sábado, outubro 20, 2012

Estratégias

Há meses, o governo nomeou uma comissão para a preparação de um novo Conceito Estratégico de Defesa Nacional. Para esse grupo, com uma composição mais do que heterogénea, foi convidada uma vintena de pessoas, com nomes publicamente tão conhecidos como Adriano Moreira, Jaime Gama, Loureiro dos Santos, António Vitorino, Fátima Bonifácio, Ângelo Correia, Francisco Pinto Balsemão, Leonor Beleza, Luís Amado, João Salgueiro, Gomes Canotilho ou Eduardo Lourenço. Durante alguns meses, sacrificando as férias de muitos, sob a coordenação do professor Luis Fontoura, o grupo preparou um trabalho que agora será entregue ao ministro da Defesa Nacional. Tive o prazer de integrar esse grupo, acompanhando, pela diplomacia, o meu colega embaixador Leonardo Matias e a dra. Maria Regina Flor e Almeida.

Leio agora, na "Sábado", que um conjunto de militares e alguns civis se reuniram no Instituto Geográfico do Exército, para contestar a necessidade de um novo Conceito. A liberdade de abril permite e estimula o aberto contraditório, que é sempre desejável, aguardando-se agora a produção de um contra-texto que permita abrir um debate enriquecedor. E noto, sem surpresas, que uma certa diplomacia de outrora não deixou de "cunhar" a sua presença nesse outro lado do espelho do pensamento estratégico nacional.

10 comentários:

Helena Oneto disse...

Hélas!

Anónimo disse...

Chame os bois pelos nomes: cunhas é com o Martins da Cruz.

Anónimo disse...

Mais uma comissão?

Mas não está o País já à comissão?

Como se foram as comissões no Ultramar...





Francisco Seixas da Costa disse...

Esta comissão trouxe encargos mínimos para o erário público, fez o seu trabalho no curto prazo a que se comprometeu e já encerrou os seus trabalhos. Quantas comissões funcionaram assim?

patricio branco disse...

a ausencia de militares profissionais em comissões de defesa nacional (nesta há um militar retirado)sempre me fez confusão, por prestigiosos e competentes que sejam os civis que as compõem. Militares, alem de diplomatas, politicos, especialistas do assunto, deviam fazer parte destes grupos.
A classe militar é hoje bastante desprezada pelo poder politico que pouca importancia lhe dá, como se só soubessem marchar, disparar, mas não pensar.
Um militar ministro da defesa uma vez não estaria mal, tal como um diplomata de carreira mne como de tanto em tanto sucede. Que passa?

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Patrício Branco: da referida comissão fizeram parte e nela tiveram uma atividadade relevante, o antigo ministro da Defesa, general Loureiro dos Santos, o antigo chefe do estado-maior da Armada, almirante Vieira Matias, e o antigo chefe do estado-maior da Força Aérea, general Aleixo Corbal. Nela participaram igualmente mais cinco antigos ministros da Defesa.

patricio branco disse...

caro fsc, obrigado pelo esclarecimento

Anónimo disse...

balsemão? a que propósito ele estava lá? que sabe ele de Defesa?

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo das 10.45: o Conceito tem uma dimensão que vai muito para além da Defesa, no sentido limitado que vulgarmente tem. Engloba todas as questões relativas à Segurança nacional, desde aspetos económico-sociais, diplomáticos e naturalmente militares, abrangendo temáticas muto diversas, como - a título de meros exemplos soltos - a dependência energética, a segurança alimentar, as questões sanitárias, as vertentes de preservação de identidade nacional, etc. Acha que um antigo deputado, ministro e primeiro-ministro, proprietário do maior grupo nacional de imprensa não tem nada a dizer de interesse sobre estes temas?

Anónimo disse...

Do FB: Em Timor-Leste, antes do referendo sobre a independência, um comandante da marinha contou-me a mim, e a outros, esta história: uma vez, um camelo encontrou um submarino no deserto e perguntou-lhe, admirado: "tu por aqui?". E o submarino respondeu: "é como vês!".....................
...... "Os portugueses gostam de brinquedos caros" - Wikileaks, citando embaixada americana em Lisboa aquando da compra de dois submarinos à Alemanha.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...