Este post é dedicado a um amigo, que às vezes julgo que aparece anonimamente pelos comentários deste blogue, o qual, tal como eu, é dado ao domínio do misterioso significado de algumas palavras e expressões, comigo trocando livros, de há muito, sobre esse fascinante tema.
Há umas semanas, uma importante personalidade política portuguesa, que viajava ao meu lado num automóvel, pelas margens do Sena, perguntou-me: "De onde é que vem o nome dos 'bateaux-mouches'?
Apanhado de surpresa - mas com a obrigação inerente a um diplomata em posto, que deve ter resposta pronta para tudo - respondi, com a imparável segurança dos que têm inconfessáveis dúvidas, que me parecia que a designação dada aos barcos que andam pelo Sena, cheios de turistas, derivava da suas grandes janelas de vidro, que se assemelhavam aos grandes olhos das moscas. Não fazia ideia de onde me tinha vindo essa súbita "sapiência", mas tinha-a na cabeça e preferi-a à versão, que ouvira ainda há pouco tempo, de que o nome derivava das vagas de moscas que, no Verão, pululavam pelo rio, atormentando os passageiros desses barcos.
Ontem à noite, estava a jantar numa "péniche", uma dessas embarações que estão ancoradas aos cais nas margens do Sena, onde vive um amigo meu de bom gosto e, ao ver passar um "bateau-mouche", suscitei a minha dúvida. E logo um conviva, mais sábio, me explicou: o nome é já do século XIX e deriva da antiga zona de la Mouche, em Gerland, a sul de Lyon, onde se situava um estaleiro em que os primeiros barcos (que viriam a ser utilizados para transporte de carga e passageiros no Sena) foram construídos.
Ontem à noite, estava a jantar numa "péniche", uma dessas embarações que estão ancoradas aos cais nas margens do Sena, onde vive um amigo meu de bom gosto e, ao ver passar um "bateau-mouche", suscitei a minha dúvida. E logo um conviva, mais sábio, me explicou: o nome é já do século XIX e deriva da antiga zona de la Mouche, em Gerland, a sul de Lyon, onde se situava um estaleiro em que os primeiros barcos (que viriam a ser utilizados para transporte de carga e passageiros no Sena) foram construídos.
"Voilà"! Às vezes, as coisas são bem mais simples do que pensamos.
10 comentários:
"Inconfessáveis dúvidas"
Trivia
Enigma
Sempre gostei de cenários flutuantes
Autênticos...
Onde barcos Panorâmicos
Arquitetados de barcos Funerários
Passeiam ou permitem divagar
As inconfessáveis dúvidas...
Isabel Seixas
Posso deixar uma mensagem!?...
Ao Tio Fernando
Que Nos acolhia
Incomensuravelmente
Como se fossemos
Como se conseguíssemos
Como se fossemos capazes
De ser o Seu Depósito de Esperança
E Nós
Ávidas por amortizar ausências
Aceitámos os sorrisos
Gratuitamente, como gratuitamente
Correspondíamos com afagos
Comíamos as suas batatas
Oferecidas como quem oferece Diamantes...
E o sabor...
A carinho
Degusta-se com o Amor do Fraterno
Sem Preço...
Sabes Bela...
O tio Fernando Faleceu
......Fez Bem.....
Isabel Seixas
...'espionagem', eh, eh, algo que me recorda a "M'amsell X" e uma certo ângulo da vida diplomática. Vá, de uma certa vida dita 'diplomática'... :)
"(...) Durante anos, a lenda queria que nome bateaux-mouches tivesse sua origem em um certo Jean Sébastien Mouche ... a verdade é outra: eles foram construídos em Lyon, Quai de la mouche ... Ou uma outra explicação: as pequenas embarcações deste tipo, baixas e silenciosas, foram construídas especificamente para espionagem, ...(...)"
Aqui:http://br.franceguide.com/Bateaux-Mouches.html?NodeID=1&EditoID=219608
Senhor Embaixador
Quanta sabedoria aqui revelam os seus comentaristas...
Fiquei a saber o que não sabia e, confesso-lhe, invejosa desse seu amigo que vive num barco. É, há muitos, muitos anos, o meu sonho!
Podia dar-me para pior. Quem sabe se um dia não desatino e dou mesmo forma ao sonho antigo?!
Penso, senhor Embaixador, que o seu amigo aficionado de “trivia” ficará agradecido por essa contribuição.
Permita-me, então, que ponha a benefício dos seus leitores (certo que estou que o Embaixador está a par desta “trivium”) a origem mais longínqua da expressão.
Evidentemente, a raiz é a mesma de “trivial” ou de “trivialidade(s)”.
“Trivia” seriam, neste uso comum e moderno, uma série de conhecimentos e informações interessantes mas de reduzida importância prática: a actriz Millicent Entwistle suicidou-se, em 1932, atirando-se do alto da letra “H” do dístico “HOLLYWOOD(LAND)”, em Los Angeles; “Canada” é uma palavra índia que significa “aldeia grande”; ou, ainda, os nomes dos dois ladrões cruxificados ao lado de Jesus eram Dimas e Gestas.
Mas estas expressões, “trivial”, “trivialidades”, trivia”, sofreram uma evolução semântica que lhes alterou o sentido inicial.
A palavra “trivia” designava o conjunto das três disciplinas que constituíam a fase inicial da educação, a educação básica, e que eram a lógica, a gramática e a retórica, que também eram referidas como as “trivia philosophica”. Seguiam-se as “quadrivia”, que já só recebiam os especialistas e letrados, uma espécie de educação superior: a aritmética, a geometria, a astronomia e a música.
Desculpe-me esta explanação, bem dentro do espírito de que comungo, tal como V.Ezª.e o seu amigo, inerente a essa área do “conhecimento”.
Oh Helena e eu que fiquei a pensar que era "alérgica" a barcos...mas pelos vistos é apenas ao "Cabo Avelar" e à travessia Peniche-Berlenga ; )
Ou sera que a Helena tem queda para marinheira d'àgua doce ?
Gil, o seu comentario à "fait mouche" : )
É o segundo comentario que deve ser publicado. Obrigada.
Das duas uma: ou a importante personalidade política portuguesa não conhece este blogue ou então é pessoa de grande sentido de humor.
Não sou portuguesa mas vivo há algum tempo em Lisboa.Noto,em
conversas com portugueses, que,em
geral, eles não admitem mostrar
que não sabem alguma coisa.Qual o
problema disto?Acho que até o nosso
"último suspiro" estamos aprenden-do. E essa opinião sobre vocês não
é só minha. E,sim de inúmeros es-
trangeiros que conheço.ÀS vezes,
até inventam como o senhor fez.
Coisa mais irritante!
Hum... Tenho outra versão da origem do nome desses barcos.
Mas como não tenho a minima ideia do grau de validade da dita, é palavra contra palavra. :-)
"último suspiro"
E essa opinião sobre vocês não
é só minha...
Coisa mais irritante!
MÁRCIA ARRABAL
Bem pelo menos é bom admitir o Nosso espírito "conjeturador" e criatividade imediata em lançar hipóteses... Temos muito orgulho no nosso espírito de descobridores não é defeito é feitio...
Permita-me, julgo encontrar resquícios de inveja a pairar, quem me dera uma trivia no Tâmega...
Isabel Seixas
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