quarta-feira, maio 28, 2025

Ssudades de José Lello


Ao final do dia de hoje, lembrei-me muito de ti, meu caro Zé. Já saíste da vida há uns anos, mas deixaste muitas saudades. O teu sorriso, a tua alegria, o teu abraço, a tua amizade, fazem falta a quem gostava de ti.

Se eu te contasse que as comunidades portuguesas pelo mundo, por quem tu tanto lutaste, acabam de escolher dois deputados de um partido de extrema-direita, que detesta imigrantes, para os representar, acharias que eu não estava a falar a sério. "É lá possível! Estás a tanguear-me!" E explicarias o óbvio: "Então os portugueses que andam pelo mundo, que sentiram e sentem na carne a exclusão, o racismo e a xenofobia, iam lá escolhem gente dessa! Pode haver alguns que são "fachos", tu e eu conhecemos alguns, mas eles não são parvos!". Não sei o que eles são ou não, Zé, só sei é que as coisas são o que são.

Mas ainda não te disse outra coisa, Zé, e esta vai doer-te: o PS, pela primeira vez, não elegeu ninguém lá fora. Tu que foste o homem do 115, não do antigo número de emergências mas do número de deputados que, em 1999, o PS conseguiu. Em grande parte graças ao teu trabalho, à confiança que as comunidades em ti depositavam, nesse ano, pela primeira vez, dos quatro deputados ditos "da emigração", o PS obteve três. Desta vez, Zé, nem um só!

Não vou colocar aqui, porque este é um espaço de famílias, as imprecações que irias soltar. Mas quis que soubesses como isto anda. É a vida!, diria o engenheiro que chefiou os dois governos em que ambos participámos. É, mas ela não está fácil para as nossas cores. 

8 comentários:

egr disse...

Senhor Embaixador : permita-me que diga , neste momento : o seguinte ; nos primórdios do poder local tive , durante bons anos , uma relação de excelente camaradagem que permitiu a construção de uma boa amizade ; sob direção dele tive uma modesta participação no MASP 1 , aí vivendo todas as peripécias desse extraordinária campanha ; perdemos o contacto quando ele " emigrou " para a AR , tendo eu cá permanecido pelo burgo nortenho sendo que quando , de longe a longe nos encontrávamos , se mantinha intacta a nossa recíproca estima ; como é natural fui acompanhando o seu percurso politico. quando há algumas horas , ainda antes de ler este post , juro que me lembrei do José Lello e do resultado eleitoral então obtido ; por estas razões permita-me que me associe as suas palavras , e não consiga , já após os oitenta , e quase cinquenta de PS , exprimir bem o que sinto perante a atual situação.

João Cabral disse...

Senhor embaixador, e já pensou em quem é simultaneamente do PS e do Benfica? Deve ser um mau bocado mesmo por estas semanas.

Anónimo disse...

Muito, muito bom. A esquerda, toda esquerda (não só o PS) deveria refletir como foi possível, em tão pouco tempo.
J. Carvalho

Carlos disse...

É mesmo. Eu já tinha comentado há alguns dias atrás: vou jogar no totobola, Totoloto e lotaria o resto do ano. A ver de a roda da fortuna finalmente me compensa um bocadinho.

Carlos disse...

Eu que vivi mais de uma década no Luxemburgo e testemunhei as dificuldades dos portugueses (apesar do invejável nível de vida) e a discriminação surda de que eram objecto fiquei envergonhado por ver os nossos compatriotas comportarem-se desta forma no momento do voto! É duma grande indignidade. E não me venham dizer que foi voto de protesto.

Luís Lavoura disse...

José Lello, meu conterrâneo, faleceu com 72 anos de idade, vítima de cancro do cólon.
Se todos falacessem com essa idade, a Segurança Social estaria mais que solvente.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Já há algum tempo que o Luís Lavoura não vinha com essas "trips" psicadélicas. Não é defeito, é feitio.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Precisamente, ainda alguém ontem me disse que quando trabalhou em França, como comissário de bordo (portanto, nada de e/imigração "pé descalço", como dizem certos "fidalgos"), percebeu essa mesma descriminação e não tão surda assim.

Com dedicatória

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