domingo, dezembro 23, 2018

Populares e pessoas


Atentem bem nas nossas televisões.

Quando ocorre qualquer “ajuntamento” em Borba ou em Famalicão ou no Fundão, a “Sónia Cristina” do direto reporta: “muitos populares juntaram-se hoje em protesto...”.

Mas, se o mesmo movimento ocorre no Terreiro do Paço, aí “fia mais fino” e o repórter diz “grande número de pessoas esteve hoje frente ao ministério...”.

Um “popular” necessita de migrar para Lisboa para passar a ser “pessoa”.

10 comentários:

Anónimo disse...

Mas, é mesmo assim. Já assisti a reportagens deste tipo. Fez bem em sublinhar este aspecto. Genial. E bem observado. Entretanto, registo a referência à Praça do Comércio como Terreiro do Paço. Para um Republicano assumido, como Seixas da Costa, é "curioso". Confesso que tanto digo Terreiro do Paço, como me ocorre dizer Praça do Comércio. Foi só por piada que mencioniei isto. Voltando ao essencia, ou seja, aquilo que é referido no Post, no fim de contas exemplifica o elitismo da Cidade sobre o Campo (ou Praia), ou seja, a aldeia, o Interior, ou estar-se afastado de uma grande urbe, sobretudo se for Lisboa.
É patético, snob, mas é assim. Por mim, não troco a aldeia por Lisboa. Já há uns anos que mandei a Capital às malvas e mudei de vida. Interessante, onde vivo actualmente, num meio rural belíisimo mas pequeno, tenho como vizinhos alguns estrangeiros e malata nova, entre os 30 e muitos e 40m e poucos, envolvidos em projectos dinâmicos, quer na Agicultura, quer, outros diversos, e que não trocam a vida que antes levavam, em Lisboa (e no Porto). Somo orgulhosamente "Populares". Que se lixem as pessoas!
Feliz Natal!

AV disse...

Estes pequenos detalhes são tão reveladores. Tal como a imprensa e os políticos de um certo país se referirem aos imigrantes como ‘migrants’ e aos emigrantes como ‘expats’.

Francisco Seixas da Costa disse...

Um emigrante ou um imigrante não deixa de ser um migrante. Dentro do mesmo país dó podem ser migrantes, porque não saem nem entram, só migram

AV disse...

Sem dúvida que ambos são migrantes, assim como o são os que o fazem dentro do mesmo país. Refiro-me ao uso de etiquetas diferentes para todos esses casos, em que só num deles, os imigrantes, se usa a designação de migrante. Estou a referir-me, por exemplo e concretamente, à imprensa e a certos políticos no Reino Unido. Estas designações contagiam e criam, mais que percepções, práticas e políticas baseadas na discriminação.

Anónimo disse...

populistas (para o publico alvo conveniente) são os seus comentarios sobre os gilets jaunes. Das duas uma, ou ma fé ou ignorância. Em qualquer dos casos, inadmisssivel para um embaixador português em França.
Ligar os gilets jaunes à extrema direita quanto têm 70% de apoio entre a o população francesa. Os seus comentarios sobre o movimento, no twitter e aqui, são uma vergonha. Macron têm uma maioria parlamentar de 60% dos deputados, eleita com 49% dos votos expressos. O proprio foi eleito como mal menor, sendo que na primeira volta apenas teve 24% dos votos, que a bem ver acabam por corresponder aos 70% de apoio aos gilets jaunes.
Achar que o FI e outros não estão ligados aos gilets jaunes é um absurdo. E todo o caos francês resulta de um PS ja moribundo desde o tempo de Hollande e Royal e os LR a irem por agua abaixo nas ultimas sondagens. O povo francês não se sente representado pela classe politica que tem, e seguramente não por Macron. Não sei que razão o move na defesa de Macron, mas carimbar os gilets jaunes de FN por que ha 3 tipos que fazem uma quenelle, era como chamar a todos os sportinguistas fachos por que ha uns sportinguistas de extrema direita... Tenho impressão que vexa é capaz de melhor.

cmpts








Anónimo disse...

Que raio de feitio, FSC! A Ana Vasconcelos tem toda a razão no que diz. A imprensa, cada vez mais usa o termo "expatriado" para "migrantes finos". O moldavo das obras é um "imigrante", o preto da recolha do lixo, também, mas o francês que vende casas no Algarve já é um "expatriado". isso está em todo o lado, hoje em dia!

Ninguém chama imigrante à italiana que trabalha no "call center", ao alemão que abriu um bar junto à praia, à inglesa que dá aulas no colégio, ao espanhol que é gestor...

E, curiosamente, os chineses são, ainda, uma categoria à parte: nem imigrantes, nem expatriados. Apenas... chineses.

Anónimo disse...

Lido.

Despacho:

Não deferido por mencionar as Cátias Cristinas que este nosso regime nos legou e que as próprias não teem culpa.

Anónimo disse...

Expats , que eu saiba , é a palavra usada pelos franceses para designar os seus compatriotas que escolheram por razões de trabalho ou outras viverem fora do País ( França ) . Que mal tem a palavra ? Menos depreciativa que emigrante ? E depois ? É só uma questão de palavra ...
Bom Natal

Anónimo disse...

Outro exemplo deste fenómeno é designar-se as “gentes” de Monção ou Mirandela ou de qualquer outra povoação da província. Cidades como Lisboa, Porto ou Coimbra terão população, munícipes ou simplesmente gente, mas nunca “gentes”.

JB disse...

E talvez passe então a ser uma "pessoa popular".

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