domingo, outubro 11, 2015

O quadro

Um dia dos anos 80, uma amigo nosso, homem muito generoso, dando-se conta de que lhe havíamos gabado, por mais de uma vez, um belo óleo de Costa Pinheiro que tinha na sua sala, surpreendeu-nos, num jantar, com a oferta do quadro. Não aceitámos. A oferta era totalmente genuína, não tinha outra intenção que não fosse agradar-nos, mas o quadro era bastante valioso e sentir-nos-íamos mal em aceitar aquela que nos parecia ser uma gentileza excessiva.

A vida daquele nosso amigo deu muitas voltas, algumas menos felizes. Morreu há uns anos, para grande saudade das pessoas que dele gostavam. 

Às vezes nos temos perguntado por onde andará aquele belo quadro. Por mera curiosidade. 

Não sei se o atual proprietário, seja ele quem for, neste dia em que foi anunciada a desaparição do pintor António Costa Pinheiro, terá um pensamento para aquele nosso desaparecido amigo.

3 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Francisco
Vale a pena ver a exposição de Costa Pineiro que está na S. Roque na Rua de S. Bento. Fui há uma semana e gostei muito!

ignatz disse...

coincidências. tenho aqui um óleo do pinheiro que me deram, se calhar era esse que o sr. embaixador não aceitou.

Anónimo disse...

Não faltarei. Essa galeria tem um gosto especial. Esteve lá uma maravilhosa homenagem a José Escada.
Em Lisboa, pode também ver-se, com calma, os azulejos de Costa Pinheiro na estação da Alameda.
E já que falo de metropolitano, exposição permanente pelas belas decorações da grande maioria das suas estações, quem nunca viu, não perca os quarenta e tal bonecos do nosso cartoonista António, na estação do Aeroporto, uma delícia (há quem tire fotos junto a alguns dos personagens, há quem vá mexer nas paredes porque julga serem autocolantes, quando é pedra).
Costa Pinheiro, nos museus, inclusive o da Gulbenkian, há muito pouco, não sei porquê, embora ele vivesse na Alemanha durante muitos anos. Foi um grande pintor, mas, sobretudo, era uma pessoa que apetecia sempre rever e, claro, a simplicidade em pessoa, como todos os grandes.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...