O título deste post não tem nada a ver com o jogo disputado na sexta-feira entre Portugal e o Brasil. Refere-se apenas ao modo como as relações bilaterais são tratadas nas memórias do meu amigo Luiz Filipe Lampreia, antigo embaixador do Brasil em Lisboa e ministro das Relações Exteriores do seu país.
No "O Brasil e os Ventos do Mundo", livro que acaba de sair e que já estou a acabar de ler, aprende-se muito sobre o modo como a potência da América Latina olha as relações internacionais e, em especial, aquelas que são mais relevantes para o seu bem merecido processo de afirmação à escala global. Nesse olhar, há um espaço para a relação com Portugal, que deve ser lido na exata medida da importância que esta tem para a política externa brasileira.
Anoto duas referências.
Na primeira, Lampreia lembra a crise dos dentistas - uma temática sensível. que deixou algumas feridas na memória pública brasileira. A perspetiva do então embaixador brasileiro em Portugal não valoriza suficientemente, a meu ver, um conjunto de fatores importantes na ordem interna portuguesa que condicionaram então a nossa atitude. Tenho esperanças que, da nossa parte, venha a aparecer ainda a público uma leitura deste caso, que possa "dialogar" eficazmente com a visão de Luiz Filipe Lampreia.
A segunda referência, no contexto da densificação das relações político-económicas bilaterais nos anos 90, prende-se com a CPLP. Registo o que diz: "Essa instituição vem prestando bons serviços à aproximação entre os países que partilham a língua portuguesa, ainda que seu escopo seja limitado e que no Brasil não exista nenhum entusiasmo com a instituição. Na alfândega em Lisboa, por exemplo, existe uma fila especial para os portadores de passaporte da CPLP".
O memorialismo diplomático brasileiro, ao contrário dos escassos trabalhos entre nós publicados, é imenso e tem uma grande importância para a fixação da história contemporânea das relações externas do Brasil.
O memorialismo diplomático brasileiro, ao contrário dos escassos trabalhos entre nós publicados, é imenso e tem uma grande importância para a fixação da história contemporânea das relações externas do Brasil.