Foi uma interessante e muito concorrida sessão aquela que a Fundação Calouste Gulbenkian ontem organizou, com a conferência do prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz. A apresentação, substantiva e profunda, feita pelo presidente da Fundação, Artur Santos Silva, valorizou ainda mais o momento.
Sei que o convite ao economista liberal americano (e o conceito de "liberal" é, nos EUA, praticamente o oposto da noção que a Europa dele tem) foi formulado já há muitos meses, mas quase se poderia considerar, por aquilo que Stiglitz disse, que tinha vindo a Lisboa para apoiar abertamente o governo socialista no poder, tal foi a identidade de pontos de vista que manifestou com o programa do novo executivo. Diria mesmo que, em certos aspetos, Stiglitz foi bem mais ousado do que as ideias económicas de Mário Centeno.
Curioso foi também o ataque mortífero que Stiglitz fez à Parceria Transatlântica, perante o olhar fortement desaprovador do embaixador americano em Portugal, Robert Shearman, que tanto se tem esforçado por promover esta iniciativa entre nós. O apoio da sala às fortes críticas de Stiglitz deve ter levado Shearman a pensar que, às vezes, a vida de um diplomata não é nada fácil...
3 comentários:
Claro, o embaixador americano representava o Estado, numa discussão onde a economia era o tema principal. Mas no sistema económico neoliberal vigente , o conjunto da economia é hoje monopolizado pelo sector privado e um grupo de banqueiros (as potências do dinheiro, este talismã) em detrimento do Estado defensor do bem publico cidadão.
O Estado, que foi em tempos justo e equitativo - árbitro imparcial entre as forças sociais contraditórias - está na mão duma clique de ricos - em colusão - se cooptando, complotando e pervertendo os funcionários, financiando os políticos através de caixas eleitorais ocultas e a corrupção, e açambarcando todo o poder politico democrático burguês.
Muitos pensaram quando Obama foi eleito, e que Stiglitz fazia parte do seu "staff" de economistas , que este teria uma influência positiva no seu governo. Nem a lei sobre a Segurança Social pôde passar a rampa do Congresso.
E o Stigitz tem toda a razão no que respeita à Aliança Atlantica. Pouco discutida mas a evitar a todo o custo.
Correcção: Parceria Transatlântica...
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