terça-feira, junho 07, 2011

Conhecimentos

Desde o início da sua carreira que aquele colega se revelara um deslumbrado com o seu estatuto de diplomata, que espalhava aos quatro ventos, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo. O "upgrading" social que a carreira lhe trazia era por ele explorado de forma quase obsessiva, procurando, por essa via, introduzir-se na vida mundana de Lisboa, forçando intimidades, recheando a agenda de novos conhecidos ditos importantes, que tentava tratar pelo nome próprio. Era um espetáculo (triste, diga-se) vê-lo entrar nos restaurantes onde, ao almoço, se juntavam políticos, empresários e figuras da sociedade. De mesa em mesa, saudava, mostrava-se e derretia-se se acaso alguém lhe acenava.

Um dia, um recém-entrado diplomata, manifestamente seduzido pela coreografia social desse colega mais antigo, fez notar isso a um velho embaixador, sublinhando o facto daquele colega conhecer "toda a gente"! O embaixador, homem com mundo que já tinha visto um pouco mais do que tudo, para além de ser um snobão de primeira, respondeu, cruel:

- Pois é! Ele, de facto, pode conhecer toda a gente. Só é pena que ninguém o conheça a ele...

8 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Snobão será...mas eu seria capaz de fazer o mesmo comentário...
:-))

Anónimo disse...

Dependia...
Embora assim deslumbramento à primeira vista profissões em riste, só Enfermeiros...

cada um!
Isabel seixas
Eventualmente algum poeta...
(Obediente aos meus critérios de seriação)

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
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Bem nas minhas andanças nos meandros da diplomacia, deparei-me com deslumbramentos e vaidades. Um chefe de missão mandou-me organizar a pasta com a designação “Vaidades”.
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Um número dois que servi (falecido) de tanta vaidade que havia dentro dele obrigou a secretária do chefe de missão de o tratar por doutor em vez de mister.
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Só que a rapariga, licenciada, por uma universidade do país onde Portugal estava acreditado, não esteve pelos ajustes, entrou no gabinete do chefe de missão e despediu-se de imediato. Ao outro dia já não se apresentou ao serviço da embaixada.
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A herança das plumas e vaidades dos Capitães da Índia ficaram, dispersas, por cá.
Saudações de Banguecoque
José Martins

Rui Franco disse...

Tanta vaidade para, no fim, andarem a comer croquetes...

(piada)

Anónimo disse...

O Post vem a propósito, pois cada vez há mais desses “deslumbrados”pelos corredores das Necessidades, agora a viveram os apertos próprios da Crise.
Uma outra prática é a dos convites para jantares em casa dos tais “deslumbrados”, com “personalidades” diversas, de áreas variadas, sem esquecer os “relevantes” da Casa, na senda da tal “net-work”.
Uma das características dos “deslumbrados” é o sorriso afivelado para as circunstâncias, qual esgar de pacotilha.
É vê-los hoje em dia, saltitantes, naquela velha e respeitada Casa, cuja História os “deslumbrados” desconhecem, muito possivelmente. Têm outras preocupações. A de chegarem ao topo tão rápido quanto possível, não olhando a meios. Amizades e amigos são, para eles, meras conveniências. Já não mudam. São em parte o espelho da nossa sociedade actual.
“Adido de Embaixada”

Anónimo disse...

Eu tenho ideia que conheço o melro...


CSC

Anónimo disse...

Ai tem?
A.E

ARPires disse...

Sobre estas vaidades de pacotilha, só tenho uma coisa a dizer, é não dizer mesmo nada, pois tal gente em mim provoca náusea, asco, faz-me nojo.
Gente que se coloca em bicos de pés para se fazer notar, francamente, comigo nem um café.
É tão bonito ser o outro, a reconhecer o mérito alheio.

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