quarta-feira, novembro 15, 2017

Agnelli


Susana Agnelli foi, nos anos 90, uma improvável ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália. Morreu em 2009, com 87 anos. Coube-lhe os destinos da Farnesina (as Necessidades italianas), durante a presidência italiana da União Europeia, em 1996. O modo “leve” como geria a pasta e tratava algumas temáticas internacionais conduzia-a a algumas “gaffes” embaraçantes, a que a sua proverbial distração acrescentava momentos divertidos. Recordo um dia em que, ao seguir um papel que lhe havia sido preparado pelo secretariado - que trazia uma nota entre parêntesis que dizia “ler isto apenas se os ingleses suscitarem a questão” -, ela leu, não apenas o texto que não era suposto ler, mas também a própria nota que estava entre parêntesis, o que levantou gargalhadas em toda a sala.  Ela, porém, continuou impávida, com o seu sorriso-esgar quase aristocrático.

Foram seis meses em que, em várias ocasiões, tive de visitar a Itália. A mais memorável foi uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros em Ravello, na costa malfitana, a que fui no lugar de Jaime Gama, presidida por Agnelli. Aterrámos de helicóptero, num campo de futebol, idos de Nápoles, e a varanda no quarto em que dormi tinha, provavelmente, a mais bela vista que alguma vez pude apreciar num qualquer hotel em que me tenha alojado.

Havia sido em Turim, onde hoje estou, que se iniciou essa presidência italiana. A reunião realizou-se no histórico edifício da Fiat, o Lingotto, com uma espetacular pista e heliporto no topo (vou lá amanhã recordar). Recordo-me das palavras de Jaime Gama, que deliciaram Suzana Agnelli, quando agradeceu o seu acolhimento: “Quero agradecer a sua hospitalidade, o ter-nos recebido triplamente em sua casa: no seu país, na cidade onde nasceu e na Fiat”...

10 comentários:

Luís Lavoura disse...

Agnelli era o apelido dos criadores e proprietários da Fiat. Ela era dessa família?

Joaquim de Freitas disse...

Oh Senhor Embaixador : Andamos frequentemente, notei, em linhas paralelas no vasto mundo. Eu, em Cantão, desde os anos sessenta, para o meu trabalho de prospecção comercial, de comboio, mas passava pela ponte de Lowu, via Hong-Kong. Onde se podia ler as tabuletas , vindo de Cantão : “Be aware pick-pockets” Era no tempo de Mao ! Hoje existe uma ponte muito mais moderna, a partir de Macao e os “pick-pockets’ são mais raros…

E em Turim, na Fiat, também nos cruzamos, mas eu ia a Mirafiore, vender os meus robots para pintar os automóveis. Mas o patrão tinha o mesmo nome, Agnelli. E que nome prestigioso! O “Avvocato” tinha mais poder que o primeiro-ministro. Mas há muitos Portugueses que só conheciam o seu nome por causa do Juventus….

Anónimo disse...

É caso para dizer que a ligação da senhora à marca explicará os problemas de mecânica da diplomata...

Anónimo disse...

Mas porque diabo (com todo o respeito) alguém precisa de perguntar se a senhora era da família dos donos da Fiat, se isso mesmo, para além de ser obviamente patente da parte final do post, ainda pode ser facilmente comprovado no Google?

Anónimo disse...

O Freitas é um monumento. E com uma personalidade destas à solta, foram escolher o dois queixos do Guterres para a ONU!

Luís Lavoura disse...

O nome dela era Susanna, não Suzana.
Note-se que foi ministra dos Negócios Estrangeiros com a vetusta idade de 73 anos, o que ajuda a explicar as suas gaffes.
(A Itália é um país ainda mais gerontocrático do que Portugal.)

Anónimo disse...

Pequena correção: Costa Amalfitana, não Malfitana.

Joaquim de Freitas disse...

O anónimo é especial: quando escreve um comentário visa sempre alguém: se não é o autor do blogue e o seu “post, é um comentador, ou então alguém “por tabela” !

Mas nunca vem por aqui para construir algo. Creio que é um anarquista. Destruir é que é bom…

No caso presente, como não gosta dos socialistas, e tem todo o direito de não gostar deles nem de alguém, foi Guterres que recebeu “por tabela”, de maneira depreciativa, sem elegância.

No que me diz respeito, não sou um monumento, mas saiba Caro Anónimo, que me encontrava em Pequim nos anos 60, dirigindo um stand da minha firma, Saint Gobain Pont à Mousson, 150 000 colaboradores no mundo, proprietário da COVINA (conhece?) e que participava na Primeira Grande Exposição Industrial Francesa de China, patrocinada por De Gaulle e o Grande Timoneiro, o Presidente Mao Tsé Tung.

Decidida após o reconhecimento do governo comunista de Mao, pela França, por De Gaulle na realidade, que queria assim fazer “prazer” aos EUA.

No meu stand, tive a honra de saudar o primeiro ministro Chu En Lai, pessoa elegante e refinada, duma grande cultura, companheiro da Grande Marcha, que falava francês, e que tinha trabalhado na Renault -Billancourt, quando estudava em Paris.

Tem piada, que quando escrevi que à chegada a Hong-Kong, na ponte de Lowu, ,vindo de Cantão, havia as famosas tabuletas “Be aware pick-pockets’ , o que significava para os ocidentais que entrávamos no chamado “mundo livre” e democrático, e que era preciso fazer atenção, porque a China era do outro lado.

Mas o anónimo nem leu. Se fosse curioso podia ter perguntado o porquê dessas tabuletas. Mas Guterres era o alvo,” por tabela” e Freitas sobretudo.

Ter-lhe-ia dito que, em Pequim, durante três semanas, no Hotel” Minzu Fan Dien’ , Hotel dos Estrangeiros, quando partia de manhã do meu quarto e deixava por inadvertência , ao mudar de fato, algumas moedas sobre a mesa, a empregada de limpeza, limpava o pó à volta das moedas e não lhes tocava. Era a China de Mao. Era a diferença com Hong-Kong, ao chegar de Cantão.

Estou a responder-lhe porque lá fora estão 3¨C…e o Monte Branco jà recebeu o seu novo alvo chapéu de Inverno.

Anónimo disse...

Nada disso, Freitas! Você é um monumento pela cagança! CAGANÇA! A sua necessidade de estar sempre a mostrar que esteve num sítio, que conheceu alguém, que falou com sicrano, todo este desenvolvimento de que trabalhou para uma empresa com X empregados (são EMPREGADOS, não são "colaboradores" - fugiu-lhe esta, hem?), tudo isto é CAGANÇA! E a CAGANÇA é ridícula e inútil.

O Guterres também é inútil mas sempre é um tipo humilde e que não chateia. Já você...

Joaquim de Freitas disse...

Ao anónimo das 12 :57 : Não sei se compreende a língua francesa. Podia responder-lhe com duas palavras: “ Pauvre Type”.
Mas existem vários tipos de “pauvre type”, mas pensando em si, encontrei dois:
• N¨1- Aquele que faz quase pena e a quem podemos conceder algumas circunstâncias atenuantes.

• N°2- Aquele que não tem limites, que não tem princípios, que não hesita a mentir, sujar, etc., no fundo, a fazer mal aos outros, que não se sente bem na sua pela, qualquer que seja o meio em que se encontra. Um nulo. Um infeliz, e tanto mais infeliz que é invejoso dos outros. A inveja é um verme roedor, mais danosa para quem a sente, que para quem dela é o alvo.

Deixo-o escolher. Você pensa que todos os emigrantes Portugueses são porteiros e trolhas, que, estes, têm certamente muitas qualidades.
Conheço no estrangeiro muitos Portugueses de grande valor, em lugares cimeiros de grandes empresas. E porque não seria assim? Os Portugueses valem não importa quais outros. E eu tenho muito orgulho pelo que fiz num pais que me acolheu e a todos os meus.

Para acrescentar um pouco mais de ‘caganço” à sua ronha, posso dizer-lhe que conheci e negociei com Carlos Ghosn,, patrão da Renault-Nissan quando era chefe das compras na OPEL, na Alemanha.

Não conheci o nosso compatriota Carlos Tavares , um Lisboeta, na PSA -Peugeot, mas negociei com o seu predecessor.

Que estava na China na data que indiquei e lá voltei uma dezena de vezes. E que participei ao jantar oferecido pelo governo chinês, na grande sala da Assembleia do Povo, praça Tian'anmen, e ao espectáculo da Opera de Pequim.

Que estive no Japão dezenas de vezes, na mesma época e em Hiroshima, na Mazda.
Que cobri a Ásia e a Oceânia, da Índia à Austrália, Nova Zelândia e Tasmânia e todos os países do Sudeste Asiático.

Os Estados Unidos, o Canadá e a América Latina e alguns países da África.
Durante 35 anos. E tudo isto porque falava e falo cinco línguas, tinha um Curso Comercial, tinha uma boa saúde e era o Director Exportação antes de acabar Director Geral duma filial.

Há países onde existem oportunidades reais de sucesso profissional. Muito depende de nós, mas também da sociedade na qual se evolui. Se ela é medíocre, é mais difícil.

Compreendo, na sua reacção que frisa a raiva, que a mediocridade não o poupou.
Que creia ou não o que precede, tenho outra frase bem francesa para lhe responder: “ Je m’en fous”.

Agora veja bem como politizou o nosso diálogo. O que é que Guterres tem a ver com a sua insatisfação do país onde vive? Diga-me o que fez da sua vida e dir-lhe-ei se tem razão de julgar alguém que não conhece, eu, e alguém que conhece mas do qual discorda politicamente.

Os espíritos medíocres, condenam ordinariamente tudo o que se passa ao seu alcance.

PS) Um torneiro mecânico, um montador, um contabilista, um comercial, quadro ou não, são todos colaboradores da empresa. Não dê lições onde não conhece nada.

Obrigado, António

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