O ensaio nuclear norte-coreano, na sua trágica irresponsabilidade, tem a colateral virtualidade de ajudar a acordar a China e a Rússia para a emergência, na sua vizinhança, de um poder dotado da arma mais poderosa, com um forte potencial desestabilizador. E esse poder é tanto mais imponderável quanto resulta de um Estado onde as atitudes não procedem de um processo decisório com base democrática.
À Coreia do Norte parece poder hoje aplicar-se o que alguns dizem das lideranças palestinianas: "They never miss an opportunity to miss an opportunity". Ao seu governo foram dadas várias hipóteses e soluções, com estímulos financeiros e de outra ordem, por diversos sectores da comunidade internacional. Moscovo e Pequim tomaram em atenção o que consideraram serem os legítimos interesses norte-coreanos no âmbito das "six parties talks", perante o compreensível alarme do Japão e a errática agenda dos EUA - que muitos, de forma simplista, identificam com a da Coreia do Sul. Resta-lhes avaliar o saldo dessa táctica.
Importará agora saber se esta nova intranquilidade criada em Moscovo e em Pequim tem possibilidade de vir a consagrar-se em termos de uma efectiva coerção sobre Pyongyang, através da mobilização eficaz de todos os meios diplomáticos disponíveis. Se isso viesse a acontecer, com resultados práticos, talvez abrisse portas para a sequente ponderação de medidas de contenção, com idêntico objectivo, noutros cenários de instabilidade e risco nuclear. E, quem sabe, talvez também pudesse servir de base à exploração da viabilidade das propostas feita pelo presidente Obama, no seu discurso em Praga, no tocante a uma ambiciosa agenda global de desarmamento nuclear. Mas isso seria jogar com a sorte e, infelizmente, a História prova que raramente tudo corre bem.
À Coreia do Norte parece poder hoje aplicar-se o que alguns dizem das lideranças palestinianas: "They never miss an opportunity to miss an opportunity". Ao seu governo foram dadas várias hipóteses e soluções, com estímulos financeiros e de outra ordem, por diversos sectores da comunidade internacional. Moscovo e Pequim tomaram em atenção o que consideraram serem os legítimos interesses norte-coreanos no âmbito das "six parties talks", perante o compreensível alarme do Japão e a errática agenda dos EUA - que muitos, de forma simplista, identificam com a da Coreia do Sul. Resta-lhes avaliar o saldo dessa táctica.
Importará agora saber se esta nova intranquilidade criada em Moscovo e em Pequim tem possibilidade de vir a consagrar-se em termos de uma efectiva coerção sobre Pyongyang, através da mobilização eficaz de todos os meios diplomáticos disponíveis. Se isso viesse a acontecer, com resultados práticos, talvez abrisse portas para a sequente ponderação de medidas de contenção, com idêntico objectivo, noutros cenários de instabilidade e risco nuclear. E, quem sabe, talvez também pudesse servir de base à exploração da viabilidade das propostas feita pelo presidente Obama, no seu discurso em Praga, no tocante a uma ambiciosa agenda global de desarmamento nuclear. Mas isso seria jogar com a sorte e, infelizmente, a História prova que raramente tudo corre bem.
5 comentários:
Não vale a pena ter ilusões. Quem mesmo vai ter que "tirar as castanhas do lume" são os americanos.
A Rússia e a China não farão muito mais do que já fizeram.
Como os americanos vão actuar, para além da tal strong diplomacy- que relativamente a Piongiang tem efeitos muito limitados - nem eles o saberão ainda. Mais complicado, muito mais, é o justificado nervosismo do Japão e da Coreia do Sul.
E cá temos mais uma situação criada por um aliado dos EUA, que vendeu (cedeu?ofereceu?) os planos da bomba à Coreia do Norte. Esta história é que está muito mal contada, apesar das provas aparentemente irrefutáveis que W Bush exibiu a Mussharaf. Eu, pelo menos, não a percebo tal como ela é contada.
Primeiro, por que razão o pai da bomba paquistanesa cedeu os planos à Coreia;
Segundo, como foi possível fazer isso sem a conivência de quem manda, ainda por cima tratando-se de instalações ultravigiadas;
Terceiro, que razões profundas terão determinado esse comportamento.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Ou seja, é preciso algo mais, para que bata...
JMC Pinto
A nossa geraçao viveu e vive com o pesadelo de saber que o poder nuclear armazenado ultrapassa a possibilidade de destruir completamente o nosso planeta e constatou, de forma quase passiva, aquela experiência americana sobre Hiroshima e Nagasaki, respectivamente a 6 e 9 de agosto de 1945 fazendo, segundo estimaçoes, mais de 200.000 mortos...
Portanto, como sabemos, a América é uma das velhas democracias e quando lançaram aquelas bombas sobre as ditas cidades sabiam que elas estavam cheias de gente!
Do meu ponto de vista nao deve haver paises que possam ter direito de ter tal armamento e paises que nao o possam ter.
Bemm sei que quem tem medo poe trancas na porta, quem tem muito medo dorme com espingardas armadas e engatilhadas atràs das portas, quem tem supra medo poe barris com polvora e por ai adiante...
Mas porque é que uns podem ter medo e outros nao? nao seria jà mais do que tempo de destruir todo esse arsenal mortifero e proibir, uma vez por todas, a sua existência?
José Barros.
Ora aqui está um ponto de vista interessante, de José Barros.
Albano
Acho que o terceiro paragrafo do Sr. Francisco Seixas da Costa, e os comentarios aqui feitos pelos diversos protagonistas anteriores, completam-se perfeitamente para um reflexao.
Até diria que afinal, "a respota" ao problema, parecendo que nao, està talvez aqui nestes conteudos, mesmo que sejam conteudos que desunidos, nao oferecem em si uma resposta e que se tratem de palavras reflectindo incertezas e questoes.
Interessante.
Mario
O Tio Sam mafioso e flibusteiro que
apoia Ditaduras feudais e clerical-fascistas e desencadeia guerras a milhares de quilómetros de distância,tem Bases Militares nos cinco Continentes e Esquadras Navais nos Sete Mares,porque pretende dominar o Mundo,em face disto,eu pergunto:-Afinal quem é que ameaça a Paz Mundial?
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