Não sei se é impressão minha, mas tenho a sensação de que, maugrado alguns esforços pontuais muito louváveis, em 2010 não se foi tão longe quanto se deveria ter ido, em Portugal, na lembrança das Invasões Francesas, no bicentenário da terceira campanha militar.
Na breve abertura que ontem fiz ao lançamento, que, com o Instituto Camões, promovi na Embaixada, do livro do historiador português Manuel do Nascimento, "Troisième Invasion Napoléonienne au Portugal (Bicentenaire 1810-2010)," lembrei que foram essas ações militares que forçaram a sua partida da corte portuguesa para o Brasil, a aceleração da independência desse território e o impacto desses acontecimentos no futuro do nosso país, sem esquecer o que isso significou como o início do fim do nosso "ancien régime".
As dezenas de pessoas que encheram (e fizeram transbordar) o auditório, tiveram a oportunidade de ouvir uma magnífica palestra do professor e historiador Yves Léonard, que fez a apresentação da obra, durante a qual detalhou, com grande profundidade, as diversas dimensões das invasões, desenvolvendo uma curiosa análise, complementada por outros intervenientes no animado debate que se seguiu, sobre o perfil dos líderes militares franceses que chefiaram as operações, o qual não deixaria de ter uma grande relevância para o modo como essas campanhas acabaram por decorrer. Em particular, o professor Léonard contextualizou historicamente esse esforço militar no binómio estratégico franco-britânico e peninsular, destacando também os aspetos mais relevantes do trabalho de recolha e tratamento histórico levado a cabo por Manuel do Nascimento.
Na breve abertura que ontem fiz ao lançamento, que, com o Instituto Camões, promovi na Embaixada, do livro do historiador português Manuel do Nascimento, "Troisième Invasion Napoléonienne au Portugal (Bicentenaire 1810-2010)," lembrei que foram essas ações militares que forçaram a sua partida da corte portuguesa para o Brasil, a aceleração da independência desse território e o impacto desses acontecimentos no futuro do nosso país, sem esquecer o que isso significou como o início do fim do nosso "ancien régime".
As dezenas de pessoas que encheram (e fizeram transbordar) o auditório, tiveram a oportunidade de ouvir uma magnífica palestra do professor e historiador Yves Léonard, que fez a apresentação da obra, durante a qual detalhou, com grande profundidade, as diversas dimensões das invasões, desenvolvendo uma curiosa análise, complementada por outros intervenientes no animado debate que se seguiu, sobre o perfil dos líderes militares franceses que chefiaram as operações, o qual não deixaria de ter uma grande relevância para o modo como essas campanhas acabaram por decorrer. Em particular, o professor Léonard contextualizou historicamente esse esforço militar no binómio estratégico franco-britânico e peninsular, destacando também os aspetos mais relevantes do trabalho de recolha e tratamento histórico levado a cabo por Manuel do Nascimento.
10 comentários:
Tenho má memória dessas invasões, neste fim-de-terra da Europa foi a única vez que fomos verdadeiramente invadidos e saqueados por uma potência estrangeira, as guerras com a Espanha parecem-me mais umas zangas entre irmãos. Será preconceito?
Pois eu não me lembro dessas invasões, porque não era ainda nascido. Li sobre elas e li sobre as guerras com a Espanha, mas não faço juízos morais sobre a bondade ou maldade relativa dos nossos inimigos.
Penso o mesmo. Nem sequer há confirmação da participação do Presidente da Républica no bicentenário da batalha de Albuera a 6 de Maio, onde estarão representantes e dignatarios de outras Nações.
efectivamente, em 2010 quase não se falou, escreveu ou debateu sobre a invasão francesa, não dei por isso;
Recebi um e-mail da editora L’Harmattan a comunicar o lançamento do livro (e penso que também um convite), fiquei com pena de Lisboa não ficar mais perto de Paris.
Já deixei o pedido numa livraria lisboeta, com um pouco de sorte em breve terei o prazer de o ler.
As invasões francesas deixaram marcas irreversíveis no nosso património... foi um verdadeiro "fartar, vilanagem"!
Isabel BP
"Tratamento histórico"
Pois em Chaves levaram que contar...Quer dizer adoro pensar isto nesta perspectiva...
Agora Ah!
E as invasões portugusas da razão
Aquelas que nos fazem equacionar se a razão terá juizo, estará Ela a ensandecer?!!!
Então oiçam/Leiam...
Descubram as diferenças
(Não garanto citações integrais)
"Entrei nesta campanha para estar com o povo..."
"Não me importo de levar as mulheres para Belém"
"A manifestação de revolta dos cidadãos é uma forma de vitalidade da democracia "
"Esta eleição presidencial é uma questão de vida ou morte da democracia"
(AC autores conhecidos)
sem análise de conteúdo
Isabel Seixas
Quem saiu bem de tudo isto foram os ingleses, em portugal, espanha, waterloo. A tal ponto que no bicentenário da batalha de trafalgar em 2005 fizeram uma autentica superprodução de comemorações, incluindo manobras navais em cadiz onde participaram navios de guerra da potencia vencedora e das vencidas. Até levaram descendentes de nelson. Oficialmente,homenagem aos mortos na batalha.
A ver em 2015, nos 200 anos de quando derrotaram definitivamente napoleão e o levaram para sta helena (a propósito: diz-se que o primeiro habitante da ilha foi um português e um galo, especie de robinson crusoé que ali foi desembarcado e viveu sózinho uns anos).
Pois quem goza mais com as guerras peninsulares são os britânicos, que nas livrarias dedicam secções especiais a napoleão, guerras napoleónicas e à "peninsular war" e muito escrevem sobre isso.Têm até romancistas de sucesso especializados nas guerras napoleónicas e invasões francesas, como bernard cornwell e patrick o'brian. Entre nós a "paixão de maria do céu" de c. malheiro dias
É natural que a nossa historiografia (não sei se digo um disparate) dedique pouca atenção a um período que em certa medida foi humilhante: a familia real um pouco maltrapilha a fugir para o rio deixando os ingleses com beresford a tomar conta disto e a defender portugal. A ida para o rio da familia real, sim, mereceu atenção de estudiosos no bicentenário.Daí veio depois a independencia (emancipação)do brasil, sucedida em termos originais e diferentes das outras independencias da america latina. O livro de MN agora lançado pelo embaixador FSC desperta a curiosidade por todas estas razões.
Senhor Embaixador,
Na minha terra, no sopé da Serra da Estrela,de quando um miúdo, ainda estava na memória do povo a passagem, das tropas de Junot, na ida para Lisboa e regresso a França.
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Na ida foram pilhando o que podiam desde as igrejas às salgadeiras de carne de porco dos aldeões.
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No regresso, já esfarrapadas, pagaram “favas”, numa lage de malhar milho e centeio, que não ficou um vivo para contar como foi.
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O local, ficou conhecido e ainda hoje pelo “Campo da Morte”.
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Raulo Brandão no livro, “El.Rei Junot” escreve: Fujam! Fujam!...- Na quarta-feira à noite juntam-se as riquezas das reais capelas, de Queluz, da Ajuda, da Bemposta e as do palácio real as preciosidades, os tesouros que tinham celebridade na Europa.. É um verdadeiro saque: calcula-se que vão para o Brasil mais de 80 milhões de cruzados. Deixa-se o calote, os empregados públicos por pagar, os cofres varridos, o papel-moeda depreciado em 30% - e a ralé para sofrer. Essa fica para o drama. E diz, olhando cheia de tristeza os reis, os fidalgos, as trouxas levadas de escantilhão para bordo:
. Lá vai tudo para a Inglaterra!...
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E no livro de Patrick Wilcken “Império à Deriva a Corte Portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821, refere-se numa passagem: “que a família real, portuguesa, foi infestada de piolhos, durante a tormentosa viagem, de Lisboa para o Brasil, que o barbeiro de bordo lhes cortou o cabelo e desembarcaram no Brasil carecas”.
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Para esquecer a invasão francesa que nada nos honra.
Saudações de Banguecoque
José Martins
permito-me uma pequena duvida de linguagem: "maugrado" é igual a malgrado e as 2 podem ser usadas indiferentemente? Ao ler a entrada a palavra chamou-me a atenção pois eu uso malgrado. Já vi nas duvidas da lingua portuguesa, mas a distinção é vaga, alem de que tambem há mau grado. Entra aqui o AO?
José Martins,
Esse episódio menor na escala dos acontecimentos que foi a infestação de piolhos produziu efeitos até hoje visiveis na cultura popular brasileira, isto é, nos lenços de cabeça das baianas que adotaram o que consideravam ser a moda na Europa naquela época.
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