terça-feira, novembro 28, 2017

Diplomacia publicitada


Há países onde o desagrado das autoridades face ao comportamento de um Estado estrangeiro se expressa em "leaks" para a comunicação social, que, depois, funcionam como forma artificial de pressão sobre essas mesmas autoridades. Perante o "escândalo" que elas próprias provocaram, voltam-se para os diplomatas dos países visados e dizem: "Vêem? Temos a imprensa em cima de nós! Têm de fazer alguma coisa!". (Sei do que estou a falar).

Portugal não tem (felizmente) essa tradição. A nossa diplomacia é mais discreta, o que não significa ser menos eficaz.

Às vezes, contudo, sinto a tentação de recomendar que se "parta a loiça". Nós sabemos que a Espanha está a atravessar, como nós, uma seca terrível. Temos de ter compreensão pelos seus problemas, mas não devemos ter a mínima aceitação para alguns transvases que se fazem em áreas dos seus territórios e que afetam, ainda mais, os caudais dos rios comuns. É que tenho a firma convicção que são essas práticas que contribuem para que a Espanha, nos dias que correm, esteja claro em incumprimento do acordo de 1999 sobre os rios transfronteiriços.

6 comentários:

Reaça disse...

Foi após uma certa data fatídica que a diplomacia com a Espanha foi uma desgraça.
Foram os transvazes dos dois grandes rios sem nos darem a mínima.
Foram as centrais nucleares junto a esses rios e bem perto das nossas fronteiras sem proveito nenhum ou compensação para nós.
Enfim, agora até as nossas empresas e os nossos bancos estão nas mãos castelhanas sem qualquer benefício para este lado.
Nunca nos deram mais cavaco, ao menos que nos encontrássemos na Mérida para conversarmos.
Mérida ficava a meio caminho entre Lisboa e Madrid.

A Nossa Travessa disse...

Caro Chico

Existe o ditado Nem bom vento nem bom casamento...
Claro que deploro os incêndios, mas...

Abç do teu amigo Henrique, o Leãozão

...E já estamos a dois pontos do FÊ CÊ PÊ..

Anónimo disse...

O Ministro do Ambiente, pela segunda vez, diz que nós é que estamos em incumprimento :)

Bem, mas é um ministro de um governo presidido por um indivíduo que dá entrevistas em espanhol no Palácio de São Bento, que entrega a bandeira nacional ao PR de pernas para o ar, que se deixa fotografar - em visitas oficiais -, junto de bandeiras portuguesas de pernas para o ar (a nossa diplomacia já reagiu junto do Estado tunisino???!!!) e que até se baba todo quando a viúva do Saramago o humilha - a ele e a todos nós -, recusando-se a falar português.

Como é óbvio - também neste caso da água -, a independência da Catalunha seria uma prenda inestimável para nós mas... a malta acha que não.

Anónimo disse...

E qual é o leverage que Portugal tem sobre Espanha?

Pela maneira como a classe politica portuguesa se verga perante os interesses espanhois e pelo modo como deixou o capital espanhol se instalar em Portugal nao deve ser muito...

Luís Lavoura disse...

(1) Ainda ontem ouvi o ministro do Ambiente português a dizer, claramente, que Espanha tem cumprido com o acordo.

(2) Aquilo que Espanha faz, Portugal fá-lo igualmente. A Espanha usa 95% da água que tem nas barragens para irrigação agrícola; Portugal usa "apenas" 80%. Se há falta de água em Portugal é porque Portugal andou a usar a água que acumulou para regar terras e para apagar incêndios, não é porque Espanha faça transvases.

Anónimo disse...

Aparentemente, há pacóvios que ainda acham que um Estado agressivo como a Espanha, que não tem problemas em manter territórios tão ridículos como rochedos a poucos metros de praias marroquinas (e a defendê-los pelas armas), que saliva raivosamente perante a hipótese de roubar Gibraltar à sua população anglófila, que não cumpre tratados internacionais (como o relativo a Olivença), etc., etc., etc., (e não falo da Catalunha para não acordar os mastins de serviço), vai - em caso de seca dramática -, andar a deixar passar água para Portugal quando precisa dela para os seus campos.

Do ponto de vista político, era suicídio para qualquer governo que preferisse cumprir acordos internacionais a tratar do seu próprio povo e, depois, ainda se arriscava a ter alguma revolta.

Mas, sabem de uma coisa? Já nos anos 80, jornais "fascistas" como o Diabo, chamavam constantemente a atenção para a questão dos transvases. Aparentemente... tudo na mesma.

A nossa tropa - no intervalo de situações ridículas -, em vez de andar a treinar operações de paz, devia era de treinar sabotagem de barragens e rebentamento de paredões. Um dia... vai ser preciso.

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...