quarta-feira, outubro 14, 2015

O olhar do mundo

Ontem, tive um almoço a convite de um grupo de embaixadores estrangeiros, aos quais interessava conhecer a minha opinião sobre a situação portuguesa.

Pude constatar algumas dúvidas sobre estas "unchartered waters" (Camões diria, "por águas nunca antes navegadas") em que a política portuguesa entrou. 

Houve uma coisa em que fui muito claro e assertivo: não tenho a mais leve dúvida de que o sentido de Estado e de responsabilidade de António Costa o não levará nunca a tomar atitudes, no campo de una eventual governação por si titulada, que ponham em causa, ainda que minimamente, os compromissos europeus ou internacionais de Portugal, nomeadamente os que decorrem do Tratado Orçamental.

Para mim, o principal elemento de risco deste possível modelo de apoio da "esquerda da esquerda" a um governo PS prende-se com as garantias a obter desses aliados ao longo de todo o tempo da legislatura, em especial se vierem a surgir, no plano europeu, circunstâncias novas, em termos da governança do euro, que exijam novos passos institucionais. Não duvido que António Costa esteja a tentar compromissos à luz das circunstâncias do presente. Mas estas valem o que valem, porque importa recordar o que Harold McMillan dizia, sobre o que mais temia em política: "events, dear boy, events". E, num tempo em que apenas os erros dependem de nós, o mercado de futuros é cada vez mais arriscado.

14 comentários:

josé ricardo disse...

Tudo bem, sr embaixador, mas esse estado de instabilidade eventual poderá decorrer com um acordo com a coligação. Por imperativos externos ou internos, a possibilidade de rutura estará sempre presente. Pela minha parte, não tenho dúvidas que a mudança de paradigma afigura-se fundamental. Não só para nós como também para a Europa. E esta alteração é um pequeno grande passo para a "reconstrução" europeia.

Um abraço,
José Ricardo

Francisco Tavares disse...

Concordo consigo quanto ao sentido de Estado e de responsabilidade de António Costa. Mas riscos, e sem os querer menorizar, existirão sempre. Tudo depende do que o PS fará para os minimizar. E é claro que existirão também os riscos se o PS aceitar a posse de um governo Passos-Portas. Isto (a vida política portuguesa) parece que já não é o que era...

Francisco Guerra Tavares

septuagenário disse...

A atitude de António Costa, não é uma atitude tipicamente de um português «rectangular».
Isto é de um velho-do-restelo daqueles que há entre o Minho e o Algarve.

Só um ilheu, que quer ser tradicionalmente presidente da Assembleia da República, e um português de origem asiática que não quer perder uma oportunidade de ser 1º Ministro, é que conseguiam inverter coisas impossíveis em possibilidades.

Majo disse...

~~~
~ Há uma coisa que não podemos duvidar: da coragem de AC.

Deu resposta ao descontentamento que grassava no seio dos simpatizantes do PS, perante a apatia de AJS, assumindo-se
como líder numa conjuntura muito complicada...

~ Agora tenta implementar o programa que idealizou como o
melhor para Portugal, programa esse que a direita está a
adotar, depois de ter criticado e afirmado impraticável...

~ Tem defeitos? Pois tem, mas que os cobardes não chamem
à coragem, sede de poder. Não lhe faltariam ocasiões mais
favoráveis.
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Alcipe disse...

Senhor septuagenário o racismo em Portugal ainda não está na moda. Felizmente.

MANOJAS disse...

O que está a insinuar o senhor septuagenário quando afirma que António Costa é um português de origem asiática e que a sua atitude não é a de um português "rectangular"? Está a ser racista ou apenas leviano?

Gonçalo Pereira disse...

Finíssima a referência a "português de origem asiática". Finíssima.

septuagenário disse...

Racista?

Sou do tempo em que Portugal era do Minho a Timor e sempre acreditei no tal país pluriracial.

Portugal foi pioneiro na Europa em que uma equipa laurentina disputou em Hoquei uma competição europeia em Berna e que uma equipa do Lubango disputou a taça da Europa de basquete feminino com uma equipa Checa, e que essa mesma equipa recebeu e deslocou-se a Sá da Bandeira.

Somos diferentes sim mas pela positiva, só quem tem complexos é que se inibe de analisar o que vê.

Os primeiros dois presidentes da República eram açoreanos, os transmontanos e os algarvios e rebatejanos eram uns velhos do restelo, ninguem tinha coragem de substituir o rei.

Alem mar não se criam velhos do restelo.

Expliquei? ou querem com mais molho?

Assº Retornado

António Azevedo disse...

Chegaram à fase da "peixeirada": Começaram a ver quem berra mais alto!
E nós à conclusão de que estávamos certos: Como é nas situações graves que se veem os homens, logo é urgente mudar de protagonistas!

António PA

AV disse...

António Costa parece-me estar a pensar fora da caixa, fora do quadrado. Não sei como este rumo pouco convencional vai acabar. Mas tem mexido com o status quo e deixado a coligação à banda.
Penso que compreendi o que o septuagenário disse. Não me parece que o intuito fosse racista.

Ana Vasconcelos

Unknown disse...

Compreendo as suas precauções e as suas dúvidas meu caro embaixador que são muito razoáveis , mas tenho cá para mim que se o PS for " muleta" embora crítica e pressionante deste governo PAF durante 4 anos , que tenho quase a certeza não durará tanto , pois novas medidas de austeridade se avizinham ( relatório do FMI ) será muito nocivo para o Partido ! Para além de Antonio Costa ter de se afirmar , consolidar a sua autoridade dentro do Partido e uní-lo , assim como internacionalmente ! Ficamos num impasse que conduzirá fatalmente a novas eleições em menos de 2 anos onde a Coligação PAF poderá ter a maioria ! Cumprimentos

António Pedro Pereira disse...

Para o septuagenário, obtuso, racista e bronco:
Por defender cegamente Portugal do Minho a Timor, contra tudo e contra todos, contra a corrente do bom senso e contra a corrente da evolução internacional é que o senhor se tornou retornado.
Não foi por causa dos militares do MFA, do 25 de Abril, de Mário Soares, etc.
Esses foram a parteira de um parto retardado pela parturiente, que depois tiveram de socorrer in extremis dentro da ambulância numa estrada cheia de buracos.
Enquanto não perceber e quiser aceitar isso viverá o resto dos seus dias ressabiado.
O seu comentário, com uma referência claramente racista a António Costa, é a prova desse ressabiamento.
Afinal, o progenitor de António Costa nasceu em Moçambique e tem origem na Goa Portuguesa.
Eram ambos territórios e gentes portugueses no seu Portugal do Minho a Timor ou não?
Decida-se, homem.
E se fossem estrangeiros desde quando é que a cor da pele determina a bondade ou maldade das pessoas?

septuagenário disse...

Ó Manuel Silva, Quem lhe disse que o Portugal do Minho a Timor já não existe mais? Tanto para minhotos como para timorenses e outros?

Ó Manuel Silva, eu que tive o previlégio de ter sido um Retornado, também tive a oportunidade de compreender e de não ter criado complexos depois de ter lidado com gente de todas as latitudes.

Ó Manuel Silva, sou Retornado, mas também sou português, como tal, sei que o seu "25 de Abril" que trouxe para aqui, a despropósito, foi o possível, e o que estava ao nosso alcance.

Manuel, se continuar com complexos para ouvir as coisas da vida de um Retornado, ainda terá que ouvir mais umas tantas, ainda está muita gente viva, e de todas as cores.

assº Retornado



aamgvieira disse...

"The Sting"

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...