá de Miranda, em tempos de antanho. Com o Cine Palácio, essa sala foi, por muitos anos, uma das duas salas de cinema de Viana do Castelo.
O meu amigo Francisco Trindade Lopes, que meia Viana de outros tempos conhece como o Chico Rendeiro, desportista mítico da cidade, lembrou, em comentários feitos ao meu post no Facebook, duas notas complementares, que ajudam muito a ilustrar o espírito da época. Achei que era pena esses comentários perderem-se, pelo que os destaco aqui.
A primeira é passada no Sá de Miranda. A gente de poucas posses ia lá para cima, para o designado balcão. Um dia, num filme de cowboys, quando a atriz estava a tomar banho numa daquelas banheiras curvas, alguém, lá de cima, do dito balcão, disse em voz alta, para despertar a inveja da plateia, teoricamente não beneficiada com uma perspetiva do interior da banheira: “daqui é que se vê bem, c....!”
O segundo prende-se com o cinema Palácio, que era a sala de cinema por excelência da cidade. A sala estava dividida, quer física quer socialmente. Quem tinha algum estatuto social ia para os camarotes, que deviam ser dez, para a tribuna e, a seguir, para a plateia. Dividida por um fosso, ficava a geral, frequentada sobretudo por gentes da Ribeira. Quando eram exibidos filmes de cowboys ou de capa-e-espada, a geral enchia. Quando índios e cowboys se defrontavam, o pessoal, na brincadeira, no dia seguinte, comentava: “ontem, na geral, no Palácio, morreram dois gajos na fila da frente, por causa das flechas. Não se pode ver estes filmes de tão perto!”
2 comentários:
Só uma questão: esse Rendeiro é o Rendeiro da lendária equipa de hóquei em patins do Sporting e da selecção?
Ai a Sheila ....!
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