Há dias, aqui em Lisboa, fui experimentar um restaurante que já tem mais de um ano, mas que não conhecia e nem sequer é "topo de gama". Começo pelo fim: não se comeu mal mas não me ficou na memória o que comi, o que não é o melhor sinal.
Mas esta nota é mais sobre o "estilo". Logo à chegada, quando nos preparávamos para sentar, com uma nota de "autoridade", o patrão lançou do fundo: "Os meninos (sic) venham aqui ver os peixinhos", orientando-nos para umas montras dos peixes e carnes. (Eu admito esta dos "meninos" no Queiróz, de Avelãs do Caminho, e a velhas senhoras em tascas de província, não a um matulão que tinha idade para ser meu filho!). Preços, nem vê-los! Uma lousa a giz (anda aí agora na moda copiar as "ardoises" dos "bistrots" franceses) elencava alguns outros pratos, igualmente sem indicação dos cifrões. Sempre num estilo demasiado à vontade e um ar "rough finaço", com camisa aberta até ao quarto botão, o visível dono falava como se nos conhecesse "de toda a vida" e, volta e meia, dizia graças alto para outras mesas, anunciado "Xandinha, a menina tenha paciência, já aí vou, tá bem?"
Ao pedir a lista, notei uma certa resistência. Foram-nos debitados oralmente, com uma certa displicência, alguns outros pratos, "recomendados pelo chefe". Aí, olhei o rapazola e disse-lhe: "Já provou que tem boa memória. Agora traga-me a lista". Não me pareceu ter apreciado o dito. É que os preços continuavam a não ser vistos em parte alguma. Por fim, lá acabou por chegar o cardápio (um só, para duas pessoas).
Como imaginava, no tocante aos peixes, lá vinha com o espertalhote "p.v.", que é uma maneira de "meterem a unha" olhando a cara do freguês. O empregado (ou devia dizer "colaborador"?) andava por ali com ar de sobrinho disposto a ajudar um tio em dia de folgas do pessoal. Falava como se tivesse um MBA ou vontade de que o tomassem por isso.
No final, surpresa das surpresas, quando pedi fatura, e ao me preparar para dar o NIF, foi-me dito para o dizer alto, através da sala, para o patrão atrás do balcão. A sala ficou a sabê-lo. (Belo método, para desestimular o pedido)
Anda aí numa certa moda, ao gosto de alguns masoquistas seduzidos pelo estilo, esta forma "casual arrogant" de dirigir restaurantes e de lidar com clientes, às vezes assumindo ares graves, como se estivessem a providenciar "haute cuisine" no Noma, no El Bulli ou no Ducasse, outras a dar-se fumos de meninos da sociedade e a permitirem-se ligeirezas com quem não os conhece de parte alguma. Para não me aborrecer, travo-me sempre de lhes dizer aquela frase que um velho amigo meu diz aos proprietários, quando sai insatisfeito de um restaurante: "Vim cá três vezes: a primeira, a única e a última". Foi este o caso.
23 comentários:
Não gosta de comer em restaurantes sem ver o preço dos pratos, não é? É desconfortável, não é? Mas mandar bitaites para que o PS ampare um governo de trafulhas que nem programa tem, isso já não lhe é muito desconfortável, pois não? Um programa de governo que não tem o preço daquilo que os portugueses hão-de pagar já lhe merece um rotundo sim no que respeita ao apoio do PS, não é? Mas maçador mesmo era a lista de pratos que não tinha o preçário. Aposto que irá censurar este comentário.
Já agora, podia e devia dizer-nos o nome e morada do restaurante, para ficarmos informados e não pormos lá os pés.
O que há mais por aí são restaurantes deste gênero.
Não durarão muito tempo.
Então aqueles que continuam renitentes em passar factura é de bradar.
Com esta maneira de trabalhar, não terá vida longa esse restaurante...
Como o anónimo das 4.16 (já saiu da discoteca?) pode observar, enganou-se. Mas, como não sabe ler o que eu escrevi e, pelos vistos, não ouviu o que eu disse no "Expresso da Meia Noite" de 6ª feira, não há nada a fazer. Bom proveito!
Claro que não revelo o nome do restaurante. Nos vários locais (blogue "Ponto Come", revistas "Evasões" e "Epicur") onde regularmente escrevo sobre alguns restaurantes que visito, só anoto pontos globalmente positivos. Quando não aprecio um local, não falo dele ou trato-o de forma não identificável. Não considero ter o direito de, por uma simples e impressionista análise de cariz muito pessoal, poder colocar em causa investimentos e postos de trabaho.
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~ Um almoço difícil de engolir...
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A história da factura com NIF , já me aconteceu no Algarve. Mas obtive-a.
Quando não têm MB, então acontece mesmo nalguns restaurantes, o chico espertismo portugês é transversal.
"Não considero ter o direito de, por uma simples e impressionista análise de cariz muito pessoal, poder colocar em causa investimentos e postos de trabaho."
ou levar com o contraditório do proprietário, mas o que tem piada é o misericordioso achar que pode destruir restaurantes com aquilo que diz, o que nos leva para o campo da chantagem gastronómica.
O serviço é o que gosto menos nos restaurantes em Portugal - mesmo naqueles em que a comida é boa. Começa em geral razoavelmente mas, à medida que o tempo vai avançando, as coisas vão - se desleixando, seja por familiaridade excessiva para com os clientes conhecidos, seja porque não somos estrangeiros ( e por isso, em princípio, olharemos para os preços, escolheremos o mais barato e pediremos a factura no fim ), seja ainda por incompetência, falta de formação ou outras redundâncias. Estive há uns tempos em três restaurantes de Bucareste e a eficácia e a rapidez foram uma constante. Que diferença!
JPGarcia
Nunca me esqueço de um restaurante de francesinhas (exatamente) que existiu em Lisboa (há muitos anos já), e que pretendia receber apenas com reserva. Mas, se "aparecêssemos" no local, eles lá condescendiam...
Menú muito actual, os preços já incluem IVA:
"Borch (sopa russa) & Chamuças (região bem demarcada) tony"
Embaixador, vamos lá falar do que interessa. Jáviu que até o o XUXIALISTA, actual secretário geral da UGT, está contra a formação de um governo de esquerda. Que coisa tão normal, um sindicalista que prefere governos de Direita a governos de Esquerda. Para mim foi bom que tivesse acontecido este cenário, porque assim vemos os ratos que existem lá no largo dos ratos. Há muito que sabemos que grande parte dos dirigentes do PS, são neoliberais conectados com o grande patronato e com os grandes grupos financeiros. Também há muito eu sabia que esses sindicalistas da UGT, não passavam de uns falsetezinhos que em nome dos trabalhadores conseguem viver sem trabalhar. A UGT é um sindicato fantoche ao serviço do patronato e dos interesses burgueses. Esse Xuxialista que é o secretário geral desse sindicato que vá mas é trabalhar ele e todos os malandros a nivel nacional que vivem sem trabalharem dentro dessa organização sinistra que dá pelo nome de UGT. Não enganam ninguém
ó Embaixador, esse anónimo das 4 e 16, deve ter tomado muito sintético durante a noite. Então as pessoas pouco sérias são as do PC e do Bloco. Então quem rou bou o BPN? de que partido era o OLiviera e Costa, Dias LOureiro, Isatino Morais? e outros mais, ou de que partido é o Vara, O 33, e outros mais? querem ver que são do PC e do Bloco. Anónimo das 4 e 16, tem que fazer uma desintoxicação do que anda a consumir nas noitadas.
Boas respostas, Senhor Embaixador.
Falta só dizer que, provavelmente, pagou mais do que num restaurante a sério, com boa comida portuguesa e bom serviço, que este tipo de gente não sabe o que é... Dizem-me que falta «formação»; penso que falta educação básica e a noção de que somos «clientes».
Mas então para que vale o comentário, se não servirá para orientar seus leitores?
O gajo da Discoteca deve ter estado a dançar como o Portas e o Passos a noite toda!
Provavelmente engana-se ao pensar que as pessoas vão a este tipo de restaurants para comer quando o que querem é "ser vistas".
Mas discordo em absolute que não nomeie as casas que nos tratam mal. Não é esse metade da missão do critico ?(a outra é elogiar quem merece).
Já agora vem a propósito a blague de Winston Churchill o qual, quando perguntado como tinha corridor um jantar para que tinha sido convidado na vespera, respondeu:
"Well it would have been splendid if the wine had been cold as the soup,the beef as rare as the service, the brandy as old as the fish, and the maid as willing as the duchess..."
Francisco
Não sou arrogante nem teria porquê.
Mas, vejo com alguma frequência, quem está do outro lado do balcão trata o cliente por você.
Na última vez, passou-se comigo. Estava cansada, tinha apanhado chuva, e a a donzela saiu-se com "o que é que você quer?".
Respodi-lhe que primeiro que tudo, queria ser tratada por senhora, tal eu como fizera com ela e depois pedi-lhe o favor de me trazer um chá. À saída, avisei-a que da próxima pediria o livro de reclamações...
Não sei o que é pior: se os queques com prosácia de doutores, se os ignorantes que pensam serem nossos íntimos. Haja paciência!
Senhor embaizador, se não identifica o restaurante, não vejo qualquer utilidade no post. É o mesmo que criticar um livro e não dizer o seu nome ou do autor. Como se diz na minha terra: "olha, parabéns à prima" ;)
A ironia é que "você" vem de "Vossa Mercê"...
Senhor Embaixador
Completamente de acordo com esta sua crónica. Está agora na moda estes restaurantes com o conceito de "à vontade ", infelizmente não sabem a diferença entre "à vontade" e "à vontadinha" e infelizmente estes últimos são a grande maioria.
Como saberá o PV é proibido, pode vender peixe ou carne ao Kg, mas o preço do Kg tem de estar indicado
Por ultimo quero dizer-lhe que aprecio a sua posição e não indicar o nome do restaurante, é uma atitude própria de um Senhor
Abraço
Ao Anónimo das 23:13
Seria, de facto uma ironia, se eu consentisse que alguém, alguma vez, no passado, me tratasse por "vossa mercê". Seria, então, pior a emenda do que o soneto... Mas tem melhor ainda, que é o "vocemecê" também bastante em voga!
:-))
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