É uma triste notícia para o país a crise que parece afetar o jornal "Público" e seria trágico para o panorama jornalístico nacional se ela viesse a significar o encerramento do jornal - ou a sua transformação num produto de natureza diversa, do qual apenas sobrevivesse o nome.
Em tempos, já aqui se disse algo sobre o jornal "Público" e sobre o que ele representou para Portugal. Porém, esta crise leva-me a duas novas questões.
A primeira é a necessidade de ponderarmos se, no mercado de leitura de jornais atual em Portugal continua a haver ainda espaço para um diário com as caraterísticas do "Público", isto é, com um jornalismo que, como há décadas dizia o "L'Express", "va plus loin...". Se tivermos de chegar à conclusão negativa, então o "défice" português vai muito para além das contas públicas.
A segunda reflexão é no sentido de tentar perceber se algumas opções em matéria de jornalismo, que o "Público" optou por seguir nos últimos anos, serão, no todo ou em parte, a razão da crise que o jornal atravessa.
20 comentários:
O último parágrafo não é 'A' chave, mas é 'UMA DAS' chaves.
Deixei de compra o Público pela deriva que refere.
E.Dias
Dos quinze milhões de portugueses quais são os que lêm? Quantos são? E quais as iniciativas do Ministério da Cultura para despertar mais portugueses para a leitura?
O nosso terreno é fértil, mas precisa de ser cultivado.
Quem é o Ministro da Cultura?
José Barros
Os outros não "lêm", "leem"...
falta de habitos de leitura, da imprensa como de livros, concorrencia da internet e tv, crise economica, comprar todos os dias o jornal vale a pena?, qualidade da imprensa (o publico actual será semelhante ao de há uns anos? como pergunta o blogue), outras razões, sei lá!
vejamos a coisa ao contrario, quais os jornais que vendem e porquê?
Creio que é preciso não esquecer o que se passou com o Público nos governos Sócrates. O jornal conduziu campanhas de ataque pessoal não só ao próprio Sócrates como a diversos membros do governo. O comportamento do jornal com a equipa do ministério da educação foi absolutamente lamentável, incluindo tudo e também campanhas de ataques pessoais. Essa deriva do jornal, provavelmente permitiu-lhe, na altura, ganhar alguns leitores de entre os professores alienados e de entre os habituais do Correio da Manhã, mas marcou o jornal, que, aliás nunca se retratou...
José Manuel Fernandes e a parcialidade das opções que tomou. Não é JJSS quem quer.
DL
É favor não esquecer a colagem (nunca formalmente assumida, parece-me) às chamadas "causas fraturantes" - umas aceitáveis, outras nem por isso -, e que, inevitavelmente, terá indisposto muitos.
Ainda há a questão do tom excessivamente "urbano-cosmopolita" da publicação.
Se o Pu'blico fechar vou sentir a falta do sudoku.
De há uns anos para cá, desde que o inenarrável Fernandes o transformou num órgão de combate da direita radical, pro'-invasão do Iraque, num pasquim dedicado ao assassinato de carater o Pu'blico deixou de ser credível.
A actual diretora ensaio um tímido aggiornamento mas já foi tarde.
Só não me congratulo com um possível encerramento por solidariedade com um punhado de jornalistas que lá trabalham e ainda merecem aquele nome.
Não é só o Público que atravessa um mau momento. A Agência Lusa também está a enfrentar um período muito conturbado que pode culminar com o despedimento de muitos jornalistas.
a Lusa vai sofrer um forte corte orçamental de facto, 30%, e seguem-se despedimentos, encerramentos de correspondencias e representações no estrangeiro e dentro, etc
Houve um período que o jornal era distribuído gratuitamente nos supermercados “Continente”. E de tão ruim que era, recusei sempre a oferta pois o pasquim nem para forrar o caixote do lixo servia, quanto mais para ler. Tudo graças a essa personagem chamada José Manuel Fernandes, e sus muchachos. Em boa verdade, foi a antecipação, sob a forma jornalística, do actual desvario governativo. JCM
Pois.... os jornais em Portugal... Aqui há pouco tempo os que tinham maior tiragem eram os desportivos e parece que é um sintoma importante. Agora aqueles que teem noticias que dão que pensar.... são pesados.... não interessam porque o que é bom é o circo. Mas... eu não sei
José Manuel Fernandes é o principal responsável pelo declínio de um jornal que comprei desde o primeiro número (que saudades de Vicente Jorge Silva), até ao episódio lamentável das "escutas" a Belém.
Um episódio que, noutras paragens, teria significado o fim de algumas carreiras políticas.
E não digo mais nada, porque quero ver o comentário publicado.
Estamos a velar um cadáver? quando é o enterro? E o canagalheiro é o Fernandes?
...óbvio que um jornal não vai sobreviver para sempre sem uma base financeira independente...parece-me tb óbvio que sem essa base muito dificilmente pode ser livre e respeitado...portanto este Público e todos jornais de hoje como de ontem… ou se convertem em tablóides ou servem o dono e quando o dono está de barriga cheia faz isto: fecha a porta…
As razões não têm nada a ver com José Manuel Fernandes (que já nem é o director, e que se afastou uns, atraiu outros) nem o Público alguma vez esteve na "direita radical", longe disso. A questão é que o Público nunca deu lucro, e agora, com a diminuição das vendas - por razões económicas e pela ascensão da leitura digital de jornais - ainda dá menos. Belmiro de Azevedo já não conseguia aguentar a situação.
Leio os jornais pela qualidade da opinião neles publicadas e essa qualidade não depende do jornal mas do articulistas. O Público tem muito bons articulistas de direita e de esquerda. Não tem há anos é qualidade nas notícias, nos títulos e no resto que dependa dos jornalistas que são uma vergonha. Na última semana até o procurador do leitor do jornal criticou, mais uma vezum qualquer título de primeira página completamente abstruso!
O que incomoda mais é o aparente convencimento dos ditos jornalistas que o leitor engole todos os disparates, manipulações e desejos tomados por realidades.
João Vieira
E a crise da Lusa, embaixador?
E a crise da Lusa, embaixador?
Enviar um comentário