segunda-feira, maio 11, 2009

Souvenirs, souvenirs

Tinha-o perdido de vista há muito tempo, pensava-o reformado, a tratar de netos. Afinal, chegado a França, dou-me conta que Johnny Halliday ainda mexe, vai no quinto casamento, inicia, em breve, "mais uma última tournée", já com lotações quase esgotadas, actuou no seu 25º filme (desta vez no Japão, queixando-se de quase não ter falas na fita, vá-se lá saber porquê...) e tem uma renovada biografia escrita pelo embaixador francês em Malta.

Apesar de alguns anos mais velho, Halliday é "um rapaz do meu tempo", um tempo em que tinha como namorada Sylvie Vartan e arrasava musicalmente a França e a concorrência, o que, em Portugal, acompanhavamos, com algum "voyeurisme" adolescente, através da leitura do "Salut les Copains". Nunca fui um incondicional: seguramente por defeito próprio, a sua canção de que sempre mais gostei era a versão francesa do "The House of the Raising Sun", aqui traduzida pelo "Le Pénitencier".

Halliday foi o émulo francês possível de Elvis Presley, mas, contrariamente ao cantor americano, a sua carreira teve escasso impacto fora do mundo francófono, onde, contudo, é um ídolo incontestado. Alimentou sempre um estilo de "bad boy", que vai bem com o seu tom de voz e a figura de roqueiro "blouson cuir", olhar castigador e moto à ilharga. Um dia, creio que em 1971, fiquei à porta de um concerto seu, em Bayonne ou Biarritz, à falta de bilhetes. Hoje, confesso, não tenho nostalgia suficiente para me bater por uma entrada num espectáculo para o ouvir.

5 comentários:

aminhapele disse...

Estou só a imaginar...
Vida de embaixador,ainda por cima blogueiro,não deve ser fácil!

Anónimo disse...

Que delícia de texto sobre o homem! Magistral! E nós por cá? Bom, o nosso “bad boy” será o José Cid? Ainda outro dia, segundo vi na TV, foi mais uma “enchente”! Curiosamente, dos vários grupos etários, todos lá estiveram representados! Como característica, a dar o “ar de bad boy”, terá os óculos escuros, aqueles sapatos de tacão alto e o ar gingão. E a voz, não sendo a do Halliday, nem a do Presley, “muito menos rouca”, é a imagem de marca dele. E pelos vistos, lá vai, também, resistindo. Mas, voltando ao “francês”, ainda me lembro de jovens amigas de suspirarem e se derreterem por ele. No fundo, tal como o Cid por aqui. E o Presley por lá. Há tipos com sorte. “Quem me lo dera!”... Quanto à Sylvie, gostava mais do tipo de canções dela, do que do Johnny. Uma espécie de Joni Mitchell francesa. Também gostei muito das canções daquela americana. Por aqui, julgo que nunca tivemos “nada parecido” (com elas), mas corrijam-me se estiver enganado.
P.Rufino

anamar disse...

Olá!!
Gosto muito de vir até aqui... Sempre jovial, senhor embaixador!!!
Sou uma vizinha sua com o nome de Mar á Vista...
apareça..
Este "bad boy", foi fazer os 60 anos a Bruxelas, em 2003ou e 4... assim como Vartan e Adamo!!!
Bom, foi um revivalismo puro e duro... ele um pouco canastrão, esgotou o estádio Balduino, mesmo assim...
Mas a sua ex, estava espantosa....e a cantar bem..
Mas nao deixou de causar um "frisson" a sua chegada á Place Jourdan, sair do seu "lamborguini"... e ir comprar as melhores "frites" de BRX...
Aí, foi ele que foi matar saudades...

Anónimo disse...

Sim, o Jojo belga-suiço ainda mexe, de facto.

So que ja nao pode mexer as duas pernas ao mesmo tempo quando dança twist. (Humor negro :-)

Hoje entre o Rock e o Roll, prefere o Roll, porque se faz de mota e é mais facil. Eh, eh.

Mario

Anónimo disse...

Caro Embaixador

Este seu texto leva-me a relembranças dos anos 60, da juventude estudantil e a um tempo repleto de emoções para quem despertava para a vida adulta ao som de "gira-discos" a pilhas "Teppaz"... vivenciàmos bailes entre colegas e construíram-se romances... Tardes inolvidáveis!

Relembro que o meu 45 Tours, tinha na face A o "Pénetencier" e na face B "Be-bop-a lula".

A Johnny Halliday, tiro-lhe o chapéu!... Difícil, certamente, de gerir durante mais de 40 anos, sucesso, people, família, gloria, dinheiro... a vida dele em suma.

Eterno ídolo dos franceses, pode prevalecer-se de uma "reussite" e de uma carreira excepcionais.

Do pouco que conheço – ou mesmo nada – aprecio a atitude do homem. Aprecio o artista.

Uma vida,um exemplo.

Carlos Alberto Falcão

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