terça-feira, dezembro 13, 2016

Paraquerdismo autárquico

Devo ser eu quem não está com o "ar do tempo", mas devo dizer que tenho alguma dificuldade em aceitar a prática, que está a começar a tornar-se partidariamente endémica, de figuras políticas saltitarem entre municípios, para tentarem potenciar as hipóteses do seu partido ganhar mais Câmaras.

O poder local não é isto, é para ser exercido por quem está no dia a dia nas terras a que concorre, quem lhes conhece bem os problemas e as gentes. E é ridículo - e denota oportunismo - andar a saltitar de um lado para o outro. A resposta devia ser dada pelos eleitores, mas a cegueira, somada ao carneirismo político, é muita.

(Sei que alguns amigos não vão gostar do que acabo de escrever, mas é vida!, como costumava dizer um outro amigo que ontem mudou a sua)

Força, Mário Soares!


Olhar o Mundo


Já pode ser visto no RTP Play o último programa "Olhar o Mundo" onde, com António Mateus, converso sobre o momento da Europa, para além de notas sobre a sucessão política em Angola, a surpresa da demissão do primeiro-ministro neo-zelandês, a crise político-institucional que se vive no Brasil, a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao presidente colombiano José Manuel Santos, a demissão da presidente da Coreia do Sul, a tomada de posse de António Guterres como secretário-geral da ONU, o reacender da conflitualidade na República Popular do Congo, as surpresas de Trump em matéria de política externa, o caminho autoritário da Turquia e, finalmente, o problema do pedido de levantamento da imunidade diplomática aos filhos do embaixador do Iraque.

Pensar Portugal

Ao tempo em que ainda vivia em Paris, fui convidado por Miguel Lobo Antunes, diretor da Culturgest, a integrar, quando regressasse definitivamente a Portugal, um grupo que se dedicava a refletir sobre a sociedade portuguesa e o seu futuro. O objetivo do grupo era exclusivamente esse: pensar de forma aberta, sem qualquer espartilho político-partidário, alguns problemas centrais do país, dando especial atenção aos constrangimentos ao seu crescimento, quer na área económica quer na estrutura do Estado, agregando para tal as contribuiçōes externas tidas por interessantes.

À época, para além do próprio Miguel Lobo Antunes, compunham o grupo Fernando Bello, João Ferreira do Amaral, João Salgueiro e José Manuel Felix-Ribeiro. Com o tempo, juntaram-se-nos João Costa Pinto, Lino Fernandes e Júlio Castro Caldas.

Para além de vários debates organizados na Culturgest, abertos ao público, onde intervieram deputados europeus e muitas outras personalidades, o grupo produziu documentos, que vieram a ser publicados na imprensa, com contributos que, frequentemente, refletiram o saldo de audições feitas a diversos especialistas, num espetro de opiniões sempre muito alargado. Todos os documentos produzidos pelo grupo podem ser consultados no blogue Pensar Portugal (www.pensarportugal2016.blogspot.com).

Hoje, o "Jornal de Negócios" publica o primeiro de dois novos textos do grupo, subordinados ao tema "Mudar de Vida ou a Economia portuguesa na Globalização". Esse primeiro texto pode ser consultado aqui.

E agora, António?


António Guterres foi ontem entronizado como novo secretário-geral das Nações Unidas, cargo em que assumirá funções no primeiro dia de 2017. É o cume da carreira extraordinária deste engenheiro eletrotécnico que, sem nunca ter sido secretário de Estado ou ministro, chegou um dia à chefia do governo em Portugal, onde ficou por mais de seis anos. 

Oriundo de famílias de meios limitados, estudante sem mácula, profissional de excelência no Gabinete da Área de Sines, Guterres é talvez a prova de que a meritocracia funciona, em Portugal, mais vezes do que se pensa. Militante católico fervoroso, humanista por vocação, dialogante por convicção, procurou transmitir na sua governação um choque de modernidade à sociedade portuguesa, conduzindo habilmente o país no plano europeu e internacional. Um dia, sob o cansaço do impasse político, cumulado por questões familiares, pôs fim definitivo à experiência política nacional, a que se dedicara por décadas. 

Remeteu-se a partir de então à dignidade de um quase inquebrantável silêncio e, com o empenhamento total que está nos seus genes, enveredou por uma desafiante experiência internacional, numa área que casava bem com as suas preocupações sociais. Teve sucesso, ganhou prestígio e, aproveitando muito bem uma conjuntura que acabou por sorrir-lhe, viu as suas raras qualidades reconhecidas, na escolha para o lugar mais relevante na maquinaria internacional para a defesa da paz e da segurança.

Guterres chega à ONU num momento muito complexo. A potência que um dia estimulou o desenho da ordem internacional que tem as Nações Unidas no seu centro acaba de eleger, para a chefiar, a pessoa menos propensa a aceitar uma ordem global equilibrada e solidária. Ao "America first" somam-se uma Rússia em pleno curso de recuperação estratégica da humilhação da Guerra Fria, uma China que vive um tempo de afirmação política para sustentar o seu crescente peso económico, um projeto europeu declinante, dividido e sem entusiasmo, que vive um dia-a-dia de mera sobrevivência, com o risco de crise ao virar da esquina. O Médio Oriente está inflamado como nunca nas suas tensões, com efeitos colaterais que desestabilizam largos espaços geopolíticos. A pobreza e a desigualdade continuam a marcar várias regiões do mundo e a liberalização comercial global está em claro refluxo, com o nacionalismo protecionista a ganhar um novo ciclo de popularidade. O mundo está perigoso.

A fé move montanhas, diz-se. Não será por falta dela que esta nova montanha em frente de António Guterres se não moverá.

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Camisola

Não consegui, até hoje, convencer a família de que, a minha prenda de Natal ideal seria uma destas camisolas brancas de alças, sem mangas, que, em matéria de elegância e distinção, disputam com os fatos-de-treino com que alguns se passeiam pelos centros comerciais. A dúvida sobre se isso terá de ser complementado por um cordão de ouro e por uma discreta tatuagem permanece, contudo.

Benfica - Sporting

O Benfica ganhou ao Sporting. Parabéns aos benfiquistas. Não escandaliza a vitória do Benfica, embora o Sporting tivesse, a meu ver, jogado de uma forma em que a sua vitória não seria um resultado injusto. Serve isto para dizer que entendo que o empate teria sido o desfecho mais natural. Não foi assim, o Benfica foi mais eficaz, mais oportuno e, por isso, um vencedor sem contestação. Ponto.

domingo, dezembro 11, 2016

Blogues

Eu que escrevo este blogue com teimosa regularidade diária, desde há quase oito anos, e que não me posso queixar de falta de leitores, estou contudo a criar a ideia de que o tempo dos blogues "já era", que o Twitter, o Instagram e o Facebook, pela sua instantaneidade, prevalecem hoje no "mercado" informático. 

Talvez esta minha perceção derive do facto de, enquanto leitor, ter praticamente deixado de visitar blogues, ao contrário do que fazia no passado - em que "corria" uma dezenas desses "sites", logo ao abrir o dia. Nos dias que correm, se passo por uma meia dúzia de blogues por semana, já será muito.

Será assim? Os blogues estão a passar de moda?

Hoje, é assim!


sábado, dezembro 10, 2016

sexta-feira, dezembro 09, 2016

Maquilhagem


Gosto bastante das conversas, sempre curtas, com as maquilhadoras dos canais de televisão por onde, às vezes, passo. O ambiente parece o de um barbeiro, mas não é. Nesse caso - em que o meu barbeiro de décadas se converteu num amigo - a interlocução é mais prolongada. Com as maquilhadoras, a conversa é obrigatoriamente mais rápida, mas, às vezes, bem frutífera: já tive, dessas senhoras, boas dicas de restaurantes e de locais de férias. 

Na maquilhagem, há quase sempre, depois do programa, um segundo tempo: a desmaquilhagem. Se o exercício é à noite, salto quase sempre esse passo, optando por retirar em casa, com água e sabão, aquela poeira amarelada que nos dá o ar de velhas senhoras pálidas (já dei cabo de várias toalhas de rosto, porque aquela "tinta" é, de facto, terrível). Há dias, à saída de um debate, ao dizer a um colega de painel, velho "routier" semanal de uma certa televisão, que o não acompanhava à operação de retirada da "cor", ele retorquiu-me: "Não, eu vou sempre à desmaquilhagem. É que aqui fazem isso tão bem que quase parece uma massagem à cara. Há umas semanas, ia mesmo dormindo na cadeira...". Um destes dias, vou experimentar.

Hoje, num outro canal, a conversa foi sobre outro sono, o eterno. Como se sabe, há agora uma mania de maquilhar os mortos. A senhora com quem falava, que nunca atendeu mortos, estava numa tarde "gloriosa", divertida mas algo mórbida: "Deve ser uma experiência interessante: não se mexem, não falam e não se queixam da cor". Não resisti: "E, depois, dão muito menos trabalho, não é?". "Depois"? Ela não percebeu logo. "Porque não há que desmaquilhá-los, depois". Ela concordou, com um sorriso. "Então até já!", esperando que eu regressasse daí a cerca de uma hora. Mas eu fiz de morto...  

O mel de Putin


No discurso politico usado na campanha eleitoral, Donald Trump deixou sinais claros de uma simpatia pelo estilo de liderança de Vladimir Putin. Era óbvio que o fazia para sublinhar o contraste com o modelo Obama, acusando este de fraqueza e de falta de ambição na promoção dos interesses americanos. Daí a ser prenunciada uma entente Obama-Putin, com impacto à escala global, foi um passo fácil para os futuristas de pena ligeira.

O modo como Putin lidera a Rússia tem muito a ver com a circunstância de o fazer num país que se sente visivelmente humilhado pelo modo como terminou a Guerra Fria com o Ocidente. O facto das fronteiras da NATO e da União Europeia terem sido levadas, em poucos anos, até escassas centenas de quilómetros de Moscovo é uma reversão estratégica que a Rússia nunca aceitou. A sua população olha o estilo de Putin, e até às suas ousadias (na Geórgia e depois na Ucrânia, com o flagrante sucesso da Crimeia), como uma desforra ao desafio e ao “cerco” que entende existir à volta do país. E é com orgulho que deve olhar a ação militar na Síria, num Médio Oriente onde Moscovo nunca havia sido um ator no terreno, encenando, embora de forma limitada, uma espécie de “remake” do poder global que a URSS um dia foi.

Num mundo onde o conceito de “democracia”, de que ninguém ousa curiosamente afastar-se, é interpretado do modo mais diverso e antagónico, o modelo russo, a que alguns chamam já “democratura” (de democracia e ditadura), surge como apelativo para alguns – eleições com limitações, pressão sobre os media, fragilização da separação de poderes, intimidação ou repressão sobre opositores, etc. Estados como a Turquia ou mesmo a Hungria, para já não falar da Bielorrússia ou do Azerbaijão ou de todas as Repúblicas da Ásia Central, vão, embora a ritmo diferente, nesse caminho, que quase sempre incorpora uma clara personalização do poder.

O que não deixa de ser curioso é o que se passa entre nós, em Portugal, no que toca a uma sedução caricata em torno de Putin. Alguns setores, que tanto se ercarniçam - e com razão - contra o sectarismo dos Bálticos ou a brutalidade israelita, absolvem alegremente as distorções dos valores democráticos pelo “putinismo”, fecham os olhos à carnificina de Aleppo, valorizando apenas o combate russo ao desequilíbrio estratégico global pós-Guerra Fria. Sem o assumirem explicitamente, o seu raciocínio é caricaturalmente este: se Putin desagrada àquilo de que não gostamos (a NATO, a prevalência do poderio americano, uma ordem no Médio Oriente condicionada por Israel), então “que viva Putin!”. Putin significa autoritarismo e desprezo pelas regras da democracia “burguesa”? Pode ser quem sim, mas isso é apenas um despiciendo detalhe para quem, bem lá no fundo, nunca acreditou que isso fosse o essencial.

quinta-feira, dezembro 08, 2016

8 de dezembro


Por muitos anos, o dia 8 de dezembro foi o dia da mãe. Já não sei por que luas, deixou um dia de o ser, oficialmente. A data ficou-me na memória afetiva, porque acho que, com estas coisas, não se deve andar aos trambolhões pelo calendário.

quarta-feira, dezembro 07, 2016

Um adeus


Uma instituição que, por muitos anos, reforçou as relações entre diversificados setores da sociedade portuguesa e membros de comunidades originárias, em especial, da Europa de Leste e do Brasil, terá cessado agora a sua atividade, ao que me dizem. As relações externas portuguesas sofrerão assim uma perda de tomo - e isso é relevante para uma vertente, embora algo paralela, da nossa diplomacia. Embora nunca tivesse tido o ensejo de conhecer pessoalmente o espaço em causa, inclino-me perante a melancolia que sei que atravessa quantos nele, ou a partir dele, cultivaram laços que agora ficam mais fragilizados.

Parabéns, Mário Soares


Faz hoje anos Mário Soares. O seu estado de saúde não lhe permite usufruir em pleno um aniversário que nós, seus amigos, temos obrigação e prazer em comemorar, por aquilo que ele é, pelo que representa para um país cuja liberdade e bem-estar ele muito ajudou a construir.

O novo PCP


Acabo de ler uma notícia surpreendente: no Comité Central do PCP, depois deste XX Congresso, só resta Ruben de Carvalho de quantos militantes do partido - e foram muitos! - um dia estiveram presos durante a ditadura. A renovação geracional é um facto no seio dos comunistas, sem que isso, contudo, tenha conduzido a uma mudança profunda de orientação política, o que talvez seja o segredo da sua sobrevivência. Outros dirão que, pelo contrário, a sua participação bem sucedida na "geringonça" é a prova de que os comunistas continuam a seguir a máxima de Cunhal: firmeza estratégica e flexibilidade tática.

Para o Ruben de Carvalho, que foi, por muitos anos, a alma dessa grande realização que é a Festa do Avante, que há semanas cruzei numa bela charla radiofónica e com quem sempre lembro as divertidas jornadas em casa do Bartolomeu (Cid dos Santos), deixo aqui um abraço de amizade.

Polícia da Régua

Na minha terra, em Vila Real, quando se queria dizer que alguém era autoritário, façanhudo e de modos rudes, dizia-se que era "pior do que um polícia da Régua". Nunca soube a origem da expressão mas, confesso, passei a utilizá-la ao longo da vida, à vista de alguns especimens que se assemelhassem ao modelo de um cívico grave, de larga bigodaça e, claro, com barrriga - porque me habituei a associar a autoridade à existência de alguma proeminência abdominal. E, das muitas vezes que passo pela Régua, se me cruzo com um polícia, tento perceber se ele está à altura do mito.

Há pouco, no Tweeter, o meu amigo Fernando Barreto, irmão de "todos os Barretos", um vila-realense com fortes ligações familiares à Régua, atirou-me com esta surpresa: o "polícia da Régua", afinal, era de Vila Real...

Já nem nos mitos se pode confiar, caramba!

terça-feira, dezembro 06, 2016

Agora, a sério

O que se passou ontem com a entrevista do primeiro-ministro à RTP obriga a uma reflexão. 

A entrevista, em si mesma, pareceu-me basicamente correta. A barragem de "avisos" que as redes sociais de direita (deixemos de falar em "centro-direita", que é um termo próprio da direita envergonhada) haviam feito nos últimos dias contribuiu para a postura fortemente inquisitiva dos entrevistadores. 

Não me pareceu mal que assim fosse. António Costa não esteve à vontade, irritou-se e teve alguma dificuldade em "navegar", de forma satisfatória, pelas trapalhadas da Caixa. Pelo meio, disse algumas coisas interessantes sobre o tratamento europeu da questão da dívida e sobre as perspetivas legislativas em matéria laboral. O "ticket" de entrevistadores pareceu-me bem escolhido.

O escândalo - porque é um verdadeiro escândalo - foi a escolha dos jornalistas que, na RTP 3, analisaram a entrevista, na sua imediata sequência. Nem uma só dessas pessoas é conhecida por ter uma atitude isenta face ao atual governo. 

Para ser mais claro, trata-se de comentadores que, sem uma única exceção, defendem opções económicas e políticas opostas às de António Costa. Só por ali faltaram Camilo Lourenço ou José Gomes Ferreira ou Pedro Arroja ou Paulo Ferreira ou António Costa ou João Vieira Pereira ou a maré liberal da blogosfera - tudo gente que, dia após dia, exercita um jornalismo de oposição que, sendo legítimo, um juízo de meridiano equilíbrio editorial obrigaria a ser posto lado a lado, não com académicos defensores da "geringonça" (como depois fizeram com Paes Mamede ou Pedro Lains), mas com jornalistas que não façam parte do grupo dos invocadores do Diabo outonal que teima em atrasar-se.

Esteve muito mal neste caso a direção de informação dirigida por Paulo Dentinho, de uma RTP chefiada por Gonçalo Reis. Mostrar independência não é sinónimo de entregar poder informativo à oposição. Até porque me não recordo de que, nos tempos da antiga maioria, a opinião económica veiculada pela mesma RTP, que lembro que já era dirigida por Gonçalo Reis, fosse alguma vez tão esmagadoramente de esquerda como esta é de direita.

Frete

Acho lamentável que a RTP convide para comentar na RTP 3, depois da entrevista do primeiro-ministro, apenas e só jornalistas que, manifestamente, adoram António Costa. 

Assim não!

segunda-feira, dezembro 05, 2016

Ainda as Lajes

... mas desta vez nada tem a ver com os militares. Refiro-me à aterragem de emergência, ontem, no aeroporto das Lajes, na Terceira, nos Açores, de um voo da Qatar Airways. (Isto é motivo para um post? Que falta de imaginação!, devem estar a pensar. Mas já verão porquê!). Ao que parece, os traumatizados passageiros, entre eles alguns feridos por uma queda abrupta do avião, foram sujeitos a largas horas de espera. Um jornalista da Al Jazeera, que também nele viajava, filmou a indignação dessas pessoas e foi dando disso conta ao mundo. 

Milhões de cidadãos de várias nacionalidades, que só remotamente tinham até então ouvido falar de Portugal, ficaram a associar o nosso país a um acolhimento de "terceiro mundo", a uma burocracia sem sentido, a uma desorganização qualificadora de um país desagradável. Algum do esforço que por todo o mundo é feito para promover Portugal como um país "idílico" para o turismo, desde logo os próprios Açores, pode ter-se perdido nessa imagem negativa, na boca dos qataris e americanos entrevistados.

E, no entanto, a verdade pode não ser necessariamente essa.

Uma aterragem de emergência é isso mesmo, é uma emergência, que deve ter uma maior dificuldade em ser enfrentada por se tratar de um fim-de-semana. Além disso, aquele nosso aeroporto tem as condições que tem, é uma infraestrutura com um quadro de recursos humanos naturalmente impreparados para operações com aquela dimensão logística, pelo que deve ter tido de improvisar a resposta imediata.

Mas há um ponto que particularmente me impressionou: a queixa sobre o tempo que demoraram os procedimentos de verificação da identidade de todos os passageiros, que só podiam sair do aeroporto, para se instalarem em hotéis, depois de verificado se algum de entre eles estava impedido de entrar em território europeu. Ora, ao levar a sério esses procedimentos, ao não "facilitar", as autoridades aeroportuárias da Terceira deram apenas mostras de grande sentido de responsabilidade e profissionalismo. Imagino que seria "o bom e o bonito" se acaso, numa falha em matéria de controlo de segurança, alguém suspeito se tivesse escapulido...

E, confesso, apeteceu-me responder a um preconceituoso passageiro americano, que passou muito nas televisões, que ter passaporte americano não é sinónimo de não se ser um criminoso e que, em matéria de "racial profiling" em aeroportos, em particular no que respeita a não praticar discriminação contra "pessoas com cor indiana", não recebemos lições dos EUA. Até o nosso primeiro-ministro tem essa cor...

O outro 25

Se a manifestação dos 50 anos do 25 de Abril foi o que foi, nem quero pensar o que vai ser a enchente na Avenida da Liberdade no 25 de novem...