domingo, janeiro 09, 2011

Vitor Alves (1935-2011)

Deve ser geracional: cada vez tenho mais mortos conhecidos.

Vitor Alves é um nome que, nos dias de hoje, pouco dirá a largos setores da opinião pública. Contudo, é pena que se não saiba que foi uma figura que muito contribuiu para a liberdade que abril nos trouxe, nessa magnífica aventura de 1974. Coordenador do programa do Movimento das Forças Armadas, era um homem sereno e de extrema cordialidade, um "cavalheiro" que, em diversas ocasiões, encontrei nos corredores da Revolução, com um sorriso simpático, um discurso e uma prática política de onde esteve sempre ausente qualquer radicalismo.

Um dia, no final dos anos 90, Vitor Alves procurou-me para tratar de assuntos profissionais, recordo-me que ligados à atividade de empresas nacionais em Marrocos. A conversa tinha condições para ser bastante breve. Num instante, vieram à baila os tempos do "verão quente". Os seus olhos brilharam e ali ficámos - o velho capitão de abril e o antigo oficial miliciano - a recordar gentes e factos desses tempos de esperança, por mais de uma hora. Nunca mais o vi.

6 comentários:

Anónimo disse...

"Cada vez tenho mais mortos Conhecidos."
In (FSC :2011)

Também não sei se é só geracional, mas a expressão é tão verdade para mim também, sendo que cumulativamente os meus(Alguns seus) também são queridos saudosos e amigos.

Mas reconheço que o luto da finitude constatada é muito mais fácil e atenuado e compreendido na dor, quando já vimos os Nossos Ir.

Condolências à Família e amigos, fica o exemplo

Isabel Seixas

César Ramos disse...

Vítor Alves, foi dos poucos, como o cap. Salgueiro Maia, que cumpriram o seu brilhante papel e deixaram esbater os louros, que a História não deve esquecer.

É esta humildade que distingue os grandes homens; é injusto terem de morrer... para serem recordados!

Que descanse em Paz
C.R.

Anónimo disse...

Tambem o conheci pessoalmente como organizador dos "10 de Junho".Era um verdadeiro "gentleman" que nao se deveria enquadrar muito no contexto dos "revolucionarios".

Eduardo disse...

Senhor Embaixador:hoje ao abrir este blogue tinha a certeza que nele ia encontrar uma evocação do Major Vitor Alves e ao relevante papel que desempenhou em todo p processo de instauração da democracia no nosso país.
O Telejornal da RTP1 de ontem abriu e dedicou largo espaço ao homicidio do senhor Carlos Castro, e noticiou, de passagem, o falecimento do Major Vitor Alves.
Hoje o seu funeral teve apenas nota de rodapé.
Assim vão os critérios editoriais da RTP para a qual,por via das indemnizações compensatórias,os portugueses contribuiram,ano passado, com 145.866.455 euros.

Armenio Octavio disse...

felizmente, ainda não tenho muitos "mortos conhecidos"

Refiro-me a pessoas que presencialmente conheci, mas sinto que parte da nossa memoria e historia está a desaparecer...

A lamentável que que Portugal se esqueça da sua historia, das suas memorias... para onde caminhamos?

Anónimo disse...

Lamento não ter deixado um comentário à morte de Vitor Alves, em devido tempo.

No entanto, passados estes dias, constatei que teve apenas 5 comentários quando se tratou de um Português que ficará na História de Portugal (se daqui a uns anos não tivermos historiadores a branquearem o passado recente).

São estes pormenores que me entristecem no nosso país, a comunicação social portuguesa não deu o devido destaque à morte de Vitor Alves porque se tem dedicado, com o devido respeito, a notícias sensasionalistas.

Nem na morte se pode ser discreto...

Isabel BP

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...