Confesso que nunca fui, em nenhuma das suas fases, um espectador regular do "Contra-informação". Depois de ter sido uma novidade, o modelo cedo me cansou, porque a criatividade dos "gags" era, por vezes, escassa, com a "magia inicial" do programa a perder-se com rapidez. Verdade seja que isso me aconteceu, da mesma forma, com modelos similares, como o britânico "Spitting image" ou com os "Guignol" franceses. Mas sempre continuei a atentar, a espaços, aquela forma, que às vezes ainda era divertida, de caricaturar o quotidiano luso.
Por ser verdade, quero dizer que, frequentemente, discordei do caráter arbitrário do perfil atribuído a algumas dessas caricaturas, por entendê-lo injusto e, mais do que isso, pelo facilitismo que se traduzia em "fazer coro" com difusos e orientados sentimentos prevalecentes no seio da opinião pública. Não sei se, muitas vezes - quer à esquerda quer à direita, diga-se, ao longo da década e meia do programa -, esse sublinhar a traços mais "grossos" de algumas figuras não terá contribuído, num país em que a capacidade de absorver com rigor a informação não é uma característica generalizada, para confundir e reforçar alguns estereótipos. Repito, de forma injusta.
Mas, dito isto, será melhor ficarmos sem o "Contra-informação", como agora foi decidido? Confesso que, no seu saldo final, acho que o programa tinha uma função positiva, por conseguir manter uma permanente leitura de humor sobre a sociedade política, dessacralizando-a, o que é sempre muito importante em todas as democracias. Assim, acho que o fim do "Contra-informação" não constitui uma boa notícia para o país.
Mas, dito isto, será melhor ficarmos sem o "Contra-informação", como agora foi decidido? Confesso que, no seu saldo final, acho que o programa tinha uma função positiva, por conseguir manter uma permanente leitura de humor sobre a sociedade política, dessacralizando-a, o que é sempre muito importante em todas as democracias. Assim, acho que o fim do "Contra-informação" não constitui uma boa notícia para o país.
10 comentários:
Também concordo.
Isabel seixas
Caro Embaixador.
Foi um modelo que durou , coisa menos coisa, 20 anos...ja ninguem perdia 3 minutos - já nem sabia que havia o programa - morte natural.
Eu Gosto do filmes do Vasquinho e das suas tias, isso é que me dá gozo.
Humor hoje?... não tem graça - tem uma duração limitada
Nunca fui fã do programa. Como não sou das actuais versões humorísticas dos Gato Fedorento, a quem os políticos tanto prezam. Começaram bem e rapidamente se deterioraram. É que a publicidade paga muito bem.
Quanto ao outro expoente do humor nacional, um rapaz chamado Bruno Nogueira que é pago pela tv pública, ou seja, por todos nós, nem falo. É que a boçalidade nunca foi humor. Só em Portugal!
Será mais uma das consequências da crise? Mais uma medida restritiva? Nem o humor e o riso escapam...;)
Eu gostei deste artigo
O Natal além do Nascimento de Jesus é a renovação de nossos sonhos.
Uberlandia estava quente mas com o acrescimo da palabra amor e ternura e da esperança de uma nova vida que vai chegar em fevereiro na casa de minha prima.
com carinho Monica
"morte natural", bem observado e diagnosticado. "boçalidade" termo correcto.
Há algo que muito falha com os programas de humor das nossas televisões: não têm graça.
Gatos fedorentos, hermans josés, programas tentando imitar o daily show, tudo isso está mais que gasto e bolorento e deviam todos ser reformados com um bom desconto nas pensões.
No entanto, somos um país que até precisa de humor e sátira para esquecer as tristezas e ridicularizar a quem o merece. Ridendo castigat mores e ridendo dicere verum. Mas por cá não é assim. No entanto, temos um bom sentido de humor que usamos em privado entre amigos ou em familia.
Concordo na íntegra com o comentário da Dra Helena SC.
O humor em Portugal anda muito por baixo, apenas temos uns pseudo-engraçadinhos pagos a "peso de ouro".
Isabel BP
Para mim o contra-informação é uma perda.
Mas preferia quev esse humor de crítica política fosse protagonizado pelos nossos humoristas, como o Herman, os Gatos, e Outros.
É pena que os Gatos estejam a fazer coisas de somenos, como publicidade...
Com duas televisões independentes não se entende este subaproveitamento da iconoclastia crítica desses quatro rapazes que nesse domínio estão acima da média.
Em Portugal sabemos chorar melhor do que rir.
Daí o Fado.
Nunca é boa notícia quando o humor é notícia triste.
Nunca fui fã do programa, que sempre me pareceu demasiado reverencial, no estilo, muito nosso, de "o respeitinho é muito bonito". O "Spitting image" era bem mais feroz...
Um momento alto no "Contra-informação" foi protagonizado pelos bonecos de Alberto João Jardim e Marcelo Rebelo de Sousa, de fato maoista e com um discurso anti-poder. Foi um breve "flash" na nossa modorra habitual.
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