Ao final do dia de hoje, lembrei-me muito de ti, meu caro Zé. Já saíste da vida há uns anos, mas deixaste muitas saudades. O teu sorriso, a tua alegria, o teu abraço, a tua amizade, fazem falta a quem gostava de ti.
Se eu te contasse que as comunidades portuguesas pelo mundo, por quem tu tanto lutaste, acabam de escolher dois deputados de um partido de extrema-direita, que detesta imigrantes, para os representar, acharias que eu não estava a falar a sério. "É lá possível! Estás a tanguear-me!" E explicarias o óbvio: "Então os portugueses que andam pelo mundo, que sentiram e sentem na carne a exclusão, o racismo e a xenofobia, iam lá escolhem gente dessa! Pode haver alguns que são "fachos", tu e eu conhecemos alguns, mas eles não são parvos!". Não sei o que eles são ou não, Zé, só sei é que as coisas são o que são.
Mas ainda não te disse outra coisa, Zé, e esta vai doer-te: o PS, pela primeira vez, não elegeu ninguém lá fora. Tu que foste o homem do 115, não do antigo número de emergências mas do número de deputados que, em 1999, o PS conseguiu. Em grande parte graças ao teu trabalho, à confiança que as comunidades em ti depositavam, nesse ano, pela primeira vez, dos quatro deputados ditos "da emigração", o PS obteve três. Desta vez, Zé, nem um só!
Não vou colocar aqui, porque este é um espaço de famílias, as imprecações que irias soltar. Mas quis que soubesses como isto anda. É a vida!, diria o engenheiro que chefiou os dois governos em que ambos participámos. É, mas ela não está fácil para as nossas cores.
8 comentários:
Senhor Embaixador : permita-me que diga , neste momento : o seguinte ; nos primórdios do poder local tive , durante bons anos , uma relação de excelente camaradagem que permitiu a construção de uma boa amizade ; sob direção dele tive uma modesta participação no MASP 1 , aí vivendo todas as peripécias desse extraordinária campanha ; perdemos o contacto quando ele " emigrou " para a AR , tendo eu cá permanecido pelo burgo nortenho sendo que quando , de longe a longe nos encontrávamos , se mantinha intacta a nossa recíproca estima ; como é natural fui acompanhando o seu percurso politico. quando há algumas horas , ainda antes de ler este post , juro que me lembrei do José Lello e do resultado eleitoral então obtido ; por estas razões permita-me que me associe as suas palavras , e não consiga , já após os oitenta , e quase cinquenta de PS , exprimir bem o que sinto perante a atual situação.
Senhor embaixador, e já pensou em quem é simultaneamente do PS e do Benfica? Deve ser um mau bocado mesmo por estas semanas.
Muito, muito bom. A esquerda, toda esquerda (não só o PS) deveria refletir como foi possível, em tão pouco tempo.
J. Carvalho
É mesmo. Eu já tinha comentado há alguns dias atrás: vou jogar no totobola, Totoloto e lotaria o resto do ano. A ver de a roda da fortuna finalmente me compensa um bocadinho.
Eu que vivi mais de uma década no Luxemburgo e testemunhei as dificuldades dos portugueses (apesar do invejável nível de vida) e a discriminação surda de que eram objecto fiquei envergonhado por ver os nossos compatriotas comportarem-se desta forma no momento do voto! É duma grande indignidade. E não me venham dizer que foi voto de protesto.
José Lello, meu conterrâneo, faleceu com 72 anos de idade, vítima de cancro do cólon.
Se todos falacessem com essa idade, a Segurança Social estaria mais que solvente.
Já há algum tempo que o Luís Lavoura não vinha com essas "trips" psicadélicas. Não é defeito, é feitio.
Precisamente, ainda alguém ontem me disse que quando trabalhou em França, como comissário de bordo (portanto, nada de e/imigração "pé descalço", como dizem certos "fidalgos"), percebeu essa mesma descriminação e não tão surda assim.
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