sábado, março 21, 2015

A poesia do cozido


Que tem uma chouriça de sangue a ver com uma sextilha? E a orelheira, junto com a entremeada, rima com a farinheira ou com uma boa "pomada"? Em princípio, uma coisa é uma coisa é uma coisa e não tem a ver com as outras, não obstante o poeta, que já se foi, tenha garantido que "isto anda tudo ligado". Mas haverá algo de mais "poético" do que um grupo divertido de amigos a charlar sobre as coisas da vida (as boas e as más), dizendo cobras, lagartos e "tonnerres de Brest" sobre o governo que ainda por aí anda, agora que (já não era sem tempo!) "os cofres estão cheios", tudo à volta de um soberbo cozido à minhota, frente a uma vista deslumbrante sobre Lisboa, neste sábado luminoso, no dia mundial da poesia? E se a função, arquivada que foi a dimensão gastronómica, tiver sido completada pela oferta de livros de poesia, com recitação da dita pelos comensais e bebensais? Esta vida são dois dias e, por isso, mais vale viver à tarde do que nunca.

Obrigado, Carlos!

5 comentários:

Anónimo disse...

Anda o seu amigo e meu antigo patrão, o Senhor Alcipe, a correr entre Belém e Campo de Ourique, a ver poetas cantar, e o Senhor Embaixador festeja a poesia com comezainas à fartazana! Ora, assim também eu...

a) Feliciano da Mata, surrealista aposentado

Alcipe disse...

Um poema de Vinícius de Moraes:

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas.
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta.
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor:
nasci Omnívoro: deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e Parati
E eu morrerei feliz do coração
De ter vivido sem comer em vão.

Anónimo disse...

Onde foi isso?

Anónimo disse...

Podiam ter mandado um tacho do que sobrou desse "convivío" para Evora...

Anónimo disse...

"os cofres estão cheios" Assim dizia a futura sogra para o futuro genro... mas era uma conversa, há muitos anos passada, no interior profundo deste Portugal à beira-mar plantado...

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...