O "Maxime", ali na praça da Alegria, é um ícone da noite lisboeta. De cabaret de luxo nos anos 40, foi passando, entretanto, por fases mais ou menos faustosas. Na sua juventude, parte da minha geração também andou por lá, brevemente, na viragem das décadas 60/70, embora o "Bolero" (depois o "Jamaica"), no Martim Moniz, fosse então o destino de eleição. Senti que o "Maxime" ia perdendo o brilho de outros tempos. Constante, apenas se mantinha o seu típico barbeiro, à entrada.
Há uns anos, a Lena e o Bo Backstrom, dois bons amigos de há décadas, decidiram "pegar" no "Maxime" e transformá-lo num espaço de bar e espetáculos, com um toque de modernidade, aberto a públicos mais jovens, recrutando artistas que iam de revelações a consagrados, alguns esquecidos pelo tempo, com certo "kitsch retro" pelo meio (recordo-me de, no Brasil, e a seu pedido, ter andado em busca de Nelson Ned). Por alguns anos, as coisas terão corrido relativamente bem, embora com muito esforço.
As crises, porém, também são cruéis para as noites. A aventura desta fase do "Maxime" acaba precisamente hoje, com um último espetáculo e uma última festa, que se anuncia "de arromba".
Para a Lena e para o Bo, que investiram muito de si neste projeto, aqui deixo um forte abraço de solidariedade e de ânimo. Eu sei que, para eles, deixou já de existir a praça da Alegria.
2 comentários:
tudo, naquela zona, tem desaparecido ou está a desaparecer: os teatros de revista, variedades e comédia, o maxim´s, o hot club, o parque mayer. No entanto, é uma zona bem ubicada, central, facil de frequentar, vocacionada para o lazer, a diversão. Mas está tristemente decadente, velhota, sujinha, Etc.
As crises, porém, também são cruéis para as noites.In FSC
Como reflexão poética...Maxime
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