sexta-feira, maio 23, 2025

A defesa e a segurança da Europa


"A crescente imprevisibilidade na atitude dos EUA, que foi, por décadas, o principal parceiro garante da paz e regulador da segurança e defesa da Europa, torna mais imperativa e urgente a questão da "autonomia estratégica" do continente nesses domínios. Procurando deliberadamente fazer sair o debate de uma perspetiva voluntarista - daquilo que seria desejável - seria interessante abordar, de forma pragmática, o que realisticamente pode vir a ser possível fazer:

1. Que formato institucional e prático pode assumir a afirmação da autonomia estratégica nos domínios da segurança e defesa? Qual o papel que a União Europeia pode desempenhar nesse esforço europeu e como compatibilizar os seus mecanismos funcionais com posições anunciadas por alguns países membros, que se aproximam de um modelo de "diretório" - que os tratados não preveem?

2. Que evolução é plausível que a NATO possa vir a ter, que venha a ser compatível com um contexto político e institucional de maior autonomia estratégica?

3. Como assegurar apoio político, maioritário e constante, dentro das democracias europeias, e sob uma geometria variável, de vontades e de quadros políticos internos, ao esforço financeiro e militar que vai ser necessário desenvolver para esse novo modelo?"

Este foi guião que propus para o debate que moderei esta manhã, entre mais de duas dezenas de especialistas, com o embaixadora da UE, Sofia Moreira de Sousa, numa iniciativa conjunta do Clube de Lisboa / Global Challenges e da Representação da União Europeia em Portugal.

9 comentários:

Paulo Guerra disse...

O primeiro passo devia ter sido dado no limite em 2021. Negociando a proposta da nova arquitecura de segurança europeia com a Russia devido ao avanço da NATO e dos misseis dos US para a fronteira russa. Nós provocamos este inferno todo na Europa, outra vez!

De resto nem a UE está mandatada para realizar metade dos sonhos molhados da Ursula e da Kallas, nem as Forças Armadas do países europeus têm hoje qualquer tipo de operacionalidade.

A Alemanha, em recessão, está há vários anos a tentar enviar/ formar uma brigada de 5 mil homens no Baltico. Portanto, no máximo vão continuar a lançar dinheiro dos contribuintes europeus para cima do problema e da forma mais insensata possivel. O que estou certo que Zelensky e a sua entourage muito agradecem.

Já quanto aos verdadeiros problemas europeus estou certo que também vão continuar fora da agenda da CE e dos principais lideres politicos europeus. Todos eles em muitos maus lençois com o seu eleitorado.

Luís Lavoura disse...

Qual o papel que a União Europeia pode desempenhar nesse esforço europeu

Nenhum. A União Europeia tem no seu seio dois países neutros, que por lei (constitucional) não podem participar em alianças militares. Qualquer esforço militar conjunto só pode ser feito à margem da União Europeia, por uma estrutura diferente desta.

Lúcio Ferro disse...

Pois, realmente, este paleio da segurança Europeia em risco, da remilitarização, do rearmamento é relativamente difícil de vender aos eleitorados. Porém, não é impossível.
Quando se afirma: "como assegurar apoio político, maioritário e constante, dentro das democracias europeias, e sob uma geometria variável, de vontades e de quadros políticos internos, ao esforço financeiro e militar que vai ser necessário desenvolver para esse novo modelo", a palavra chave é "necessário". O que é q
É mesmo necessário? Porque é que é necessário? É necessário em que grau? É necessário até quando?

Lúcio Ferro disse...

Pois, realmente, este paleio da segurança Europeia em risco, da remilitarização, do rearmamento é relativamente difícil de vender aos eleitorados. Porém, não é impossível.
Quando se afirma: "como assegurar apoio político, maioritário e constante, dentro das democracias europeias, e sob uma geometria variável, de vontades e de quadros políticos internos, ao esforço financeiro e militar que vai ser necessário desenvolver para esse novo modelo", a palavra chave é "necessário". O que é q
É mesmo necessário? Porque é que é necessário? É necessário em que grau? É necessário até quando?

Luís Lavoura disse...

Como assegurar apoio político, maioritário e constante, dentro das democracias europeias, ao esforço financeiro e militar

Tal é impossível. Os governos dos principais países europeus mal se têm de pé, e mal são capazes de pagar as contas, mesmo sem esforço militar, quanto mais com esse esforço!

Lúcio Ferro disse...

Tenho a impressão que publiquei o comentário anterior sem o ter devidamente editado. De qualquer modo, o que pretendo dizer é o seguinte: debates com aprioris não fundamentados conduzem inevitavelmente a conclusões infundadas.

Lúcio Ferro disse...

Aliás, se quisermos outro tipo de debate, comecemos por outros pressupostos, que sejam questões e não conclusões: é a Rússia uma ameaça real à segurança Europeia? Em que medida será uma ameaça? É a União Europeia uma ameaça à Paz no mundo? Em que medida será uma ameaça à Paz no mundo? A elite política de Bruxelas representa de facto o sentir dos povos Europeus? Que ferramentas democráticas existem para o aferir? A UE domina ou não uma gigantesca máquina de propaganda? A comiunicação social Europeia desempenha que papel na dessiminação de propaganda? É coagida de que formas? É este "clube, como tantas outras agremiações patrocinadas por Bruxelas, uma câmara de eco do que as elites defendem? Tantos debates que se poderiam fazer se não fossem condicioados por apriorismos, mas isso não pode ser, não é mesmo?

Anónimo disse...

A UE em vez se se preocupar com o que verdadeiramente interessa às populações, que estão a ser levadas para a extrema-direita, anda ocupada e a investir na defesa, assutando o povo com imaginárias invasões. A Alemanha vai aproveitar esta onda para se rearnar e por essa via alavancar a sua economia, em linha com os interesses doss novos governantes.
J. Carva

Paulo Guerra disse...

A única consequência do rearmamento da UE hoje é encher os bolsos do MIC dos US. O que pode muito bem ter feito parte das negociações das tarifas que Trump acabou de anunciar. E claro que contam com o bando de comentadores nas televisões que dizem na mesma frase que a Russia não tem força para derrotar a Ucrania mas é uma grande ameaça para toda a Europa. 😂

Quando não sonham que a China está a pressionar muito a Russia porque leram a Bloomberg ou a Forbes. 😂Paradoxos irracionais que resultam de uma russofobia infantil e inata e de uma pulsão constante para tentar menorizar a Russia, segundo a narrativa da CIA. Que como se tem comprovado, mais distante da realidade é impossível. Nem com tantas bases na Ucrania conseguiram perceber a economia russa. O que inviabiliza qualquer tipo de análise séria do conflito nas televisões em Portugal ou no espaço da UE.

Com dedicatória

O anti-americanismo radical é a doença senil do pós-comunismo de alguns. Por princípio, são contra a América, o mau da fita. A arrogância po...