Num ato de dignidade e coerência política, Pedro Nuno Santos pediu a demissão de líder do Partido Socialista e anunciou que não será candidato à reeleição.
Não sou atualmente militante do Partido Socialista, mas fui apoiante da candidatura titulada por Pedro Nuno Santos nestas eleições. Faço assim parte dos derrotados da noite de ontem, com muito orgulho e total solidariedade.
Nestas eleições, a mensagem política do PS não passou. Os portugueses não lhe deram suficiente suporte em votos e, como tal, há que ter humildade democrática para o aceitar, refletir e seguir adiante.
O exercício de governo continua assim a competir à direita, a quem caberá encontrar soluções para prolongar essa governação. Se o quadro de representação parlamentar mudou, isso deveu-se exclusivamente a um exercício eleitoral provocado por um primeiro-ministro que, por motivos exclusivamente pessoais, gerou uma crise política, totalmente artificial. Sem estas eleições desnecessárias, provocadas por Luís Montenegro e por mais ninguém, a extrema-direita não teria chegado ao ponto a que chegou.
Na sua história, que se confunde com a da nossa democracia, o PS passou já por momentos bastante difíceis e, com o tempo, soube sempre superá-los e recuperar a confiança do povo português. O partido de Mário Soares, de Jorge Sampaio, de António Guterres e de António Costa é o eixo da nossa democracia, goste a direita de ouvir isto ou não.
Por isso, embora o que ontem se passou me entristeça, tenho a certeza de que o tempo fará justiça à mensagem socialista e de que, com ele, a esquerda voltará futuramente a orientar a governação do país.
10 comentários:
Salvo o devido respeito, não é verdade que as eleicões tenham sido exlusivamente provocadas por Montenegro. Foram causadas por ele mas também pela insensatez de Pedro Nuno Santos que votou contra a moção de confiança, quando tinha a possbilidade de, sem perder a face, se abster e enveredar pela comissão de inquérito. O resultado está aí.
Concordo totalmente com o comentário anterior de Unknown.
Disse-o aqui várias vezes ao longo dos anos, o Chega era um brinquedo que, mais cedo ou mais tarde, iria explodir nas mãos do PS. Pedro Nuno Santos saiu chamuscado, mas a culpa não é dele, é directamente atribuível a António Costa, a que se juntaram Augusto Santos Silva, Ferro Rodrigues e outros. De nada lhes serviu o que aconteceu ao PS francês, hoje uma irrelevância, depois de insuflar a extrema-direita para enfraquecer a direita. O PS caminha para o mesmo se não tiver um banho de realidade. Como até disse Daniel Oliveira na noite eleitoral, mesmo pessoas sociologicamente de esquerda votaram no Chega. Porquê? O PS que abra os olhos e volte ao que sempre foi.
Este resultado deveria também fazer a direcção do PS pensar sobre as alianças que tem tido e promovido desde 2015 com partidos que não lhe são nem nunca foram ideologicamente próximos. O partido que sempre foi e é mais próximo do PS chama-se PSD, enquanto não meterem isto na cabeça continuarão a definhar.
"Sem estas eleições desnecessárias, provocadas por Luís Montenegro e por mais ninguém, a extrema-direita não teria chegado ao ponto a que chegou"
Como se pode ver pelo meu comentário anterior, discordo, senhor embaixador. Isso é só ver o último trecho do filme, para trás estão os protagonistas principais desse crescimento. Além disso, se a "extrema-direita" cresceu ainda mais só num ano, a explicação não será assim tão simples e alicerçada nas eleições antecipadas.
Finalmente, uma palavra para as sondagens. De eleição para eleição, assistimos à descredibilização cada vez maior das sondagens, perpassando a ideia de que perderam o seu propósito fundamental. Muitas delas até davam o PS à frente ou empatado com a AD, com o Chega bastante atrás e a perder deputados. Viu-se. Assim, cada vez mais gente alega que apenas servem como meio para deformar e tentar influenciar a realidade. Como é que chegámos a isto? Vamos permiti-lo? Os donos dessas empresas que puxem pela cabeça, se a tiverem.
Fernando Neves. O Montenegro disse que queria eleições. O PNS caiu na esparrela. O MRS com sucessivas e desnecessárias dissoluções da AR deu cabo da estabilidade política em Portugal. Ontem, a direita não tinha escolha se não votar num PM que recebia dinheiro além do seu ordenado, ou numa espécie de palhaço com refluxo, plausível futuro PM de Portugal, com um provável PR que se quer apolitico, como o Botas. Está é que é a realidade, como dizia um amigo meu, e omito a frase com que concluía
Num acto de dignidade e coerência demitem-se e vão tratar das suas vidinhas, para Nova Iorque ou Bruxelas. Coragem é ficar e lutar para repor caminhos . Quem cá ficar que se amanhe parece ser o guião. A política feita de paraquedistas é no que dá.
votei nele, pois é um bom fazedor (quando lho permitem) e negociador. acho que na realidade ele tem pouca culpa no cartório, qualquer outro não faria melhor. a herança do último governo costa é pesada, por não ter feito aquilo que devia e por ter deixado acontecer (algo que só agora vamos sabendo). pareceu-me que no discurso de ontem o pns estava um bocado rancoroso, procurando determinar o caminho do seu sucessor. há que ter alguma fleuma, até porque irá verificar no futuro que as suas culpas são poucas.
Concordo com Unknown. Pedro Nuno Santos não pesou bem as consequências. Ou foi mal aconselhado, o que vem a dar no mesmo. Esperemos pelo senhor - ou senhora - que se
segue.
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