1. Imaginemos que um país "do Sul" da Europa tinha levantado uma qualquer "lebre" sobre um produto alimentar alemão, que viesse a provocar uma disrupção na produção e nos circuitos de comercialização do país. Caía o Carmo e o Reichstag! Não tendo sido assim, paga o orçamento da União Europeia...
2. Nestas coisas de sensibilidade dos mercados - talvez porque nunca tenha sido um grande fã da "mão invisível" - não me considero dos melhores "meteorologistas". Porém, o ambiente de divisão que se está a criar entre o Banco Central Europeu, por um lado, e a Alemanha e o Eurogrupo, por outro, relativamente às soluções para a situação grega, traz-me muito maus pressentimentos. Bastante para além (ou aquém) da Grécia, claro.
3. O caso de "Amina Arraf", uma suposta lésbica sírio-americana que, de Damasco, editava um blogue que estava a fazer sensação junto de quem seguia, à distância, a crítica situação na Síria, é bem a prova de que a "balda" no mundo da internet acaba por dar alguma razão a quem o pretende regular. Um suposto rapto de "Amina Arraf", que sublinhava nos seus textos a situação de repressão que se vive naquele país, provocou uma onda de solidariedade internacional. Afinal, "Amina Arraf" era um americano, estudante em Edimburgo, que inventava as histórias no seu blogue...
4. Fui hoje ver "La conquête", um filme de quase-ficção sobre a ascensão de Nicolas Sarkozy à presidência da República francesa. Os primeiros comentários davam a obra como uma caricatura achincalhante para a figura do chefe de Estado. Depois, foi com curiosidade que li uma apreciação benévola do filme por parte de Brice Hortefeux, uma das personalidades mais próximas do presidente francês. Hoje confirmei, uma vez mais, que uma obra tem a leitura que cada um estiver disponível para fazer.
5. Tira-teimas com um amigo diplomata que comigo entrou, no mesmo dia, no Ministério dos Negócios Estrangeiros: quantos ministros já tivémos nas Necessidades, até hoje? Ele dizia 16, eu dizia 19. Na realidade, depois de consultarmos o Anuário (um dia falarei deste clássico "instrumento" da nossa carreira), verificámos que, desde a nossa tomada de posse, em 14 de agosto de 1975, houve 18 personalidades diferentes que assumiram o cargo de chefe da diplomacia portuguesa, embora duas delas o tivessem feito por duas vezes, o que significa que tivémos, de facto, 20 ministros. É muito, em 36 anos? Talvez. No mesmo período, os EUA tiveram 12, a Espanha e o Brasil 13, a França e o Reino Unido 15, a Itália 18. Porém, desde que cheguei a Paris, o Quai d'Orsay já teve três titulares.