Era um jantar de gala no Palácio de Queluz. Um rei ou um presidente estrangeiro estava em visita de Estado a Portugal. O protocolo esmerou-se em ter a imensa mesa com grandioso aspeto, belos candelabros e talheres de prata, o serviço de pratos mais requintado, tudo sobre uma toalha magnífica, só usada nas grandes ocasiões. Demorou horas a colocar tudo em ordem, mas o cenário era deslumbrante.
Salazar chegou bem antes do presidente português e do convidado estrangeiro deste. Era, cumulativamente com o cargo de chefe do executivo, ministro dos Negócios Estrangeiros e tinha um cuidado pessoal com estas ocasiões solenes.
Mesureiro e conhecedor do seu sentido de pormenor, o chefe do protocolo, cavalgando a oportunidade do bom trabalho feito, inquiriu se o senhor presidente do Conselho quereria dar uma vista de olhos à sala, antes de o jantar começar. Salazar disse que sim.
Mesureiro e conhecedor do seu sentido de pormenor, o chefe do protocolo, cavalgando a oportunidade do bom trabalho feito, inquiriu se o senhor presidente do Conselho quereria dar uma vista de olhos à sala, antes de o jantar começar. Salazar disse que sim.
Lá chegados, o diplomata não resistiu e perguntou: "O senhor presidente do Conselho acha que está tudo bem? Gosta da toalha que escolhemos? Fomos buscá-la à Ajuda...".
Salazar esboçou um sorriso, entre o cínico e o irritado, e respondeu: "Muito bem, está tudo muito bem. E a toalha é linda. Pena foi que a tivessem posto do avesso...".
Salazar esboçou um sorriso, entre o cínico e o irritado, e respondeu: "Muito bem, está tudo muito bem. E a toalha é linda. Pena foi que a tivessem posto do avesso...".
Esta é uma história clássica no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
(Reedição de historietas da diplomacia por aqui já publicadas)
6 comentários:
Vem de antanho a sina deste pais, colocar sempre alguma "coisa" do avesso. Naquele tempo e sob a mão férrea de Salazar, ficavam-se pela toalha. Hoje... é o que se vê.
Foi na Ajuda e, salvo erro, em honra de Sua Majestade Britânica. Salvo erro também, o episódio é contado por Eduardo Brazão nas suas memórias.
a) D. Luíz da Cunha
... Tinha muitos defeitos, mas também alguma perspicácia! eheheh...
Caro D. Luiz. Já ouvi nos dois palácios. É igual...
Não e igual não senhor. Os nossos jantares foram sempre na Ajuda. Os dos visitantes é que eram em Queluz.
Só é igual para definir a personalidade do meu sucessor. Olhava mas não tinha visão.
a) D. Luiz da Cunha
Mas... em 1957 Salazar já não era Presidente do Conselho e Ministro dos Negócios Estrangeiros quando Isabel II veio a Portugal.
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