sábado, outubro 10, 2015

O dia em que perdi um Presidente


Os portugueses vivem, por estas horas, o início efetivo da corrida à Presidência da República.

Henrique Neto, um militante bastante mal amado no PS, há muito que avançou, embora pouco se tenha visto por ora. Sampaio da Nóvoa, figura exterior aos baralhos partidários, não conseguiu ter o desejado apoio do PS, que o havia pré-lançado, mas vai à luta. Maria de Belém Roseira, anunciou a sua candidatura, que formalizará na próxima semana, sendo a segunda militante socialista a entrar na corrida. Tendo medido cuidadosamente o ambiente à sua esquerda, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou ontem aquela que, tudo indica, será a candidatura com que a direita política espera poder conquistar Belém.

Tenho consideração pessoal por todos os nomes referidos, laços de amizade com vários dentre eles, mas posso agora confessar que o meu candidato preferido à Presidência da República era, de há muito, Guilherme de Oliveira Martins.

Trata-se de um cidadão com uma extraordinária - eu diria mesmo, ímpar - preparação em matérias de Estado, com grande equilíbrio político, uma muito rara capacidade de diálogo, um europeísta convicto, para além de possuir de um perfil cultural rico e abrangente, difícil de encontrar entre nós. O seu tempo à frente do Tribunal de Contas honrou a instituição, colocando-a numa posição de prestígio, num tempo polémico e muito complexo. O seu inatacável perfil ético constituir-se-ia numa garantia segura de confiança para todos os portugueses. 

As coisas não correram como eu desejaria. Guilherme Oliveira Martins deixa o cargo de presidente do Tribunal de Contas e passa a integrar o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian. Embora reconheça que o novo lugar lhe "assenta que nem uma luva", tenho muita pena que não possamos contar com ele no palácio de Belém. Estou certo de que seria um extraordinário Presidente da República portuguesa.

14 comentários:

disse...

O Sr. Embaixador escreve por lapso "Tribunal Constitucional" quando queria escrever "Tribunal de Contas".
O Dr. Guilherme d'Oliveira Martins é um exemplar servidor público e seria um excelente Presidente da República (mais na linha de Jorge Sampaio que dos outros). Agora, parece-me que no momento que hoje vivemos, ele nos seria mais útil a chefiar um governo "de independentes" com o apoio parlamentar da coligação e do PS. Todos ficávamos a ganhar com um governo que integrasse figuras de elevado prestígio e moderação quer à esquerda quer à direita. Só um governo deste género seria capaz de ultrapassar o ambiente de profunda crispação entre os partidos da coligação e o PSD. Mas é evidente que isto não vai acontecer. Perdemos todos...

Anónimo disse...

Tribunal Constitucional?

Anónimo disse...

Partilhei e concordo plenamente com o que o senhor Embaixador reflecte.
Semelhante «revolta» e «desconsolo» pelas contínuas opções desajustadas que se vêm fazendo... o disse eu, hoje mesmo, em rede social onde partilhei seu texto deste blogue.
E disse: "O" melhor candidato à Presidência da República _______________ e ?! _____ e?!
".../Oliveira Martins troca [?!] Tribunal de Contas [onde exercia o cargo de Presidente desde 2005] pela Gulbenkian".../
Claro que SÓ a Gulbenkian fica a ganhar E NÃO todos os portugueses!"
Grata por sua voz continuar a ser um clamor sereno neste país.
Bem haja! Dia feliz.

Anónimo disse...

Como agora se usa dizer, "Há um tempo para tudo". Não teria chegado ainda a vez de GOM. Mas ficamos esperando por esse tempo...

Anónimo disse...

Não perca a esperança! Costa tem nele o candidato ideal. E que arrasaria com todos!

ZeBarreto disse...

Um vegetariano a gerir um talho?

Não consigo sequer imaginar um debate entre ele e o Marcelo Rebelo de Sousa! Seria uma coisa surreal...

Guilherme Oliveira Martins é uma figura muitíssimo respeitável, decerto, mas para PR precisa-se de alguém com perfil político, que ele absolutamente não tem.

Um abraço
ZB

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Embora não seja Republicano, concordo consigo Senhor Embaixador, o Guilherme de Oliveira Martins poderia ser um optimo PR

Anónimo disse...

Não sendo eu do PS( NÃO PERTENÇO AO CHAMADO ARCO LABREGO(ps, psd e cds), mas no entanto sempre admirei Guilherme de Oliveira Martins. Já agora ó embaixador então o ex jotinha(carreirista politico, o ququinho, burguesinho e labreguinho, Sérgio Sousa PInto, demitiu-se, coitadinho deve ter sido daqueles patetas a quem em pequenino a avózinha agarradinha a um crucufixo dizia que os comunistas comiam meninos. Coitadinho, não quer um governo com gente séria(PC e Bloco), preferia aliar-se aos restantes labregos como ele da Direita.

Anónimo disse...

Até há pouco tempo alimentei a esperança de termos Guilherme de Oliveira Martins como Presidente da República, mas também, como o Senhor Embaixador que tão bem analisa a sua personalidade, perdi o meu Presidente.
Cordiais cumprimentos,
Maria Eduarda Boal

Majo disse...

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~ Lamento ser repetitiva,
mas, mais uma vez, concordo inteiramente com a sua opinião.
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Anónimo disse...

A FCG sempre foi sábia na escolha dos seus dirigentes.
Qualquer um dos antigos presidentes (Azeredo Perdigão, Ferrer Correia, Sá Machado, Rui Vilar), quer o actual (Artur Santos Silva), quer o próximo ( António Guterres) teriam sido ou podem vir a ser bons PRs.

Anónimo disse...

Guilherme d'Oliveira Martins será um excelente Administrador da Fundação Gulbenkian.

JPGarcia

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
Guilherme de Oliveira Martins fica bem "arrumadinho" na Gulbenkian do que habitar o Palácio de Belém... Oliveira Martins é um “barra” a narrar factos da história de Poretugal.
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Talvez e desta vez Marcelo Rebelo de Sousa obtenha a sua primeira vitória, na arena política, sem mergulhar no rio Tejo.
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O Marcelo do blá,blá deve subir, pelo pé, a rampa do que vai dar ao palácio e lembrar,os velhos tempos de quando ali ía,certamente, mais o papá Baltazar, visitar o presidente Américo Tomaz.
..
Em Portugal as pretensões dos falhados na política tarde ou cedo são concretizadas!
.
Porém o Marcelo falhou a vocação e teria dado um bom vendedor de qualquer mercadoria, do que vender paleio político.
Saudações de Banguecoque

Reaça disse...

Quando oiço o nome da Fundação, lembro-me da pouca vergonha dos vistos dourados dos chineses a troco da casa com piscina.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...