"Triste, eu?!", ripostou Lobo Antunes, a um jornalista que, na manhã de ontem, o interrogou na Embaixada, por ocasião da apresentação de um projeto teatral que lhe é dedicado inteiramente neste semestre, de que já aqui falei, bem como do seu novo livro, em francês, "Mon nom est légion". A pergunta referia-se ao tom geral da sua obra, mas o romancista decidiu tomá-la à letra e falou da "má disposição" que, às vezes, emerge em membros da sua família.
O escritor está, por estes dias, em França. Na conferência de imprensa, fez uma digressão divertida e "solta" em torno da sua relação com este país, dos amigos que aqui sempre teve, demonstrando reconhecimento por quem aprecia e acarinha a sua obra.
Duas notas humanas.
A primeira sobre Jean Daniel. Lobo Antunes revelou que, um dia, o jornalista lhe escreveu, mostrando o desejo de o conhecer. Ora essa era uma admiração facilmente correspondida, já que o escritor, enquanto militar, era leitor atento do "Nouvel Observateur", que lhe chegava à frente de combate, sabe-se lá por que meios.
O escritor está, por estes dias, em França. Na conferência de imprensa, fez uma digressão divertida e "solta" em torno da sua relação com este país, dos amigos que aqui sempre teve, demonstrando reconhecimento por quem aprecia e acarinha a sua obra.
Duas notas humanas.
A primeira sobre Jean Daniel. Lobo Antunes revelou que, um dia, o jornalista lhe escreveu, mostrando o desejo de o conhecer. Ora essa era uma admiração facilmente correspondida, já que o escritor, enquanto militar, era leitor atento do "Nouvel Observateur", que lhe chegava à frente de combate, sabe-se lá por que meios.
Tocante foi também o modo como António Lobo Antunes falou do seu novo tradutor, Dominique Nédellec. "Quando o conheci, olhei para ele e não acreditava: pensei que era o Art Garfunkel...". O escritor falou da arte da tradução, que vê como a versão "a preto e branco de um quadro a cores", onde se projeta um trabalho da maior delicadeza. E foi, igualmente, bastante interessante ouvir a perspetiva culta do próprio tradutor, a falar da sua imersão na obra do autor, "assustado" inicialmente pela imensa responsabilidade e, finalmente, agradado com o agrado evidente do criador do texto.
Um belo momento, com António Lobo Antunes, em Paris, ontem.
3 comentários:
Admiro os bons tradutores que muito além de palavras e frases traduzem o sentimento.
Uma tragédia que sejam tão poucos.
Traduzir bem é uma arte. A única tradução que fiz de francês para português, foi um dos meus trabalhos mais duros. Tanto, que depois de ter escrito uma tese em francês, ainda me não dispuz a vertê-la para a lingua mãe, apesar de há dois anos ter sido convidada a fazê-lo!
No noticiário da televisão deram a homenagem a a l antunes em paris. Bonita capa a do livro com a tradução francesa.
O meu nome é legião, ontem não te vi em Babilónia, é a ordem natural das coisas mas não entres tão depressa nessa noite escura. No arquipélago da insónia e do conhecimento do inferno, pergunto: que farei agora quando tudo arde e que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?
Belíssimos títulos de livros,estes e outros, os de ALA.
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