Confesso que nunca fui, em nenhuma das suas fases, um espectador regular do "Contra-informação". Depois de ter sido uma novidade, o modelo cedo me cansou, porque a criatividade dos "gags" era, por vezes, escassa, com a "magia inicial" do programa a perder-se com rapidez. Verdade seja que isso me aconteceu, da mesma forma, com modelos similares, como o britânico "Spitting image" ou com os "Guignol" franceses. Mas sempre continuei a atentar, a espaços, aquela forma, que às vezes ainda era divertida, de caricaturar o quotidiano luso.
Por ser verdade, quero dizer que, frequentemente, discordei do caráter arbitrário do perfil atribuído a algumas dessas caricaturas, por entendê-lo injusto e, mais do que isso, pelo facilitismo que se traduzia em "fazer coro" com difusos e orientados sentimentos prevalecentes no seio da opinião pública. Não sei se, muitas vezes - quer à esquerda quer à direita, diga-se, ao longo da década e meia do programa -, esse sublinhar a traços mais "grossos" de algumas figuras não terá contribuído, num país em que a capacidade de absorver com rigor a informação não é uma característica generalizada, para confundir e reforçar alguns estereótipos. Repito, de forma injusta.
Mas, dito isto, será melhor ficarmos sem o "Contra-informação", como agora foi decidido? Confesso que, no seu saldo final, acho que o programa tinha uma função positiva, por conseguir manter uma permanente leitura de humor sobre a sociedade política, dessacralizando-a, o que é sempre muito importante em todas as democracias. Assim, acho que o fim do "Contra-informação" não constitui uma boa notícia para o país.
Mas, dito isto, será melhor ficarmos sem o "Contra-informação", como agora foi decidido? Confesso que, no seu saldo final, acho que o programa tinha uma função positiva, por conseguir manter uma permanente leitura de humor sobre a sociedade política, dessacralizando-a, o que é sempre muito importante em todas as democracias. Assim, acho que o fim do "Contra-informação" não constitui uma boa notícia para o país.