quinta-feira, junho 24, 2021

“A Arte da Guerra”


Esta semana, António Freitas de Sousa e eu falamos da renovação do mandato de Guterres, dos cinco anos que decorreram desde o referendo que deu lugar ao Brexit e do encontro em Putin e Biden, em Genebra.

Pode ver aqui

2 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Oh Sr. Embaixador, então os EUA não costumam ameaçar ninguém ? É a primeira vez que ameaçam de retaliação aos ataques cibernéticos ou outros?

Ao contrário. A diplomacia da intervenção e da ameaça continua dando o tom da política externa norte-americana. O país – agora sob a administração dos “civilizados e humanistas” democratas, liderados por Joe Biden, o político que aconselhou e promoveu guerras e intervenções ao redor do mundo – reafirma a sua vocação imperialista e de guarda pretoriana do mundo, ameaçando outros países com sanções e outras medidas de caráter abertamente criminosas.

As mais recentes ameaças estão dirigidas ao Irão e à China, que acabam de assinar um acordo de parceria estratégica por 25 anos para o desenvolvimento de projectos no sector de infra-estrutura para conectar a Ásia Oriental à Europa, projecto denominado “Rota da Seda” .

Por que os EUA e as potências ocidentais se vêem ameaçados por um acordo de cooperação internacional entre dois países soberanos que mantêm relações diplomáticas estáveis?

Irão e China opinam ou emitem juízo sobre os acordos que os EUA estabelecem com outros países, seja com quem for? Obviamente que não, pois as nações e os governos, à luz do direito internacional, são soberanos para firmarem acordos, sejam eles de natureza económica, militar, cultural e outros.

A Casa Branca, através da sua porta-voz, Jen Psaki, declarou, em tom "ameaçador" (como sempre ocorre):

“Nós obviamente daremos uma olhada para garantir que qualquer sanção necessária seja implementada em relação a este pacote”, porém, ainda não analisamos este acordo específico, até então."

Ou seja, sem nem mesmo conhecer o conteúdo do acordo firmado entre Irão e China, os EUA – em uma espécie de “ameaça preventiva” – já se colocam a favor de sanções contra os dois países.

Estamos diante, portanto, de uma nova forma de intromissão, por parte dos EUA, em assuntos que não lhe dizem respeito, pelo menos não no âmbito do direito internacional que, a bem da verdade, nunca foram respeitados quando os interesses de rapina dos EUA estavam em jogo, como ocorreu na guerra contra o Iraque, quando invadiram o país, ao arrepio da decisão do Conselho de Segurança da ONU, que não autorizou a intervenção militar.

Quanto ao “profissionalismo” diplomático “de Joe Biden, recebeu uma nódoa indelével quando tratou um adversário do mais alto nível internacional de “assassino”…Ele se crê em OK Corral…

Quando o Sr.Embaixador diz que “ a Rússia prefere ser “temida que respeitada”, quer dizer que o meu “diabo de estimação” prefere o contrário?

Ainda bem que o Sr. Embaixador reconheceu que a Rússia tem razoes de “não estar satisfeita”…Claro “o alargamento da NATO, como muito bem disse…e muitas outras.

Gostaria bem que Putin “forjasse” um regime à sua bota no México….

Joaquim de Freitas disse...

Se me permite, Sr. Embaixador, recorda-se certamente da ameaça dos EUA contra o TPI ?
O que levou o Tribunal Penal Internacional a lamentar profundamente o anúncio de novas ameaças e acções coercitivas, incluindo medidas financeiras, contra o Tribunal e seus funcionários, feitas pelo Governo dos Estados Unidos.

E esta ameaça porquê? Porque, o TPI autorizou o início de uma investigação sobre supostos crimes de guerra cometidos no conflito afegão, inclusive de possíveis crimes praticados por militares estado-unidenses.

Mike Pompeo, reafirmou a sua intenção de garantir que os cidadãos americanos permaneçam fora da jurisdição do que ele chamou de tribunal “renegado e ilegal.”

Mas não era renegado quando serviu para condenar os generais e ministros sérvios…

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