quinta-feira, outubro 22, 2015

"Jornalismo" à portuguesa

Ontem, num órgão de informação de grande divulgação, o seu editor escreveu isto:

"Carlos César foi à SIC dizer que Costa só mostrará o acordo com o PCP e o Bloco – se é que há ou haverá acordo – depois de indigitado pelo Presidente. Mas será que julga que somos todos palhaços? Será que o PS ainda não chegou ao poder e já capitulou à forma opaca, mentirosa e autoritária de fazer política que caracterizou o estalinismo? Quer carta-branca e mãos livres para fazer o que entender? Então ao menos corte o cabelo à moda de Kim Jong-un, pois seria mais coerente."

Não será possível dizer que se discorda das propostas e atitudes socialistas sem usar este tipo rasteiro de linguagem? Será este tipo de discurso compatível com uma pessoa que se designa a si próprio como jornalista?

9 comentários:

Anónimo disse...

Se é este tipo de coisas que o choca, o melhor, mesmo, é entregar já o cartão de esquerdista. Se há coisa que marca a esquerda é o estilo caceteiro da linguagem. Ou já se esqueceu de como os comunas chamam fachos a todos os que discordam deles?

Joaquim de Freitas disse...



Uma monstruosa aberração faz crer aos homens que a linguagem nasceu para facilitar as suas relações mútuas. Mas existem indivíduos que preferem ladrar, na impossibilidade de morder.



António Pedro Pereira disse...

Caro Senhor Embaixador:
Para quem viveu o PREC de 1975 como nós, sabe que o ambiente de irracionalidade, ataques soezes, intolerância que vivemos hoje é muito semelhante ao daqueles tempos.
Lembra-se de um «jornalista» chamado Nuno Rocha, director de um pasquim muito querido à Direita naqueles tempos de brasa, mas que não passava de um comissário político destacado para fazer política através do jornalismo, ter noticiado, com pormenores, o que disse este e o que disse aquele, uma reunião do Conselho da Revolução que não se realizou, foi adiada à última hora?
É assim que alguns comissários políticos travestidos de jornalistas actuam.
.

Francisco Seixas da Costa disse...

Eu referia-me a ditos jornalistas, Catinga

Anónimo disse...

Sim. E podemos pensar na "suavidade" de um Daniel de Oliveira ou de uma Clara Ferreira Alves nas suas participações televisivas, por exemplo. Ambos, jornalistas, e de esquerda. E, calculo que quem escreve no "Avante", também terá a sua carteirinha de jornalista, não? :)

Quanto ao que Manuel Silva escreveu: o Nuno Rocha não era um dos dois defensores oficiosos dos interesses indonésios durante a ocupação de Timor? Se a memória não me está a pregar partidas, isso é muito pior do que qualquer invenção relativa a reuniões do CR.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Estes jornalistas que usam este tipo de linguagem rasteira e grosseira não são os piores. À primeira palavra deixam cair a sua máscara de jornalista e evidencia qual o seu posicionamento político e qual o seu propósito. Piores são aqueles, como José Gomes Ferreira, sempre de pantufas de "mestre" em economia, têm uma agenda partidária. Ontem na senda da dramatização e do apelo aos mercados que a direita começa a ensaiar, com a perspectiva de um governo à esquerda, dizia o inefável JGF que os investidores com quem já tinha falado, e que se preparavam para investir (!), lhe disseram que já não iam investir face a essa perspectiva. Rídiculo.

Esta direita, não sejamos ingénuos, é mesmo radical e, se perder o poder, vai usar todos os meios para destabilizar e virar o país de avesso.

Majo disse...

~~~
Apesar das aspas, o título não deixa de ser hiperbólico...

~ ~ Reflexo de um cosmopolitismo à portuguesa :))
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

ARPires disse...

Catinga, pior ainda é quando chamam fascistas a colegas de partido só porque a determinado momento das suas vidas mudaram de opinião num determinado assunto.
Isso sim choca-me e muito.
Também o uso de linguagem para o insulto, exactamente a mesma que criticam quando é usada contra os nossos.
Isto acontece com jornalistas e jornaleiros, também com políticos e pulhíticos.
Estou de acordo com alguém que aqui falou do radicalismo do verão quente de 75 e de facto parece ter razão.

diogo disse...


se fôr numa coluna de opinião não me choca nada . Como notícia , o cidadão falou mais alto que o jornalista , e até foi simpático . Há quem pense muito pior da situação em causa

Falemos então da velhice, através de Philippe Noiret

"Il me semble qu'ils fabriquent des escaliers plus durs qu'autrefois. Les marches sont plus hautes, il y en a davantage. En tou...