domingo, agosto 02, 2015

Pérolas de Belém

Américo de Deus Rodrigues Tomaz foi "eleito", em 1958, Presidente da República, cargo em que permaneceu até ao dia 25 de abril.
Ao longo dos seus mandatos, algumas frases dos seus improvisos tornaram-se um "must" do anedotário nacional e chegaram a ser objeto de cortes dos serviços de censura. Vejamos algumas dessas pérolas (hoje recordadas por um excelente blogue, mas que não admite partilha):
  • Comemora-se em todo o país uma promulgação do despacho número Cem da Marinha Mercante Portuguesa, a que foi dado esse número não por acaso mas porque ele vem na sequência de outros noventa e nove anteriores promulgados..."
  • “A minha boa vontade não tem felizmente limites. Só uma coisa não poderei fazer: o impossível. E tenho verdadeiramente pena de ele não estar ao meu alcance.” 
  • “É uma terra [Manteigas] bem interessante, porque estando numa cova está a mais de 700 metros de altitude...”
  • "O Senhor Professor Oliveira Salazar, ao longo de mais de trinta anos, é uma vida inteiramente sacrificada em proveito do país, e desconhecendo completamente todos os prazeres da vida, é um homem excepcional que não aparece, infelizmente, ao menos, uma vez em cada século, mas aparece raramente ao longo de todos os séculos."
  • "Eu prolongo no tempo esse anseio de V.Ex.ª e permito-me dizer que o meu anseio é maior ainda. Ele consiste em que, mesmo para além da morte, nós possamos viver eternamente na terra portuguesa, porque se nós, para além da morte vivermos sempre sobre a terra portuguesa, isso significa que Portugal será eterno, como eterno é o sono da morte."
  • "Neste almoço ouvi vários discursos, que o Governador Civil intitulou de simples brindes. Peço desculpa, mas foram autênticos discursos."
  • "Pedi desculpa ao Senhor Engenheiro Machado Vaz por fazer essa rectificação. Mas não havia razão para o fazer porque, na realidade, o Senhor Engenheiro Machado Vaz referiu-se à altura do início do funcionamento dessa barragem e eu referi-me, afinal, à data da inauguração oficial. Ambas as datas estavam certas. E eu peço, agora, desculpa de ter pedido desculpa da outra vez ao Senhor Engenheiro Machado Vaz."
  • "É a primeira vez que cá estou depois da última vez que cá estive."
  • "Hoje visitei todos os pavilhões se não contar com os que não visitei".

18 comentários:

inconfessável disse...

Não paro de rir. A primeira frase, lembra Cavaco Silva e mais as contas com ou sem a Grécia

Anónimo disse...

A "pérola de Belém" foi substituída em 74 por material em cortiça.

Teremos em 2015 uma "santinha" ????

Anónimo disse...

Em anedotário o tomaz já foi ultrapassado pelo actual inquilino de Belém. Se baralharem as frases de ambos torna-se complicado decifrar a quem pertencem!...

Santiago Macias disse...

Há também o célebre discurso dos periquitos, do qual a RDP tem, felizmente, um registo.

Anónimo disse...

Lembro os vários discursos em que Thomaz expressava a sua desolação pela rebeldia da juventude portuguesa, em que na altura eu me incluía.

"Sopra sob a face da Terra um vento de desorientação, e são os jovens os mais sensíveis aos seus efeitos."
(Discurso de 1 de Dezembro de 1969. A frase do venerando chefe de Estado entrou também para os anais da ciência meteorológica, pela descoberta implícita dos ventos subterrâneos).

“A juventude está irreconhecível e ninguém sabe o que pretende com os desvarios que comete.”
(Discurso de 1 de Janeiro de 1973. Talvez a juventude de então pretendesse uma revolução, às tantas).

Saudações do
Zé B

António Pedro Pereira disse...

Caro Senhor Embaixador:
Faltam muitas mais, como, por exemplo, esta incursão matemática na teoria dos conjuntos:
«Hoje visitei todos os pavilhões, se não contar com os que não visitei.» (Na feira de Torres Novas)
Mas ter-se esquecido do «must» do «must», de alto recorte filosófico de raiz Shakespeariana, não sobre o «ser ou não ser» mas sobre o «estar ou não estar», jamais lhe perdoarei.
«É a primeira vez que estou cá desde a última vez que cá estive».

Anónimo disse...

Fontes?

Majo disse...

~~~
~~ O Professor José Hermano de Saraiva gostava dele...
~~ Parece que tinha sentido de humor e sabia elogiar...
Nem tudo podia ser mau, no manso ''corta-fitas'' de Salazar.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~ ~ ~ ~

Julia Macias-Valet disse...

Como se diz na minha terra : Mas que grande atasqueiro !

Portugalredecouvertes disse...


Sr. Embaixador

Que mauzinho :)

Dulcineia disse...

Santiago, houve discurso no dia em que ficaste no retrato com ele ?

Anónimo disse...

Ofereceram-me uns canários. Periquitos, digo. Gosto muito de canários. Periquitos, digo...
Mas o comentário das 18:38 e o das 18:49, estão certinhas que nem ginjas.

Anónimo disse...

Caríssimo Chico

O Cavaco consegue ser pior: entre os cidadões e o façarei vi o salto de uma pu... de um elefante que ele consegue dar com a ajuda da Virgem de Fátima por intermédio da dona Maria.

Mas tenho de recordar o que o Tomás disse depois de inaugurar pelá terceira vez os estaleiros de Viana: Depois e tudo o que vi só me resta um adjectivo: gostei

Abç do Leãozão

... e vão quatro na batatolina

José Sousa e Silva disse...

Sim, o comentário das 18H46 - e não 18H49 - é o mais hilariante.
Mas deixe que lhe diga que tais intervenções do então Supremo Magistrado da Nação ao menos dão para rir, enquanto as do actual cidadão número um dão para chorar.

Carlos de Jesus disse...

À margem...
O seu Traffic Feed não está a contar comigo que o estou a ler de Jupiter Fl,
USA

CORREIA DA SILVA disse...

E, muitos Américo Tomaz , continuam a parasitar neste "país".

patricio branco disse...

talvez a seara nova, em cada número citava, transcrevia ditos de américo. retirados do contexto, diría ele hoje!!

Carlos Anjos disse...

Conheci pessoalmente essa besta, cumprimentou-me uma vez no 10 de junho de 1973 no estádio nacional, onde estava a fazer de ginasta com mais umas largas centenas de outros garotos. Fui escolhido para cumprimentar o marujo corta-fitas, e o aperto de mão dele, frouxo, e de mão suada que passou nos meus caracóis de miúdo, ainda hoje me é repelente.Temos novamente uma besta muito similar a ocupar Belém, só que esta não veste fardas brancas e azuis escuras, veste fatos de mafioso ! Tudo "a bem da nação" !!!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...