segunda-feira, março 30, 2015

Construtores da História


Um dia, tive o privilégio de visitar o forte Príncipe da Beira, uma construção portuguesa do século XVIII, nos confins do estado brasileiro da Rondónia, junto à fronteira com a Bolívia. É uma construção magnífica da arquitetura militar portuguesa.

À comoção de estar naquele lugar tão simbólico da presença portuguesa no Brasil somou-se, logo à entrada no forte, o deparar com uma placa onde se lê um extrato de uma carta de junho de 1776, enviada por D. Luis de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, governador e 4º capitão-general da capitania de Mato Grosso. O que se escreve nesse texto passou para mim a consubstanciar o verdadeiro conceito de Serviço Público:

"A soberania e o respeito de Portugal impõem que, neste lugar, se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhos que isso dê, é serviço de Portugal. E tem que se cumprir".

Ontem à noite, hospedei-me num belo hotel beirão, adaptado a partir de um palacete. Olhei para a memória histórica da casa e verifiquei que a sua construção se ficou a dever a D. Luis de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.

O grande mundo português é muito pequeno.

9 comentários:

Unknown disse...

Palavras para quê. Gostei.

Portugalredecouvertes disse...


é notável a componente da fronteira que existia com a Espanha, do lado de cá os fortes de Castro Marim, Elvas e outros, e do lado de lá a outra fronteira com Espanha o Real forte Principe da Beira, e outros fortes, nessa linha de fronteira do oeste do Brasil

Angela

Bartolomeu disse...

Um dos solares nortenhos erguido à custa do sangue e do suor dos escravos africanos levados para as roças brasileiras.
Sim, o Maruês de Pombal abuliu a escravatura em Portugal mas, excluiu o Brasil deste ato de elevada nobreza de espírito.

netus disse...

Senhor Embaixador
A casa da Ínsua é das coisas mais espectaculares que eu já conheci no Continente, e onde tive o privilégio de já ter pernoitado.
António Cabral

Anónimo disse...

Em Penalva do Castelo.

Maria Helena

EGR disse...

Magnífica mensagem Senhor Embaixador.
Pena que o seu conteudo não seja assimilado e cumprido por todos que desempenham funções públicas.

Anónimo disse...

A sério!? Já era um conceito arqueológico quando o adotou...já se desconstruía a história... Bem, ainda há quem insista, manhosamente, no "custe o que custar", mas ninguém liga patavina... (só custa a alguns. Não é?)

Anónimo disse...

O Forte do Príncipe da Beira ainda poderia estar melhor. Em Agosto de 1985, na sequência de um pedido das autoridades brasileiras, a Fundação Gulbenkian entregou ao então Presidente Sarney um notável projecto de reabilitação do Forte, de autoria do arquitecto Viana de Lima. Decorridos trinta anos nada se fez. Segundo apurei, inclusivamente junto de personalidades brasileiras que assistiram à cerimónia, o motivo foi simples. O Brasil perdeu o projecto. Nunca pediu segunda via. Tudo bem. O monumento é brasileiro.
JPGarcia

Luís Lavoura disse...

Onde fica esse "belo hotel beirão" e como se chama?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...