Custa-me muito ver pessoas que, pela sua experiência e responsabilidade, tinham obrigação saber utilizar com parcimónia palavras que a todos os democratas devem sempre merecer um grande respeito histórico, usar, com indesculpável ligeireza, o termo “presos políticos” para designar o estatuto dos governantes catalães detidos. A sua legítima simpatia pelo independentismo não ficaria nada afetada se tivessem um pouco mais de contenção e rigor. Pensem nisto!
9 comentários:
A solidariedade entre separatistas é para as ocasiões e as "muito oportunas" declarações do ministro do interior belga, flamengo, a horas de o juiz belga decidir da liberdade de Puidgemont são paradigmáticas.
Como assinalado por associações de magistrados, a detenção de governantes catalães é medida excessiva como foi outra, homóloga, em Portugal. Apesar de. Apesar do embuste do referendo e da farsa da independência...
Apenas fizeram uma declaração inconsequente para o regime constituinte em vigor. Foram demitidos das funções publicas. Não conspiraram para um golpe de estado. Muito menos pegaram em armas para tomar de assalto o poder. Serão obviamente responsabilizados politicamente à luz do regime vigente.
A monarquia espanhola, que submerge a diversas nacionalidades é de nomeação divina?
Logo a prisão só pode ser política!
E logo, estas prisões, nada têm a ver com a prisão de delito comum que aconteceu em Portugal.
Estão detidos por darem seguimento a um posicionamento político, são de modo cientificamente adequado classificados como presos políticos. O resto são balelas compreensíveis nas Necessidades e noutros corredores.
Serão, pois, presos de delito comum, como é patente.
O que são então, para o Francisco, presos políticos? Dê uma definição deles que não abarque os separatistas catalães.
Gandhi esteve preso por defender a independência da Índia. Não foi um preso político?
Mandela esteve preso por pertencer a um movimento terrorista. Não foi um preso político?
A diferença entre ser um herói e um traidor f.d.p. é, apenas e só, ganhar ou perder a luta travada. Não tenha dúvidas que caso os nossos heróis D. Afonso Henriques, D. João I, D. Nuno Álvares Pereira e os Conjurados de 1640 tivessem perdido as batalhas que travaram pela independência de Portugal, hoje os livros (espanhóis) de história os apodariam de traidores. Não me consta que nenhum deles se tenha dobrado às leis "constitucionais" de Leão ou Castela.
MPDAguiar
Francisco Seixas da Costa (FSC) manifesta-se incomodado por os políticos catalães presos, defensores da independência, estarem a ser chamados de presos políticos. Como não se dá ao trabalho de nos elucidar, ficamos sem saber a razão de tal incómodo. Prefere, eufemisticamente, chamar-lhes "governantes catalães detidos". O facto de estarem acusados dos crimes de rebelião e sedição por, no uso dos poderes conferidos pelos cargos que ocupavam, terem agido politicamente em defesa do programa político com que foram eleitos, não parece fazer grande diferença para FSC. Se o argumento é por terem agido ilegalmente e contra a constituição espanhola, então nisso estão acompanhados por todos os políticos independentistas, como Michael Collins, apelidado de terrorista e acusado dos mesmos crimes pelo governo britânico. Será que também não eram presos políticos?
Através do Politeia (http://politeiablogspotcom.blogspot.pt/2017/11/a-volta-do-conceito-de-crime-politico.html) dei com um desenvolvimento facebookiano desta questão.
Ora, noutro ponto do debate, com Joana Lopes (de http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/) acho que o embaixador se enrola num argumento quando afirma que "E esta, para mim sem a menor sombra de dúvida, coloca um “preso político” num ambiente de ditadura e impossibilidade de livre expressão pública."
Então, mas se a expressão pública livre leva os expressadores à cadeia isso não lhes torna a expressão pública das ideias uma impossibilidade? É que nem sequer estamos a falar só dos dirigentes catalães que ainda agiram em torno dessas ideias. Há gente civil presa em Espanha por dizer coisas nas redes sociais.
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