quarta-feira, outubro 24, 2012

Impostos

Estive hoje presente num pequeno almoço de trabalho que reuniu empresários franceses com o ministro do Orçamento, Jérôme Cahuzac. Para além de tentar perceber a racionalidade de algumas medidas que desenham o difícil orçamento francês para 2013 (as dificuldades, embora em grau variável, andam um pouco por todo o lado), tinha alguma curiosidade em assistir à conversa entre um ministro oriundo do Partido Socialista e um mundo empresarial que, não raramente, tem dado mostras de alguma incomodidade com decisões do novo poder político emergido em França.

Jérôme Cahuzac é médico cirurgião e explicou que a sua profissão o ensinou a "cortar" e a não hesitar, quando a decisão está tomada. Disse isso quanto à despesa, embora os seus interlocutores estivessem mais preocupados com o lado da receita. O diálogo com os empresários foi sereno, bem humorado mas bem franco. Dele não darei pormenores, porque a regra deste tipo de encontros (a famosa "Chatham House rule") assim o obrigam. Apenas revelarei que, a propósito da política fiscal deste governo, alguém lembrou, no final, uma frase de San-Antonio, que deixo em francês: "C'est au moment de payer ses impôts qu'on s'aperçoit qu'on n'a pas les moyens de s'offrir l'argent que l'on gagne".

4 comentários:

Anónimo disse...

Lá como cá ..

A força dos governos é inversamente proporcional ao peso dos impostos.

Nuno 361111

Anónimo disse...

Mas o cirurgião, em geral, sabe por onde corta e não tem a mão pesada. Já os tipos das finanças...
Mesmo assim, eu não me importaria do dever de pagar muito de impostos.
Aqueles que, legalmente, não pagam impostos sobre salários nem outros rendimentos estão com o poder de compra muito mais "precarizado". 
Direi mesmo que, como as coisas andam hoje, estão já muito abaixo do patamar da extrema pobreza.   
José Barros

Helena Oneto disse...

A grande maioria da chamada "classe moyenne" pensa exatamente o mesmo sem ter, nem de perto nem de longe, os "revenus" de San-Antonio que tinha boas razões para o dizer.

patricio branco disse...

uma boa regra essa

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...