terça-feira, outubro 23, 2012

À mesa de Portugal

Ontem, coincidiram em Paris três eventos em que as indústrias agro-alimentares portuguesas estiveram em destaque.

Na grande feira internacional bianual da especialidade, a SIAL ("the Global Food Marketplace"), mais de 40 empresas portuguesas apresentaram dezenas de produtos de alimentação, algumas delas mostrando-se pela primeira vez neste contexto, outras consagrando uma presença externa habitual. O que mais me surpreendeu, e muito positivamente, foi o otimismo da generalidade dos empresários, olhando "em frente" e com um discurso comum de saída da crise.

Durante todo o dia, os salões da embaixada encheram-se de escanções e responsáveis pelos mais importantes restaurantes e hotéis de Paris, numa iniciativa reservada a profissionais promovida pela recém-criada "L'Art em bouteille", uma empresa que pretende trazer para França os melhores dos nossos vinhos e que, nesta sua primeira grande iniciativa, contou com a presença de importantes produtores do Douro.

Ao final da tarde, numa operação que anualmente aqui costuma ter lugar, o destaque foi para os vinhos da Madeira, num evento que decorreu num prestigiado hotel de Paris.

No esforço exportador em que muito assenta a possibilidade de recuperação económica do país, o setor agro-alimentar está a ter um comportamento de algum destaque. Mas Portugal tem de conseguir firmar uma imagem sustentada de qualidade ligada ao que produz neste domínio, coisa que outros países já fizeram com imenso sucesso. 

5 comentários:

Anónimo disse...

Julgo que faz falta a Portugal a criação de uma (verdadeira) marca associada à qualidade. Temos bons (excelentes) produtos, mas não os sabemos/conseguimos exportar.
Não temos capacidade de criar essa associação. Demasiados "doutores da mula russa" a inventar slogans idiotas e pouca habilidade no marketing.
Mais do que tentar exportá-lo, há que criar, obviamente, através do marketing, mas também do profissionalismo constante, a vontade, o desejo de ser adquirido. A associação Qualidade/País tem de ser trabalhada. O senhor Embaixador saberá disso bem melhor do que eu.

Enquanto, como povo, não assimilarmos esta nova maneira de trabalhar com o mundo, não há Queijo da Serra que nos valha.

patricio branco disse...

a imagem não me parece corresponder à gastronomia portuguesa, mas antes à italiana. Posso-me enganar, mas o queijo atrás com o cutelo próprio espetado mais me parece um parmesão com a faca apropriada com que se separam as lascas do queijo. A não ser que seja um ilha curado. já o chouriço pode bem ser português.

boa e oportuna a ideia de promover os excelentes vinhos fortificados da madeira (ou mesmo os de mesa e as aguardentes). são vinhos originais muito diferentes dos portos em gosto, aroma, com uma gama variada em doçura ou secura ou cor. espero que tenham posto ao lado o fabuloso bolo de mel de cana ou os biscoitos ou broas do mesmo mel, que acompanham à maravilha estes vinhos ou vice versa.

É evidente que há muito trabalho a fazer para conseguir firmar uma imagem sustentada da nossa gastronomia, é um trabalho que nunca acaba

Anónimo disse...

Aproveito a amostra dos vinhos para vos deixar uma receita de licor TIM-TAM-TUM feito com vinho da Madeira.
7.50 dl de água; 25g de passas; 25g canela em pau; 25g chá preto; 3 ameixas pretas; 1 vagem baunilha; 1/2kg açúcar; 1/2l aguardente; 1 garrafa de "Malvasia Doce".
Levar a ferver por 15 minutos todos os ingredientes, excepto o alcool e o vinho. Deixar arrefecer. Juntar o vinho e aguardente. Pôr de infusão (mínimo 10 dias) num garrafão que se agita bem, todos os dias. (eu deixo 3 meses!) Passar o licor por um filtro e guardar em garrafas bem rolhadas. Se ainda forem a casamentos ou baptizados levem uma garrafa de prenda, pois todos os presentes brindados nunca o esquecerão! Quando forem à Madeira não deixem de ir nas Festas do Natal/Fim-de-Ano. Quem já lá foi noutra data terá de voltar... Peçam Malvasia Doce com bolo de mel "rico", Genebra, Cidra e TIM-TAM-TUM. Têm de enxutar tudo muito bem com o bolo para apreciarem sem sono "aquele fogo" a espraiar-se sobre a Pontinha e os barcos...

patricio branco disse...

curiosa a receita do licor que deve ficar bem docinho mas tambem com uma combinação de aromas afins que se reforçam. dá para uns 3 litros. aposto que fica bem servido quente ou morno no inverno (em zonas frias) mas tambem arrefecido no verão.
a madeira tem de facto uma região onde se produz cidra com uma variedade de maçã regional. há que bebê-la fresca da barrica na zona, engarrafada é dificil.´
já agora refira-se a poncha, essa "caipirinha" da madeira, feita com a aguardente de cana (correspondente à cachaça ou rum branco)limão e mel.
ou os licores de pitanga, maracujá, castanha, etc, e o pão ou doçaria de cstanha do curral das freiras.
bem, tudo isto ficará para a proxima mostra de gastronomia portuguesa em paris.
passando para outras regiões, espero que os moscateis de setubal ou de trás os montes estejam tambem representados no capitulo dos vinhos, sem esquecer os queijos dos açores, a unica região do país onde se sabe fazer queijo com leite de vaca a sério.

Helena Oneto disse...

Suculenta e colorida introdução à nossa gastronomia que a embaixada, magnifico "écrin" do melhor que Portugal tem para exportar, promove com dinamismo e "valeur ajoutée"!

Bravo! mon cher Ambassadeur!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...